Surto de dengue na Argentina caminha para bater recorde

Mosquito da Dengue, Aedes Aegypti, picada. Foto: nuzeee/Pixabay
© nuzeee/Pixabay

Por Agência Brasil — Um grande surto de dengue na Argentina caminha para bater recordes, refletindo preocupação mais ampla na América do Sul, onde o clima quente e úmido provocou um pico de casos.

Mais de 120 mil casos foram registrados até agora no período 2023/24, a maior parte nos últimos dois meses. Isso coloca o país muito à frente do mesmo período anterior, que já era o pior em registro.

“Estamos passando pelo pior surto de dengue na Argentina”, disse Mariana Manteca Acosta, diretora do Instituto Malbran e especialista em doenças infecciosas. “Há 200% mais casos do que na mesma época da temporada do ano passado”.

Sintomas da dengue incluem febre alta, dor de cabeça, vômito, irritações na pele e dores nos músculos e nas articulações que podem ser tão severas que a doença é chamada de febre “quebra-ossos”. Em alguns casos, pode causar uma febre hemorrágica mais grave, resultando em sangramento que pode levar à morte.

Houve 79 mortes até agora nesta temporada da Argentina, segundo os mais recentes dados do governo.

O Brasil também enfrenta forte aumento de casos, com a dengue se espalhando em regiões onde não era encontrada anteriormente.

A maioria dos casos geralmente ocorre durante os últimos meses do verão e início do outono no Hemisfério Sul, de fevereiro a maio, quando o clima costuma ser quente e úmido. No entanto, neste ano, uma quantidade maior de casos foi observada no começo da temporada.

Nas primeiras dez semanas do ano-calendário, houve cerca de 103 mil casos de dengue, de acordo com dados do governo argentino, mais de dez vezes os 8.343 casos registrados no mesmo período ano passado, quando o principal pico ocorreu mais tarde, em abril.

Valeria Medina, 36 anos, recebe tratamento contra a dengue em um hospital na província de Salta, no noroeste da Argentina. Ela disse que não houve conscientização suficiente sobre a doença e que algumas pessoas têm dificuldades para serem diagnosticadas e tratadas.

“É uma doença que, lá fora, as pessoas não levam muito em conta, mas é feia”, disse Medina.

O especialista em doenças infecciosas Eduardo López, do Hospital Ricardo Gutiérrez, em Buenos Aires, afirmou que esta temporada certamente superará o ano anterior.

“Com as projeções atuais, vamos superar o ano passado. Ainda temos todo o mês de abril, o resto de março e pelo menos 15 dias de maio. Então vamos exceder os 130 mil casos. Este ano será um recorde.”

A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) emitiu alerta no mês passado sobre o aumento de casos na região, após o último ano registrar o maior número em décadas.

*É proibida a reprodução deste conteúdo.