Lewandowski diz que não pode afirmar que houve conivência na fuga dos presos de Mossoró e que todas as hipóteses estão sendo investigadas

Avião da Força Aérea Brasileira pousou no Aeroporto de Mossoró — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
Avião da Força Aérea Brasileira pousou no Aeroporto de Mossoró — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV CabugiCasa invadida por fugitivos fica a 3 km da Penitenciária — Foto: Ayrton Freire/Inter TV CabugiCamiseta de uniforme de presidiário encontrada durante as buscas pelos fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró — Foto: DivulgaçãoBuscas por fugitivos de presídio de segurança máxima em Mossoró (RN) — Foto: Arte g1Nomes de fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró já aparece na lista da Interpol — Foto: ReproduçãoBuraco na parede da cela de onde saíram fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró — Foto: Divulgação

Por g1 RN — O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, disse neste domingo (18) que a fuga de dois presos da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte, que não é possível afirmar que houve conivência na fuga dos dois presos na quarta (14) e que “todas as hipóteses estão sendo investigadas e “virão a público no momento apropriado.

Em coletiva realizada em Mossoró neste domingo, Lewandowski também afirmou que “possíveis falhas do presídio já estão sendo corrigidas para garantir a segurança máxima do local” e que “500 homens das diversas forças policiais estão empenhados na captura dos fugitivos”.

Lewandowski afirmou que a construção de muralhas nos presídios federais de segurança máxima já começaram que que o próximo local a receber a obra será o de Mossoró. “As demais medidas que nós anunciamos, sensores de presença, reconhecimento facial, iluminação, câmeras, o incremento da inteligência, a contratação de mais policiais penais federais, isso tudo está sendo providenciado.”

As falhas estruturais encontradas no presídio de segurança máxima são antigas, segundo o ministro, porque o local foi construído em 2006. “Aqui em Mossoró, foram corrigidas imediatamente e nós estamos examinando se essas falhas estruturais se repetem também em outros presídios. É claro, aqui já estão sendo trocadas e reforçadas.”

Policia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e polícias militares de Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco estão empenhadas na recaptura dos presos.

Lewandowski falou sobre o inquérito policial que está sendo feito para apurar a fuga dos criminosos. “O inquérito policial também que envolve peritos, perícias que vão examinar as causas desta fuga, do ponto de vista técnico complementando aquilo que está sendo apurado na esfera administrativa e a Polícia Federal”.

A cúpula do Ministério da Justiça e da Segurança Pública viajou para a cidade neste domingo. Segundo o ministro, o objetivo é investigar os acontecimentos que levaram a fuga e “cuidar para que os fugitivos sejam capturados no prazo mais breve possível e corrigir eventuais falhas e garantir que o sistema prisional federal tenha segurança”. 

Lewandowski desembarcou no Aeroporto de Mossoró, por volta das 9h30 deste domingo (18), para acompanhar as investigações sobre a fuga do presídio federal, bem como o quinto dia de buscas pelos dois fugitivos.

“Haveremos de superar em breve essa situação adversa. Já demos conta de algumas medidas que pretendemos tomar a curto, médio e longo prazo, que serão definidas depois pelos nossos corpos técnicos”, ressaltou.

Os trabalhos de buscas por Rogério Mendonça e Deibson Nascimento – fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró – entraram no quinto dia neste domingo (18). Os dois foram vistos pela última vez na noite de sexta (16) quando invadiram uma casa que fica a 3 km da Penitenciária.

A fuga aconteceu na última quarta-feira e é a primeira registrada na história do sistema penitenciário federal, desde sua criação em 2006.

Cães farejadores, helicópteros, e mais de 300 agentes de segurança das forças estaduais e federais trabalham nas buscas que se concentram em um perímetro de 15 quilômetros em torno do presídio.

Em alguns momentos, a polícia contou com a ajuda de moradores da região que conhecem a área de mata fechada. “Os policiais me chamaram hoje pra ser uma espécie de guia deles porque eu conheço muito a área. Na quinta-feira eu levei eles até o lugar das pegadas que era dentro de um terreno que eu já morei”, disse o agricultor Manoel Honorato, de 62 anos.

Fotos dos fugitivos foram espalhadas por vários pontos das comunidades rurais próximas ao presídio.

Na quarta-feira (14) – mesmo dia da fuga – uma casa foi invadida na zona rural de Mossoró, a cerca de 7 km da penitenciária. Objetos pessoais como camiseta e uma colcha de cama foram furtados.

A polícia foi acionada e fez buscas na área. Na quinta-feira (15) objetos foram encontrados em uma área de mata. Um dos moradores da região confirmou aos investigadores que, entre os itens, estava uma colcha de cama furtada de sua casa.

A Polícia Federal recolheu material biológico desta casa. As amostras encontradas serão confrontadas com informações genéticas dos fugitivos.

Já na sexta-feira (16), com a ajuda de cães farejadores, uma camiseta de uniforme de presidiário foi encontrada na mata.

Na noite de sexta os fugitivos invadiram uma casa na zonra rural, fizeram os moradores reféns, comeram, beberam água e roubaram dois celulares.

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Nesta sexta-feira (16) os nomes e fotos de Rogério Mendonça e Deibson Nascimento – fugitivos do presídio de segurança máxima de Mossoró (RN) – passaram a constar nalista vermelha da Interpol. Logo após a fuga, o Brasil pediu a inclusão na lista da Interpol – normalmente utilizado para cooperação entre as polícias de diferentes países quando criminosos perigosos conseguem fugir das nações onde são procurados.

Uma imagem do presídio federal de segurança máxima de Mossoró mostra um buraco na parede da cela de um dos dois presos que fugiram da unidade na madrugada da quarta-feira (14).

O corregedor da Penietnciária Federal de Mossoró, juiz Walter Nunes, disse que os presos tinham duas barras de ferro dentro das celas que foram usadas para “rasgar” parte da parede por onde eles passaram.

“É preciso explicar como eles tinham, cada um deles, uma barra de ferro. Eles estavam em celas individuais, das quais não saiam sequer para o banho de sol. Então, as varas de ferro foram entregues a eles. Quem entregou? Não sei. As investigações precisam revelar”, disse.

Os dois presos são do Acre e estavam na Penitenciária de Mossoró desde 27 de setembro de 2023. Eles foram transferidos após participarem de uma rebelião no presídio de segurança máxima Antônio Amaro, em Rio Branco, que resultou na morte de cinco detentos – três deles decapitados.

Os dois homens são ligados ao Comando Vermelho, facção de Fernandinho Beira-Mar, que também está preso na unidade federal de Mossoró.

Rogério da Silva Mendonça é acusado de assaltos no Acre, Já preso foi acusado de mandar matar o adolescente Taylon Silva dos Santos, de 16 anos, em abril de 2021. Após o crime, Rogério foi transferido para o Presídio Antônio Amaro Alves, na capital, para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), onde ficou desde então, até ter sido transferido ao Rio Grande do Norte.

Rogério responde a mais de 50 processos. Ele é condenado a 74 anos de prisão, somadas as penas, de acordo com o Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC).

Deibson Cabral Nascimento tem o nome ligado a mais de 30 processos e responde por crimes de organização criminosa, tráfico de drogas e roubo. Ele tem 81 anos de prisão em condenações.

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