Um em cada três menores de dois anos está desnutrido em Gaza, diz ONU

CRIANÇAS FOME GAZA - Palestinian children wait to receive food cooked by a charity kitchen amid shortages of food supplies, as the ongoing conflict between Israel and the Palestinian Islamist group Hamas continues, in Rafah, in the southern Gaza Strip, March 5, 2024. REUTERS/Mohammed Salem
© REUTERS/Mohammed Salem

Por Agência Brasil — Uma em cada três crianças com menos de dois anos no norte de Gaza sofre de grave desnutrição e a fome é iminente, disse neste sábado (16) principal agência da ONU que opera no enclave palestino.

“A subnutrição infantil está se espalhando rapidamente e está prestes a atingir níveis sem precedentes em Gaza”, afirmou a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) em publicação feita nas redes sociais.

Mais de cinco meses após o início da campanha aérea e terrestre de Israel em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas em 7 de outubro, grande parte do local está em ruínas, com a maior parte dos 2,3 milhões de habitantes deslocados e enfrentando uma grande crise humanitária.

Hospitais em Gaza relataram que algumas crianças morreram de desnutrição e desidratação.

É esperado que o órgão de vigilância internacional da insegurança alimentar, o IPC, apresente em breve um relatório sobre a extensão da crise de fome em Gaza, depois de ter dito em dezembro que havia um risco de fome até maio.

Para que o IPC declare situação de fome, pelo menos 20% da população deve estar sofrendo de escassez alimentar extrema, com uma em cada três crianças desnutridas e duas pessoas em cada 10 mil morrendo por dia de fome ou desnutrição e doença.

Os países ocidentais apelaram a Israel para que faça mais para permitir a entrada de ajuda, com a ONU dizendo que enfrenta “obstáculos pesados”, incluindo o fechamento de passagens, verificações onerosas, restrições à circulação e agitação dentro de Gaza.

Israel afirma que não está impondo limites à ajuda humanitária aos civis em Gaza e atribui a lentidão na prestação de ajuda à incapacidade ou ineficiência das agências da ONU.

As ajudas por via aérea e marítima a Gaza já começaram, mas as agências humanitárias dizem que não substituem o transporte de suprimentos por terra.

Uma primeira entrega em Gaza pela World Central Kitchen, pioneira numa nova rota marítima através de Chipre, chegou na quinta-feira e foi descarregada, disse a instituição de ajuda humanitária.

Israel acusou a UNRWA de cumplicidade com o Hamas, dizendo que alguns membros da agência participaram no ataque de 7 de outubro, apelando para seu desmantelamento. Diversos doadores relevantes suspenderam o financiamento devido às alegações.

A UNRWA nega cumplicidade com o Hamas e disse em fevereiro que tinha dispensado 12 dos seus 13 mil funcionários em Gaza pouco depois de Israel ter os acusado de envolvimento. O órgão de supervisão da ONU e a própria UNRWA iniciaram investigações que ainda não foram divulgadas.

O chefe humanitário da União Europeia, Janez Lenarcic, disse na quinta-feira que ainda não viu nenhuma evidência de Israel que sustente as acusações.