Nova remessa de doações do Senado chega ao Rio Grande do Sul

Grupo descarrega as doações arrecadadas pela Liga do Bem Paulo Baraúna/Voluntariado

Por Agência Senado — A terceira remessa de doações arrecadadas pela Liga do Bem, grupo de voluntários do Senado, chegou a Santa Maria (RS) na sexta-feira (17). Itens como mantimentos, colchões, água, kits de higiene, cobertores e remédios, totalizando 54 toneladas, foram entregues a um centro de economia solidária da cidade.

Os veículos que levaram a carga foram disponibilizados por uma empresa de transporte, que arcou com os custos do abastecimento.

Com 22 anos de estrada, Arlindo Rodrigues conduziu uma das duas carretas de donativos para os gaúchos. Emocionado, ele falou da experiência adquirida com o que chamou de “algo completamente diferente de tudo o que viveu até aqui”.

— Sempre busquei o valor humano em todas as ações e sempre achei muito interessante ajudar pessoas, mas não tinha encontrado isso antes. Uma oportunidade como esta, dada pelo Senado, pela Liga do Bem, é preciosa. E sei que ainda é pouco. Eu voltaria quantas vezes fossem necessárias porque sei que dá sempre para fazer mais.

O motorista da segunda carreta, Henrique Lopes, disse que, mesmo acostumado a percorrer as estradas do Brasil, transportar donativos para o Rio Grande do Sul foi uma atribuição especial.

— Transportamos uma carga de esperança para esse povo, o que nos deixou muito felizes. Tudo foi marcante, desde a partida em Brasília até a chegada em Santa Maria e a entrega. Temos certeza de que em breve veremos o estado se erguer novamente.

Descarregamento

Os donativos foram descarregados no Feirão Colonial, um centro de economia solidária de Santa Maria. Entre os beneficiados estão Tamires Silva e Terezinha do Rosário, moradoras da Rua Paulo Régis, que perderam quase tudo por conta da inundação.

— A gente só conseguiu erguer um cobertor, alguns documentos, mas o resto, tudo se foi — disse Tamires.

Morador de Uruguaiana (RS), Jefferson Lopes trabalhava com laticínios e perdeu tudo na tragédia. Ele seguiu a estrada a pé em busca de apoio para reestruturar a vida.

— Peguei enchente, perdi totalmente tudo. O que sobrou está comigo dentro de uma bolsa. Estou indo para Fraiburgo [SC] tentar refazer a minha vida — afirmou.

Solidariedade

O grupo de voluntários do Senado encontrou ainda outras pessoas que têm atuado para diminuir o sofrimento dos gaúchos. Cidadãos que, mesmo não tendo sido diretamente afetados pelas enchentes, mostraram-se tocados pelo que aconteceu com aqueles que foram atingidos pelo desastre climático. O empresário Ivanor Monteiro, dono de um restaurante em Barracão (RS), cidade na divisa com Santa Catarina poupada do desastre, ofereceu assistência a desabrigados.

— A população está perdida, foram-se muitas casas, imóveis, criações de gado, chiqueirão, ovelhas; muito difícil a situação. Mas graças a Deus, o povo se uniu, vocês do Senado, Defesa Civil, Polícia Federal, todo mundo ajudando — ressaltou.

O coordenador do projeto Esperança/Cooesperança, Rogério Rosado, que recebeu a carga vinda do Senado, destacou o compromisso da Liga do Bem desde o início das enchentes, nos primeiros dias de maio.

— Por meio dessa importante parceria com a Liga do Bem do Senado Federal, tem sido possível distribuir uma grande quantidade de donativos para toda a região ao redor de Santa Maria, prefeituras de cidades do interior e instituições cadastradas. A gente agradece ao Senado por ceder todos esses mantimentos, tão importantes para aqueles que mais precisam.

Missão

Os dois caminhões com a remessa de doações saíram de Brasília em 13 de maio. A missão foi acompanhada pelo colaborador do Senado William Marques e pela repórter Aline Guedes, da Agência Senado, responsável por registrar a jornada. A iniciativa partiu da diretora-geral do Senado, Ilana Trombka.

Para Aline, que teve um pequeno acidente e torceu o pé na viagem, a missão foi “honrosa e cheia de desafios”.

— Nós viajamos com espírito pronto para tudo. Passamos por pontes estreitas nas quais era até duvidoso se conseguiríamos atravessar devido ao tamanho das carretas; enfrentamos temperaturas bem baixas, a exemplo dos 7 graus em Vacaria [RS]. Houve ainda o momento em que uma das carretas entrou num espaço muito apertado quando chegamos a Santa Maria para descarregar. Além disso, o fato de eu ter machucado o pé ao descer do caminhão, já no fim da nossa missão, nada nos fez parar. Gravei matéria para a “Voz do Brasil” enquanto o médico engessava meu tornozelo no hospital porque toda a equipe tinha como premissa cumprir do início ao fim a missão dada pelo Senado, por meio da Liga do Bem, independentemente do desafio — relatou Aline.

Para William Marques, o mais marcante no cumprimento da missão foi o aprendizado.

— Eu cresci muito nessa viagem, como profissional e como pessoa. O sentimento de altruísmo que notei em todos, a parceria e a integração entre os membros da equipe desde os primeiros momentos, o encontro com quem perdeu tudo, a solidariedade demonstrada. Tudo me tocou o coração e me deixou com ainda mais vontade de contribuir.

Polícia Legislativa

Além de garantir a chegada da carga em segurança ao Rio Grande do Sul, a Polícia Legislativa esteve o tempo todo atenta ao bem-estar da comitiva do Senado. Rodrigo Caixeta, Carlo Henrique Moraes, Rafael Duclou e o líder do grupo, Antônio Tavares, tinham a mesma perspectiva em relação à viagem: dar sua contribuição da melhor forma a quem mais precisa.

— Encontrei nessa missão uma maneira de confortar nossos irmãos que perderam tudo. Uma pessoa sozinha pode ter sua ação limitada, mas unir-se a outros humanos e instituições como o Senado e a todos os que estão engajados fortalece a corrente de solidariedade — declarou Rodrigo.

Para Carlo Henrique, direcionar a atuação de policiamento que já faz no dia a dia à proteção da carga de donativos foi a chance de demonstrar o sentimento de amor ao próximo, especialmente aos gaúchos, num momento tão delicado.

— Demos o nosso melhor para proporcionar um mínimo conforto. Particularmente, me senti muito, muito tocado quando vi um estado inteiro ser afetado pela cheia das águas e tanta gente perdendo sua vida, sua casa, sua história, então eu vim com essa missão — disse Carlo.

Uma quarta comitiva saiu do Senado na segunda-feira (21), em direção a Porto Alegre (RS).

As enchentes atingiram diretamente mais de 2 milhões de pessoas no Rio Grande do Sul, obrigando mais de 600 mil a abandonarem suas casas. A infraestrutura do estado foi severamente atingida, com destruição de estradas, pontes e alagamento até do aeroporto internacional de Porto Alegre. Dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul apontam que 90% da indústria do estado foi atingida pelas cheias, de proporções inéditas. Ao mesmo tempo, houve perda de grande parte da safra e extensas áreas agricultáveis permanecem alagadas.

A arrecadação de donativos pela Liga do Bem continua. Interessados em ajudar podem depositar qualquer quantidade em dinheiro, via pix, para o seguinte endereço eletrônico: [email protected], que é o email da Associação dos Policiais do Senado.