Por g1 RN — As falésias de Tabatinga, em Nísia Floresta, na Grande Natal, podem ter novos desmoronamentos. É o que apontam professores e pesquisadores do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que realizaram uma vistoria no trecho nesta quinta-feira (27).
A nova análise foi motivada pela queda de uma parte da falésia na praia de Tabatinga na manhã da terça-feira passada (26). Ninguém estava próximo do local na hora do incidente, e não houve feridos.
O trecho onde o acidente aconteceu, segundo os pesquisadores, se mostrou mais íngrime e com desgastes erosivos que podem culminar com novos deslizamentos.
O ponto já era considerado suscetível a episódios desse tipo antes desse acidente, como aponta um relatório feito pelo departamento de geografia da UFRN que foi divulgado em fevereiro de 2022. Na ocasião, foi mostrado ainda os riscos de desmoronamento da rodovia estadual RN-063, que fica 7 metros distante da borda da falésia.
O trabalho apontou também outros pontos no litoral do estado que correm risco de queda. O estudo foi realizado após a queda de uma falésia que terminou na morte de um casal, do filho de 7 meses, e do cachorro da família em 2020.
“É importante que haja um monitoramento sistemático desses movimentos, que haja uma possibilidade de prever com antecedência essas áreas mais críticas e a sinalização delas”, explicou o geógrafo Rodrigo Freitas, da UFRN, que participou da nova vistoria.
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Os pesquisadores explicaram que esses desmoronamentos fazem parte de um processo natural de erosão costeira, que ocorre por conta do avanço do mar – e que é preciso se preparar para isso.
“Esses movimentos de massa, esses danos em falésias vão continuar. A tendência é que eles aumentem cada vez mais, porque a gente está tendo elevação do nível do mar, mudanças climáticas, e isso faz com que erosão se identifique”, pontuou.
Para o geógrafo Rodrigo Freitas, é necessário que haja uma intervenção mais efetiva do Poder Público nas falésias para diminuir os riscos de acidentes.
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O trecho onde parte da falésia desabou nesta semana fica próxima a um local onde uma casa de eventos precisou ser demolida em 2011 após uma decisão judicial que apontou riscos de queda no local.
“Vai ser preciso repensar imóveis, estradas. Já existe toda uma desapropriação. E vai precisar pensar em soluções para a infraestrutura pública que passa na borda de falésia”, disse o geógrafo.