Historiadores destacam méritos da Confederação do Equador

Mesa: 
historiador e presidente do Instituto do Ceará - Histórico, Geográfico e Antropológico na gestão 2021-2025, Júlio Lima Verde Campos de Oliveira; 
diplomata, historiador, representante do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e do Instituto Histórico Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP), André Heráclio do Rêgo, em pronunciamento; 
presidente da CTI200CONFEQ, senadora Teresa Leitão (PT-PE), conduz audiência; 
historiador e professor do Departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Marcus Joaquim Maciel de Carvalho;
historiador e professor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), George Felix Cabral de Souza; 
historiador e professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Josemir Camilo de Melo.
Debatedores durante audiência promovida pela comissão criada para comemorar os 200 anos do movimento revolucionário republicano que aconteceu no Nordeste Jefferson Rudy/Agência Senado

Por Agência Senado — Historiadores apontaram o movimento da Confederação do Equador como um destacado marco para a consciência republicana do país e para o reconhecimento da importância de uma constituição federal. Essas declarações foram feitas nesta terça-feira (1º) durante a audiência pública no Senado.

A audiência foi promovida pela comissão temporária criada para comemorar o aniversário de 200 anos do movimento revolucionário republicano nordestino, que desafiou a monarquia de Dom Pedro I e defendia a implantação de um regime republicano e federalista. A Confederação do Equador eclodiu em 2 de julho de 1824, em Pernambuco, e se espalhou para as províncias vizinhas, como Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

A presidente da comissão, senadora Teresa Leitão (PT-PE), foi quem conduziu a audiência. Ela afirmou que o movimento nordestino se destacou pela diversidade e que, ainda hoje, indica a importância da busca incessante pela democracia. Segundo a senadora, o trabalho da comissão e de apoiadores ajudou a coletar e organizar um material que estará à disposição de estudantes, historiadores e pesquisadores.

— Com o trabalho da comissão, descobrimos coisas que ficarão gravadas na história — declarou Teresa.

Constitucionalismo

O diplomata e historiador André Heráclio do Rêgo, organizador do livro A primeira revolução constitucionalista brasileira: a Confederação do Equador no seu bicentenário, afirmou que a ideia dessa obra é resgatar a ideia constitucionalista, como uma reação ao golpe de Estado que ocorreu quando o imperador dissolveu o Legislativo, em 1823.

Segundo André do Rêgo, a Confederação do Equador, como revolução constitucionalista, foi mais significativa e teve efeitos mais duradouros que outras revoluções históricas no país.

— Naquele tempo já se tratava de temas atuais, como o equilíbrio federativo e o controle constitucional — afirmou o diplomata.

República

De acordo com André do Rêgo, a Confederação do Equador foi um movimento essencial para a independência do Brasil, pois não era apenas contrário à dissolução do Legislativo, mas também defendia o país como uma república — o que só viria ocorrer quase 70 anos depois.

O historiador George Felix Cabral de Souza, que foi um dos organizadores do livro Confederação do Equador: a luta pela cidadania na construção do Brasil, se disse orgulhoso de ter participado da produção de um livro sobre o assunto. Ele destacou que essa obra, uma produção do Senado, é um “legado” para as próximas gerações.

Para George de Souza, é importante estudar a Confederação do Equador pelo fato de o movimento apontar para um momento em que o país começa a pensar em república. Ele também destacou como mérito do movimento o fato de refletir sobre temas como educação pública e justiça tributária.

— É importante também honrar a memória daqueles que lutaram. Acho que nenhum outro movimento sofreu uma repressão tão intensa. Muitos tiveram que amargar o exílio. Foram 30 condenados à morte — registrou.

O professor Marcus Joaquim Maciel de Carvalho, do Departamento de História da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que também foi organizador da obra Confederação do Equador: a luta pela cidadania na construção do Brasil, destacou a parceria do Senado com outras instituições no trabalho de pesquisa sobre o movimento. Em tom de brincadeira, ele disse que, para um historiador, “o passado também é imprevisível”.

O professor Josemir Camilo de Melo, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), organizador do livro A Paraíba na Confederação do Equador, e o historiador e general Júlio Lima Verde Campos de Oliveira, organizador da obra Os Mártires da Confederação do Equador no Ceará, também participaram da audiência.

Exposição

Mais cedo, a senadora Teresa Leitão participou do lançamento de publicações e da abertura da exposição Confederação do Equador: Uma história de luta pela cidadania. Durante essa cerimônia, ela agradeceu o apoio de servidores, de colegas senadores e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, na viabilização da mostra.

— É com a sensação do dever cumprido que hoje nos reunimos para a publicação de livros e para a abertura da exposição — afirmou ela.

Documentos, gravuras e registros do movimento ficarão expostos no Salão Negro até o dia 7 de julho. Os senadores Fernando Dueire (MDB-PE) e Humberto Costa (PT-PE), além de historiadores e representantes diplomáticos, participaram da abertura da exposição. A diretora-geral do Senado, Ilana Trombka, também esteve presente.

Documentário

Logo depois da audiência, foi lançado o vídeo Outras Terras, Outras Gentes, segunda parte do documentário Uma outra independência, produzido pela TV Senado para a comissão temporária. A estreia desse vídeo na programação da TV Senado ocorrerá no dia 5 de julho, às 21h. A primeira parte do documentário, intitulada Um herói sem rosto, foi lançada no final do ano passado.

— É importante revisitarmos a história, agora com um outro olhar — destacou o diretor do documentário, Jimi Figueiredo.

A comissão

A comissão temporária, composta por cinco senadores titulares e mesmo número de suplentes, foi instalada no final de 2023, com o objetivo de planejar e coordenar as atividades de comemoração dos 200 anos da Confederação do Equador. Na próxima segunda-feira (7), para marcar o encerramento dos trabalhos da comissão, haverá uma sessão solene no Plenário para celebrar o movimento revolucionário.