Relatório da ONU aponta assassinatos étnicos em cidade do Sudão

Pessoas fugindo da violência em Darfur Ocidental cruzam a fronteira para o Chade
04/08/2023 REUTERS/Zohra Bensemra
© REUTERS/Zohra Bensemra

Por Agência Brasil — Entre 10 mil e 15 mil pessoas foram mortas em uma cidade na região de Darfur Ocidental, no Sudão, no ano passado, em um caso de violência étnica perpetrada pelas Forças de Apoio Rápido (RSF) e milícias árabes aliadas, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) visto pela Reuters, na sexta-feira (19).

No relatório ao Conselho de Segurança da ONU, monitores independentes de sanções da organização atribuíram o número de vítimas em El Geneina a fontes de inteligência e compararam-no com a estimativa da própria entidade de que cerca de 12.000 pessoas foram mortas em todo o Sudão desde que a guerra eclodiu em 15 de abril de 2023, entre o exército sudanês e as RSF.

Os monitores também descreveram como “críveis” as acusações de que os Emirados Árabes Unidos forneceram apoio militar às RSF “várias vezes por semana” por meio de Amdjarass, no norte do Chade. Um importante general sudanês acusou os Emirados Árabes Unidos, em novembro, de apoiar o esforço de guerra das RSF.

Numa carta aos monitores, os Emirados Árabes Unidos afirmaram que 122 voos entregaram ajuda humanitária a Amdjarass para ajudar os sudaneses a fugir da guerra.

Neste sábado (20), um funcionário dos Emirados Árabes Unidos disse à Reuters que convidou os monitores da ONU para visitarem um hospital de campanha em Amdjarass, “para conhecer em primeira mão os esforços humanitários empreendidos pelos Emirados Árabes Unidos para ajudar a aliviar o sofrimento causado pelo conflito atual”.

As Nações Unidas afirmam que cerca de 500 mil pessoas fugiram do Sudão para o leste do Chade, várias centenas de quilômetros ao sul de Amdjarass.

Entre abril e junho do ano passado, El Geneina sofreu “violência intensa”, escreveram os monitores, acusando as RSF e seus aliados de terem como alvo a tribo étnica africana Masalit em ataques que “podem constituir crimes de guerra e crimes contra a humanidade”.

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