Fiéis celebram Dia de São Sebastião, um dos padroeiros do Alecrim, com missas e procissão em Natal

Dia de São Sebastião é celebrado em 20 de janeiro — Foto: Pedro Trindade/Inter TV Cabugi
Dia de São Sebastião é celebrado em 20 de janeiro — Foto: Pedro Trindade/Inter TV CabugiFiéis celebram Dia de São Sebastião, um dos padroeiros do Alecrim, com missas e procissão em Natal — Foto: Pedro Trindade/Inter TV Cabugi

Por g1 RN — Fiéis da Igreja Católica estão celebrando, neste sábado (20), o Dia de São Sebastião, um dos padroeiros do bairro do Alecrim, em Natal. A programação, em ação de graças pelos 75 anos da realização da festa do Mártir, começou no dia 10 de janeiro e se encerra após 10 dias de comemorações.

O vendedor Michael Augusto participa todos os anos da festa de São Sebastião. Ele conta que virou devoto depois de uma enfermidade.

“Eu tinha uma hérnia e, um dia, senti uma dor muito grande. Aí eu olhei pela janela e vi um pessoal de vermelho subindo [a rua]. Aí perguntei ‘o que é isso?’, e o pessoal disse ‘ah, é o Dia de São Sebastião’. Aí eu disse ‘pois, se essa dor passar agora, eu vou todo ano para a missa de São Sebastião e pra procissão. A dor passou na mesma hora e, desde então, todo ano eu venho“, lembrou.

A aposentada Francisca das Chagas também faz questão de participar da festa sempre que pode.

“Quando eu participo dessa celebração eu lembro de toda minha família, das pessoas que amei. Lembra muito minha mãe. Sinto saudades, mas me sinto bem aqui”, relatou.

O último dia da festa de São Sebastião começou cedo na Paróquia que leva o nome do Mártir, no Alecrim. Às 7h, houve a celebração dos frutos da terra e do trabalho humano; às 9h, aconteceu a missa dos peregrinos; às 11h foi a vez da missa da terceira idade, com a unção dos enfermos.

A programação continua até a noite. Às 15h haverá a missa dos peregrinos e devotos; às 16h30 acontecerá a tradicional procissão com a imagem de São Sebastião pelas ruas do Alecrim; e logo depois haverá a missa solene, presidida pelo arcebispo Dom João Santos Cardoso, encerrando a festa.

São Sebastião era um soldado romano que foi martirizado por professar e não renegar a fé cristã. Sua história é conhecida somente pelas atas romanas de sua condenação e martírio. Nessas atas de martírio de cristãos, os escribas escreviam dando poucos detalhes sobre o martirizado e muitos detalhes sobre as torturas e sofrimentos causados a eles antes de morrerem. Essas atas eram expostas ao público nas cidades com o fim de desestimular a adesão ao cristianismo.

Nasceu na cidade de Narbona, na França, em 256 d.C. Seu nome de origem grega, Sebastós, significa divino, venerável. Ainda pequeno, sua família mudou-se para Milão, na Itália, onde ele cresceu e estudou. Sebastião optou por seguir a carreira militar de seu pai.

No exército romano, chegou a ser capitão da 1ª da guarda pretoriana. Esse cargo só era ocupado por pessoas ilustres, dignas e corretas.

Sebastião era muito dedicado à carreira, tendo o reconhecimento dos amigos e até mesmo do imperador romano, Maximiano. Na época, o império romano era governado por Diocleciano, no oriente, e por Maximiano, no ocidente. Maximiano não sabia que Sebastião era cristão. Não sabia também que Sebastião, sem deixar de cumprir seus deveres militares, não participava dos martírios nem das manifestações de idolatria dos romanos.

Por isso, São Sebastião é conhecido por ter servido a dois exércitos: o de Roma e o de Cristo. Sempre que conseguia uma oportunidade, visitava os cristãos presos, levava uma ajuda aos que estavam doentes e aos que precisavam.

De acordo com Atos apócrifos atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião teria se alistado no exército romano já com a única intenção de afirmar e dar força ao coração dos cristãos, enfraquecidos diante das torturas.

Ao tomar conhecimento de cristãos infiltrados no exército romano, Maximiano realizou uma caça a esses cristãos, expulsando-os do exército. Só os filhos de soldados ficaram obrigados a servirem o exército. E este era o caso do Capitão Sebastião. Para os outros jovens, a escolha era livre.

Denunciado por um soldado, o imperador se sentiu traído e mandou que Sebastião renunciasse à sua fé em Jesus Cristo. Sebastião se negou a fazer esta renúncia. Por isso, Maximiano mandou que ele fosse morto para servir de exemplo e desestímulo a outros.

Maximiano, porém, ordenou que Sebastião tivesse uma morte cruel diante de todos. Assim, os arqueiros receberam ordens para matarem-no a flechadas. Eles tiraram suas roupas, o amarraram num poste no estádio de Palatino e lançaram suas flechas sobre ele. Ferido, deixaram que ele sangrasse até morrer.

Sebastião continuou vivo e foi levado por um grupo de amigos para a casa de Irene, uma cristã devota que cuidou de seus ferimentos.

Depois de curado, Sebastião continuou evangelizando e se apresentou ao imperador Maximiano, que não atendeu ao seu pedido. Sebastião insistia para que ele parasse de perseguir e matar os cristãos.

Desta vez o imperador mandou que o açoitassem até morrer e depois fosse jogado numa fossa, para que nenhum cristão o encontrasse.

Porém, após sua morte, São Sebastião apareceu a Lucina, uma cristã, e disse que ela encontraria o corpo dele pendurado num poço. Ele pediu para ser enterrado nas catacumbas junto aos apóstolos.

Alguns autores acreditam que Sebastião foi enterrado no jardim da casa de Lucina, na Via Ápia, onde se encontra sua Basílica. Construíram, então, nas catacumbas, um templo: a Basílica de São Sebastião. O templo existe até hoje e recebe devotos e peregrinos do mundo todo.

O culto a São Sebastião nasceu no século IV e atingiu o seu auge nos séculos XIV e XV, tanto na Igreja Católica como na Igreja Ortodoxa.

São Sebastião é padroeiro de mais de 500 paróquias no Brasil – nove delas são no Rio Grande do Norte.

“Essa devoção foi trazida para o Brasil pelos portugueses, que já eram devotos desse Santo. Nós o invocamos como protetor, defensor, aquele que nos livra da peste, da fome e da guerra”, contou o padre José Freitas Campos.