Fugitivos de Mossoró: distância entre presídio de segurança máxima e Marabá é de 1.600 km

Fugitivos de Mossoró são recapturados — Foto: Divulgação/PF
Fugitivos de Mossoró são recapturados — Foto: Divulgação/PFDistância entre Mossoró e Marabá — Foto: Arte/g1Fugitivos de RN recapturados estavam armados com fuzil, escoltados por comboio e tinham rede de apoioImagens exclusivas das câmeras de segurança mostram a fuga na Penitenciária Federal de Mossoró

Por g1 RN — A cidade de Marabá, no Sudoeste do Pará, onde os fugitivos Deibson Nascimento e Rogério Mendonça foram recapturados nesta quarta-feira (4), fica a 1.600 quilômetros da cidade de Mossoró, presídio de segurança máxima de onde escaparam.

A dupla fugiu no dia 14 de fevereiro. Foi a primeira fuga na história do sistema penitenciário federal desde a criação em 2006. As buscas duraram 51 dias.

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Conforme a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Ceará (Ficco/CE), após deixarem o Rio Grande do Norte, os fugitivos chegaram ao Ceará, de onde conseguiram sair no dia 18 de março em um barco pesqueiro em direção a Ilha de Mosqueiro, em Belém, no Pará. Eles chegaram ao destino em 24 de março.

De Mossoró à cidade de Marabá, um trajeto em “linha reta” passaria por pelo menos cinco estados: além de Pará e Rio Grande do Norte, também por Ceará, Piauí e Maranhão – e, a depender do trajeto, pelo Norte do Tocantins.

As buscas se concentraram por mais de 40 dias nas cidades de Mossoró e Baraúna. No sábado passado (30), a Força Nacional encerrou a participação na operação de buscas pela dupla e deixou Mossoró, onde atuava desde o dia 23 de fevereiro.

Os dois presos são do Acre e estavam na Penitenciária de Mossoró desde 27 de setembro de 2023. Eles foram transferidos após participarem de uma rebelião no presídio de segurança máxima Antônio Amaro, em Rio Branco, que resultou na morte de cinco detentos — três deles decapitados.

Os dois homens são ligados ao Comando Vermelho, facção de Fernandinho Beira-Mar, que estava preso na unidade federal de Mossoró e foi transferido para Catanduvas, no Paraná.

Rogério da Silva Mendonça, de 35 anos, é acusado de assaltos no Acre, Já preso foi acusado de mandar matar o adolescente Taylon Silva dos Santos, de 16 anos, em abril de 2021. Após o crime, Rogério foi transferido para o Presídio Antônio Amaro Alves, na capital, para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), onde ficou desde então, até ter sido transferido ao Rio Grande do Norte.

Rogério responde a mais de 50 processos. Ele é condenado a 74 anos de prisão, somadas as penas, de acordo com o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC).

Deibson Cabral Nascimento, de 33 anos, tem o nome ligado a mais de 30 processos e responde por crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e roubo. Ele tem 81 anos de prisão em condenações.

Os detentos – que estavam em celas individuais, em Mossoró – conseguiram escapar ao retirar as luminárias das celas. Uma das hipóteses da investigação é que tenham usado pedaços de ferro como ferramenta para retirar a luminária.

Pedaços de ferro que podem ter sido retirados do banheiro, parede, ou debaixo da mesa. Até a publicação desta reportagem, a polícia não identificou a origem do objeto usado por Mendonça e Nascimento.

Os detentos também usaram uma mistura de sabonete e papel higiênico como uma espécie de reboco para camuflar os buracos feitos.

Depois de passarem pelo buraco aberto na parede, os detentos tiveram acesso a uma área de serviço conhecida como “shaft” – por onde passam dutos, rede elétrica e até uma escada que dá acesso ao telhado do presídio.

A área externa estava cercada por um tapume de metal por causa de obras que estão acontecendo no presídio. Por questões de segurança, o cercado delimitava onde ficavam os operários e o material.

Os detentos passaram pelo tapume e usaram um alicate deixado pelos operários e cortaram a primeira parte da grade. Andaram mais alguns metros, abriram a passagem na segunda tela e fugiram.