FHC diz que pronunciamento de Bolsonaro “passou dos limites”: “Se não calar estará preparando o fim”

Ex-presidente afirmou que mensagem transmitida na TV e no rádio se opõe ao que dizem infectologistas — Foto: Alex Silva/Estadão

Por O Globo — O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou na noite desta terça-feira, em sua conta no Twitter, que o presidente Jair Bolsonaro “repetiu opiniões desastradas sobre a pandemia” do novo coronavírus durante pronunciamento transmitido em cadeia nacional de rádio e TV. FH disse ainda que Bolsonaro “passou dos limites” ao discursar em oposição às recomendações de médicos infectologistas. Para o tucano, se o presidente “não calar” estará “preparando o fim”.

“Eu não ia voltar ao tema, mas o Pr repetiu opiniões desastradas sobre a pandemia. O momento é grave, não cabe politizar, mas opor-se aos infectologistas passa dos limites. Se não calar estará preparando o fim. E é melhor o dele que de todo o povo. Melhor é que se emende e cale”, escreveu FH.

No pronunciamento criticado por FH, Bolsonaro defendeu o fim das medidas de isolamento social tomadas por prefeitos e governadores para conter o avaço do novo coronavírus, que já deixou 46 mortos no país. Em seu terceiro discurso em menos de 20 dias para tratar da pandemia, o presidente pediu a reabertura do comércio e das escolas e o fim do “confinamento em massa”.

Além do antecessor tucano de Bolsonaro, também o criticaram os presidentes da Câmara e do Senado, bem como líderes partidários e parlamentares das duas casas.

O deputado Rodrigo Maia, também utilizando o Twitter, afirmou que pede sensatez desde o início do crime e que “o pronunciamento do presidente foi equivocado ao atacar a imprensa, os governadores e especialistas em saúde pública”.

O senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) emitiu uma nota na qual classificou como “grave” a fala presidencial e disse que o Brasil precisa de uma liderança “séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da população”.

Também houve críticas de governadores — como Wilson Witzel (PSC-RJ), Renato Casagrande (PSB-ES) e Flávio Dino (PCdoB) — e até do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. O magistrado disse que “as agruras da crise, por mais árduas que sejam, não sustentam o luxo da insensatez”.

Os filhos de Bolsonaro e seus aliados políticos saíram em defesa dele. Também por meio do Twitter, o senador Flávio Bolsonaro (Sem partido-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) fizeram coro ao pai pedindo a retomada da rotina dos brasileiros.