‘Nuvem de abelhas’ que atrasou desembarque de avião em Natal era enxame transitório em busca de novo ninho, diz especialista

'Nuvem de abelhas' faz passageiros de avião esperarem 40 minutos pelo desembarque em Natal — Foto: Cedida
'Nuvem de abelhas' faz passageiros de avião esperarem 40 minutos pelo desembarque em Natal — Foto: Cedida/Everton César

Por g1 RN — A “nuvem de abelhas” que cercou um avião e causou um atraso de mais de uma hora no desembarque de passageiros no Aeroporto de Natal era, na verdade, um enxame transitório, em busca de um novo ninho.

A explicação é do professor Abreu Neto, coordenador do curso de apicultura no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN). De acordo com ele, pelo que é possível observar nos vídeos, a espécie era a Apis mellifera africanizada.

“Pelo que vi nos vídeos, tratava-se um enxame transitório, que parou na asa do avião para descansar. Provavelmente ele iria embora, mas por via das dúvidas os rapazes do aeroporto fizeram a prevenção mais correta”, considerou o professor.

Segundo o especialista, o voo de um grande enxame, como o visto no Aeroporto de Natal, não parece ser muito harmônico e fica confuso para quem observa.

“Algumas abelhas mais velhas, chamadas de batedoras, vão na frente, liberando em determinados locais um cheiro chamado feromônio, que ajuda o restante das abelhas a se guiarem em uma direção. Algo semelhante com as formigas que fazem uma longa trilha enfileiradas, umas atrás das outras. É basicamente o mesmo princípio, só que as abelhas fazem isso em voo, o que torna o processo muito mais complicado”, afirma o professor.

Ainda segundo o professor, em determinados momentos, as abelhas param para reagrupar, descansar e verificar como está a rainha. Somente após esse processo, elas continuam o voo.

“Assim como é complicado se guiar em voo, também é complicado parar, como deu para ver nos vídeos e fotos. Elas ficam voando nas mais diversas direções até entenderem que o enxame parou e elas devem reagrupar”, explicou.

“O que atraiu as abelhas para a asa da aeronave provavelmente foi a rainha, pois as operárias, ao entrarem contato com ela, liberam feromônios avisando da sua presença ali”, acrescentou.

O processo de reagrupamento e descanso pode levar alguns minutos, ou até horas. Segundo o professor, enquanto a grande maioria descansa, as batedoras já iniciam o processo de voo em busca de um nova direção ou de um possível ninho para estabelecer a colônia.

Ainda segundo Abreu Neto, a busca por um ninho pode demorar horas ou dias e, por isso, a exterminação do enxame seria a solução mais prudente em um aeroporto. Ele ainda afirmou que provavelmente os insetos deveriam estar com o abdômen cheio de mel e teriam dificuldade para ferroar, mas não é possível arriscar.

“Só recomendaria o extermínio com produto que matasse elas com mais eficácia, pois como deu para ver, depois que o rapaz aplicou aquela espuma branca, elas ficaram estressadas e voando para todos os lados e poderiam ter realmente provocado um acidente”, disse.

Os passageiros de uma aeronave da Voepass esperaram mais de 1 hora para desembarcar da aeronave no Aeroporto de Natal na tarde desta segunda-feira (22) após uma “nuvem de abelhas”, como definiu o piloto, rodear o avião (veja vídeo).

O voo saiu de Fernando de Noronha, em Pernambuco, com destino à capital potiguar. O avião pousou às 12h35 e os passageiros só conseguiram sair da aeronave às 13h50, após o Corpo de Bombeiros ser acionado e conseguir remover o enxame.

Em nota, a Voepass informou que a companhia seguiu com os protocolos de segurança, “sem nenhum incidente, mantendo a aeronave fechada, refrigerada”. A companhia disse que, “após a remoção [das abelhas], todos os passageiros desembarcaram em segurança, a aeronave passou por manutenção e em seguida, liberada para voo”.

A Inframérica, atual operadora do terminal, comunicou que os bombeiros civis do aeroporto trabalharam para garantir “um desembarque seguro dos passageiros” e que a ação “não impactou a operação”.

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