Parentes de reféns de Gaza invadem reunião do Parlamento israelense

Manifestantes, em Tel Aviv, seguram cartazes exigindo a libertação de reféns detidos na Faixa de Gaza depois de terem sido capturados por homens armados do Hamas em 7 de outubro
21/11/2023
REUTERS/Amir Cohen
© AMIR COHEN

Por Agência Brasil — Um grupo de parentes de israelenses mantidos como reféns por militantes do Hamas invadiu uma sessão de comitê parlamentar em Jerusalém nesta segunda-feira (22), exigindo que os parlamentares façam mais para libertar seus entes queridos.

A ação, de cerca de 20 pessoas, mostrou a crescente dissidência interna no quarto mês da guerra de Gaza.

Uma mulher segurava fotos de três membros da família que estão entre as 253 pessoas apreendidas no ataque do Hamas em 7 de outubro, que desencadeou os piores combates em décadas.

Cerca de 130 continuam detidas em Gaza, depois que outras foram levadas para casa em uma trégua em novembro.

“Pelo menos um eu gostaria de trazer de volta vivo, um de três!”, gritou a manifestante depois de entrar na discussão do Comitê de Finanças do Knesset.

Outros manifestantes, vestidos com camisetas pretas, seguravam cartazes com os dizeres: “Vocês não ficarão sentados aqui enquanto eles morrem lá. Libertem-nos agora, agora, agora!”, gritavam.

Os esforços dos Estados Unidos, do Catar e Egito para mediar outra libertação parecem estar longe de conciliar a busca de Israel para destruir o Hamas e a exigência do Hamas de que Israel se retire e liberte todos os milhares de palestinos – inclusive militantes de alto escalão – de suas prisões.

O destino dos reféns – 27 dos quais, segundo Israel, morreram em cativeiro – tem sido motivo de preocupação para o país. Mas os parentes temem que o cansaço da guerra possa diminuir esse foco. As manifestações, que inicialmente promoviam a unidade nacional, têm se tornado mais agressivas.

Manifestantes também estão acampados do lado de fora da casa costeira do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, bem como do prédio do Knesset, alguns exigindo o fim unilateral da guerra ou uma eleição que possa derrubar o governo de extrema-direita.

Os agentes do Parlamento, geralmente rápidos em expulsar os manifestantes, ficaram parados durante o tumulto no Comitê de Finanças do Knesset. Uma parlamentar cobriu o rosto com as mãos.

O presidente do painel, Moshe Gafni, chefe de um partido judeu ultra-ortodoxo da coalizão de Netanyahu, levantou-se, interrompeu a reunião econômica e procurou acalmar a manifestante.

“Resgatar os reféns é o preceito mais importante do judaísmo, especialmente nesse caso em que há urgência de preservar a vida”, disse ele, mas acrescentou: “Sair da coalizão não traria nenhum resultado”.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou, após especulações de que uma nova libertação de reféns de Gaza estava em andamento, que Israel está tomando uma iniciativa na ausência de uma oferta do grupo militante palestino Hamas.

“Não há nenhuma proposta real do Hamas. Isso não é verdade”, disse Netanyahu em comunicado de seu gabinete aos representantes das famílias dos reféns, depois que elas invadiram a sessão de comitê no Parlamento, exigindo um acordo de libertação.

“Estou dizendo isso da forma mais clara possível porque há muitas declarações incorretas que certamente são angustiantes para vocês”, acrescentou Netanyahu. “Por outro lado, há uma iniciativa de nossa parte, sobre a qual não entrarei em detalhes.”

O governo de Netanyahu argumenta que uma ofensiva israelense, lançada em retaliação à onda de assassinatos e sequestros do Hamas na fronteira em 7 de outubro, é necessária para pressionar os palestinos a libertarem os reféns em termos aceitáveis.

Muitos parentes temem que os reféns sejam mortos.

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