Cartão-postal de João Pessoa, Hotel Tambaú segue fechado e vive briga judicial

Vista aérea do Hotel Tambaú em 2025 — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução
Vista aérea do Hotel Tambaú em 2025 — Foto: TV Cabo Branco/ReproduçãoHotel Tambaú foi construído na década de 70, nas areias da praia de Tambaú — Foto: Acervo Arion FariasHotel Tambaú, em João Pessoa — Foto: Felipe Gesteira/Secom-JP/ArquivoPiscinas do Hotel Tambaú eram cercadas pelos apartamentos — Foto: Kleide Teixeira/Jornal da Paraíba/ArquivoPiscinas do Hotel Tambaú em 2025 — Foto: TV Cabo Branco/ReproduçãoImagem aérea do Hotel Tambaú em janeiro de 2025 — Foto: TV Cabo Branco/ReproduçãoFachada do Hotel Tambaú, em João Pessoa, quando ainda estava em funcionamento; Rede Tropical de Hoteís fazia parte da Varig, que foi à falência — Foto: Rizemberg Felipe / Jornal da Paraíba /ArquivoImagem aérea do Hotel Tambaú em janeiro de 2025 — Foto: TV Cabo Branco/ReproduçãoImagem interna do Hotel Tambaú em 2025 — Foto: TV Cabo Branco/ReproduçãoMinistro do turismo Celso Sabino visitou o Hotel Tambaú ao lado do senador Efraim Filho e dos sócios da Ampar — Foto: TV Cabo Branco/Reprodução

Por g1 PB — O Hotel Tambaú, um dos principais cartões-postais da orla de João Pessoa, foi inaugurado no início da década de 1970 e foi um marco arquitetônico e turístico da cidade. Mas o hotel teve que ser leiloado para pagamento de dívidas da Rede Tropical de Hotéis, que pertencia à antiga Varig. Após ser arrematado duas vezes, ele está fechado por causa de uma briga judicial que se prolonga desde 2021.

O hotel foi construído nas areias da praia de Tambaú na década de 1970. Até então, a área era bem diferente. A historiadora Maiara Belo explica que até antes da década de 50, a área era majoritariamente ocupada por pescadores. Com a construção da Avenida Epitácio Pessoa, que liga o Centro à praia, houve uma reforma urbana, em que a elite que vivia na região central – onde a cidade nasceu – começou a migrar para a orla.

“Ele [o Hotel Tambaú] é pertencente a uma escola arquitetônica chamada modernista, que ela tem esse viés de mostrar esse processo de urbanização que o país inteiro passava. Então as características da forma desse hotel, traz exatamente essa referência. É aquele lugar de soberania, prosperidade, de austeridade, aquele lugar de confiança. Então mostra que o país, que a região, ela tá em auge, em pleno desenvolvimento”.

São ao todo 173 apartamentos, quase todos com vista para o mar ou para os jardins internos. Seu projeto arquitetônico é assinado por Sérgio Bernardes.

O hotel fazia parte da Rede Tropical de Hotéis, que pertencia à antiga Varig. A partir de 2006, passou por diversas dificuldades, até fechar as portas em 2020. Em 2020 e 2021, houve leilões para pagamento de dívidas da rede e o local chegou a ser arrematado duas vezes, mas houve questionamentos na justiça.

Mesmo com toda essa briga judicial, o advogado da Ampar, Valberto Azevedo, defende que o desfecho será favorável à Ampar porque, como todos os custos da arrematação já foram pagos e os documentos do hotel já estão no nome da empresa, perde-se o objeto da discussão. “Consumada a alienação, extinguem-se as ações”, argumentou.

O jurídico da construtora A. Gaspar informou que não vai comentar processos em andamento.

Em dezembro de 2021, em meio a denúncias de abandono do equipamento, a prefeitura de João Pessoa declarou o Hotel Tambaú como sendo de utilidade pública, para fins de desapropriação. Esse fato, inclusive, foi usado por Rui Galdino no início para justificar o não pagamento das parcelas do arremate do hotel.

A partir do decreto, o poder público ficou autorizado a adotar as providências necessárias ao processo indenizatório do hotel. Porém, até a publicação desta reportagem, nenhum ato de desapropriação foi feito.

O advogado da Ampar, no entanto, opina que o poder público não tem expertise em atividade hoteleira e tem outras prioridades no momento.

“Além disso, se houver desapropriação, tinha que ser pelo preço real do prédio. A avaliação dele hoje é inestimável, mas seria algo em torno de R$ 300 milhões e tem que pagar à vista. Então a retomada do Hotel Tambaú deve ser levada adiante pela iniciativa privada com apoio do poder público”, avaliou Valberto Azevedo.

Enquanto a decisão não sai, a empresa mantém suspenso o trabalho de levantamento que vai embasar um futuro projeto de reforma. O Ministério Público recebeu denúncias de abandono e solicitou que órgãos ambientais verificassem o local para saber se há riscos para o meio ambiente ou para a saúde pública. O Centro de Zoonoses mandou equipes ao hotel.

“Além da inspeção, a gente faz também a parte da visita técnica. Então ela é bem mais vasta, ela abrange todos os tipos de pragas urbanas. Então nós levamos os lavicidas, as bombas costais, fizemos esse amparato de reconhecimento de toda a área e também o trabalho preventivo com relação tanto aos entulhos, aos móveis que ainda havia. É importante dar ênfase que com relação a focos de Aedes, não foram localizados. Então a gente fez um trabalho preventivo”, detalha Polyana Dantes, diretora do Centro de Zoonoses.

A Secretaria de Meio Ambiente de João Pessoa informou que fiscalizou a estrutura e que o relatório técnico está sendo elaborado. A Sudema informou que a última licença de operação para o local, foi emitida em 2010 e não está mais vigente.

Gustavo Amaral, um dos sócios da Ampar, explica que, atualmente, mantém no espaço uma equipe de 11 pessoas para fazer a vigilância. “Fazemos também a limpeza, aqui a gente tem um problema com o crescimento de matos, a gente não pode deixar a água parada, tem muitos lugares aqui, calhas, piscina, muitos lugares que podem poçar água. Então, continuamente, a gente fica mantendo a limpeza do equipamento”, completa.

O ministro do Turismo, Celso Sabino, fez uma visita ao Hotel Tambaú nesta terça-feira (25). Na avaliação do ministro, o equipamento está com a estrutura preservada e pronto para ser adaptado para que volte à ficar à disposição dos turistas da Paraíba.

Ele ainda afirmou que o hotel atende às características para ser contemplado com recursos do Fundo Geral do Turismo (Fungetur), porém o imbróglio judicial precisa ser encerrado.