Médicos operam perna errada de criança de 6 anos: veja o que se sabe

Hospital de Trauma de Campina Grande — Foto: João da Paz/Ascom/Divulgação
Hospital de Trauma de Campina Grande — Foto: João da Paz/Ascom/DivulgaçãoCirurgia foi feita em perna errada de menina em Campina Grande — Foto: Reprodução/TV Cabo BrancoHospital de Emergência e Trauma de Campina Grande — Foto: João da Paz/Ascom Trauma de Campina GrandeBruno Leandro de Sousa, presidente do CRM da Paraíba — Foto: CRM-PB/Divulgação

Por g1 PBUma equipe do Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande operou a perna errada de uma menina de seis anos na noite do dia 25 de abril. A garota foi internada na unidade hospitalar para tratar uma celulite infecciosa e fez a cirurgia para retirar uma bactéria na perna esquerda, mas operaram a perna direita. A vítima procura tratamento para a doença desde fevereiro. O g1 explica o que se sabe sobre o caso até agora.

A mãe percebeu o erro quando a filha retornou do centro cirúrgico para a enfermaria. Ela conta que quando notaram que a perna errada foi operada, a equipe retornou com a criança para o bloco cirúrgico e fizeram a operação na perna correta.

Fernanda de Oliveira disse em entrevista à TV Paraíba que a perna esquerda da criança estava com uma tala e uma janela para o edema, mas mesmo assim a equipe médica operou o membro errado.

O Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande confirmou o afastamento de toda a equipe e determinou a abertura de uma sindicância para apurar o caso.

De acordo com a família, a criança começou a sentir dores nas pernas após cair de bicicleta. A criança apresentava um quadro clínico de celulite infecciosa na perna esquerda e precisava passar por uma cirurgia invasiva para colocar pinos no local.

Inicialmente, a mãe da criança levou a menina para o Hospital da Criança, também em Campina Grande, onde fez exames e foi internada. Em seguida, ela foi transferida para o Hospital de Trauma, onde passou alguns dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A equipe identificou uma bactéria na perna da garota e ela foi transferida novamente para o Hospital Universitário da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

No Hospital Universitário, a menina passou pela primeira cirurgia para retirar a bactéria. Cinco dias após alta médica, a família notou que a perna da menina voltou a inchar e com um quadro de trombose.

A criança retornou para o HU, mas foi levada ao Hospital de Trauma e, após o raio-x, foi internada para passar por uma nova cirurgia porque a bactéria continuava alojada na perna da menina.

De acordo com o boletim de ocorrência registrado pelo pai da criança, Telesmar Silva, a menina entrou em cirurgia por volta das 19 horas desta quinta-feira (26). A mãe da criança, Fernanda de Oliveira, contou à TV Paraíba que a operação demorou cerca de duas horas e, quando a filha retornou para o quarto, foi a primeira a perceber que fizeram a cirurgia na perna errada.

“Eu levei ela ao bloco cirúrgico, foram duas horas ou menos de cirurgia, quando me chamaram. Aí ela disse que a perna dela estava estralando. Achei estranho, quando eu subi o lençol, eu vi que tinha sido operada a perna direita. Aí eu me desesperei, comecei a gritar, chamando: ‘meu deus, o que tinha acontecido?’. Aí veio as enfermeiras, perguntaram o que aconteceu e eu disse ‘vocês não viram? Vocês operaram a perna errada!’. O médico veio e logo em seguida colocaram ela de volta no bloco cirúrgico para operar a outra perna, que no caso estava com problema (sic)”, afirmou Fernanda Oliveira.

Ela conta que quando notaram que a perna errada foi operada, a equipe retornou com a criança para o bloco cirúrgico e fizeram a operação na perna correta.

Fernanda de Oliveira disse em entrevista à TV Paraíba que a perna esquerda da criança estava com uma tala e uma janela para o edema, mas mesmo assim a equipe médica operou o membro errado.

“É nítido, visível, porque ela estava com uma tala aberta com uma janela de acesso para o edema e eu não sei como uma equipe médica não deu conta disso”, afirmou.

O Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande confirmou o afastamento de toda a equipe e determinou a abertura de uma sindicância para apurar o caso.

“Abriram a perna esquerda da minha filha, colocaram um fixador externo, depois retiraram e fizeram a limpeza na outra perna. Ela dormiu a noite toda, acordou hoje cedo sem dor, mas perguntou porque a perna boa dela estava enfaixada. Eu respondi que foi preciso limpar e colocar na outra perna. Ainda vou procurar uma psicóloga para conversar com ela”, informou.

O pai da menina foi até a Central de Flagrantes da Polícia Civil de Campina Grande e registrou um boletim de ocorrência formalizando uma denúncia sobre o caso. Na denúncia, ele diz que “teme que sua filha fique com sequelas, vez que um membro saudável foi cirurgiado de forma errada”.

A delegada de Repressão da Infância e Juventude, Renata Dias, afirmou que vai instaurar procedimento para apurar o que aconteceu. Ela também afirmou que serão ouvidos familiares da vítima, testemunhas e todos os profissionais envolvidos no procedimento cirúrgico.

Pouco depois do erro ser identificado, o Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande emitiu uma nota de esclarecimento confirmando o afastamento de toda a equipe e determinando a abertura de uma sindicância para apurar o caso.

O diretor técnico do hospital, o médico Flávio Daniel, explicou que as investigações serão acompanhadas pelo Núcleo de Segurança do Paciente e pela Comissão de Ética Médica da instituição e que dará a assistência necessária à criança e aos seus familiares até o momento da alta hospitalar.

O Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) informou que está acompanhando o caso da menina de seis anos que foi vítima de um erro médico. O presidente da entidade, Bruno Leandro de Sousa, determinou a abertura de uma sindicância para “apurar o erro na condução de cirurgia ortopédica”.

Bruno Leandro ponderou que, depois, a perna correta foi operada, mas admite que o caso provoca traumas e sequelas graves.

“Nós nos solidarizamos com a criança e com a sua família. Já procurei saber como a paciente estava e ela está em enfermaria, respirando bem, sem dor, sendo bem tratada pela equipe clínica”, disse Bruno Leandro.

Ele lembrou também que o problema aconteceu justamente durante o “Abril Verde”, que é o mês da segurança do paciente. A campanha busca conscientizar as equipes de saúde sobre as boas práticas médicas. Ele destacou que o caso serve de alerta para a importância de um trabalho de prevenção e educação constante das equipes de saúde.

O Ministério Público da Paraíba (MPPB) também abriu uma investigação sobre o erro médico. O caso está sendo acompanhado pela promotora de Justiça Adriana Amorim de Lacerda, que atua na área de defesa dos direitos da saúde, em Campina Grande.

“Diante da gravidade do que foi noticiado, instauramos a Notícia de Fato para requerer que a administração do hospital se manifeste sobre o atendimento e sobre as normas de segurança que devem ser adotadas para todos os pacientes da unidade, justamente para evitar erros dessa natureza. Vamos acompanhar e tomar as providências necessárias”, afirmou.