Advogado é alvo de tentativa de golpe no WhatsApp e viraliza ao expor conversa com golpista: ‘Minha primeira reação foi achar graça’

Golpista entrou em contato com o dono do número de quem ele estava se passando — Foto: Redes Sociais
Golpista entrou em contato com o dono do número de quem ele estava se passando — Foto: Redes SociaisGolpista revelou como é que consegue os dados das pessoas por quem se passa para aplicar golpes — Foto: Redes SociaisGolpista afirmou que plataforma na qual consegue dados sigilosos das pessoas é um serviço pago — Foto: Redes Sociais

Por g1 PB — O paraibano Dannyel Delgado, de 35 anos, viralizou nas redes sociais ao expor conversas que teve com uma pessoa que tentou lhe aplicar um golpe no WhatsApp, se passando por ele. Nas mensagens divulgadas por Dannyel, que é advogado, o golpista acaba explicando como atua.

Em conversa com og1, Dannyel Delgado explicou como aconteceu a tentativa de golpe, as brincadeiras que fez com o suspeito e a conversa pelo WhatsApp em que o próprio golpista explicou como consegue ‘clonar’ os números para confundir as pessoas e aplicar o golpe. Uma postagem de Dannyel com prints das conversas na rede X (antigo Twitter) teve mais de 6 milhões de visualizações.

Nas conversas divulgadas por Dannyel, o advogado brinca com o suspeito, após receber as mensagens, revelando para o golpista que ele estava tentando se passar pela pessoa com quem ele estava falando diretamente. O advogado disse que já havia avisado a todas as pessoas próximas e que o golpista não iria conseguir tirar dinheiro de ninguém.

Depois da brincadeira, no entanto, Dannyel decidiu indagar o golpista, por curiosidade, como ele conseguia achar os dados para se passar por outras pessoas. E a pessoa que tentou o golpe resolveu contar detalhes.

Nos prints, é possível notar que o suspeito envia uma foto de visualização única de uma plataforma, na qual ele denomina de ‘Painel’. Segundo ele, na plataforma “pode achar qualquer pessoa, por nome completo, CEP, telefone, WhatsApp ou qualquer coisa que seja ligada ao CPF”. Com bom humor, o advogado conseguiu extrair do golpista o ‘modus operandi’ do golpe.

“Eu perguntei ‘como é que tu consegue os contatos do WhatsApp?’ Na minha cabeça ele tinha os contatos do WhatsApp e eu não tinha logado em nenhum canto estranho, não tinha outra forma dele conseguir. Perguntei, assim, de uma forma simpática e aí ele respondeu dizendo que era uma interface chamada ‘Painel’ e que nesta interface você conseguiria ter todos os contatos relativos às pessoas. No print explica bem direitinho dizendo que você consegue pai, mãe, contatos relacionados a interface ele entrega tudo”, relatou.

A vítima na tentativa de golpe explicou que acha que pelo fato da titularidade da linha telefônica ser do próprio pai e não dele, tenha feito com que a situação inusitada ocorresse. “Talvez porque a minha linha não é da minha titularidade, a titularidade é do meu pai e aí ele pode ter achado lá no sistema dele que eu era meu pai”.

Em outro momento das conversas, o golpista explica que o serviço de acesso aos dados das pessoas é pago e que, mensalmente, desembolsa cerca de R$ 30. Além disso, o suspeito explicou também que o golpe só funciona com pessoas desconhecidas, pois com pessoas famosas seria mais arriscado para eles.

Sobre o golpe em si, o suspeito conta também que “não fica enchendo o saco” de vários contatos da pessoa pela qual está tentando se passar, e sim conversa apenas com uma ou duas pessoas, como forma de não chamar atenção e fazer com que as pessoas que estão conversando com ele levantem suspeitas sobre um golpe.

“Eu não fico enchendo o saco da família toda (do contato clonado), chamo um contato, dois no máximo”, disse o criminoso.

Para encerrar a conversa entre ambos, o golpista ainda disse que “não era nada pessoal” em relação a Dannyel e que o sistema que ele usa é “bem aleatório mesmo”.

O advogado disse que com a postagem das conversas no X, ele encontrou diversos outros relatos de pessoas que se portaram da mesma forma que ele e que conseguiram saber dessa plataforma que revela dados pessoais.

“Eu percebi essa interface e colocando no X percebi que existem várias interfaces dessas, onde o cara compra seus dados e de pessoas relacionadas, onde você mora, e não tem defesa. A defesa que eu tive foi divulgar e ver se dá em alguma coisa”, disse.

Sobre a divulgação das imagens, o advogado contou que inicialmente ficou receoso sobre se deveria fazer isso ou não, com medo da exposição. Mas, ele pensou que como o golpista já tinha os dados completos dele, não havia mais nada a perder.

Dannyel conta também que após ser vítima da tentativa de golpe tentou fazer um boletim de ocorrência junto à Polícia Federal. No entanto, por dificuldades técnicas, não conseguiu realizar o procedimento.

O advogado realizou o registro na Polícia Civil, na delegacia responsável por crimes cibernéticos, além de ter enviado uma denúncia para o Ministério Público da Paraíba (MPPB).

*Sob supervisão de Jhonathan Oliveira