OMS: médicos e doentes fogem de hospitais do sul de Gaza

Pessoas são transferidas após hospital na Faixa de Gaza ser atingido por ataque aéreo
© Reuters

Por Agência Brasil — Profissionais de saúde e centenas de doentes estão fugindo dos hospitais do sul de Gaza à medida que Israel intensifica os ataques naquela área. A Organização Mundial da Saúde (OMS) expressou preocupação com o possível colapso dos hospitais no enclave.

Sean Casey, coordenador das Equipes Médicas de Emergência da OMS em Gaza, disse que o que se vê em muitos hospitais daquele território palestino “é realmente preocupante”.

“Estamos assistindo ao colapso do sistema de saúde a um ritmo muito rápido”, alertou, afirmando que cerca de 600 pacientes fugiram de um hospital no sul do enclave. Nas últimas 24 horas, foram confirmados 57 mortos no hospital al-Aqsa, no centro de Gaza.

Israel também intensificou os ataques no sul de Gaza, em Khan Younis, onde as Forças de Defesa de Israel (FDI) dizem ter eliminado, nesta terça-feira, 40 terroristas. A mídia palestina relata ainda que um prédio residencial de 16 andares foi destruído no centro de Khan Younis.

A Wafa, agência de notícias oficial palestina, diz que Israel realizou nesta terça-feira ataques aéreos nas áreas centro e sul, inclusive nos campos de refugiados de Maghazi e al-Bureij.

A agência afirma ainda que dezenas de pessoas foram mortas em Jabalia e Beit Hanoun, cidades situadas no extremo norte da Faixa de Gaza.

A intensificação dos ataques israelenses ocorre no mesmo momento em que o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, visita o Oriente Médio, pela quarta vez em três meses.

Blinken está nesta terça-feira em Israel para reforçar os esforços de diplomacia e tenta evitar a escalada do conflito, tendo partilhado o receio de o conflito se “metastizar”. O secretário de Estado norte-americano irá encontrar-se com o primeiro-ministro israelense e com o ministro da Defesa e o ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel.

“Acabo de chegar de vários países da região: Turquia, Grécia, Jordânia, Qatar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, e quero partilhar com o presidente [de Israel] o que ouvi desses líderes, tal como farei com o primeiro-ministro [Benjamin Netanyahu] ainda hoje”, disse Blinken no início da reunião em Telaviv.

No início de uma reunião com o ministro israelense dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, Blinken afirmou acreditar em “ligações reais” entre Israel e países árabes após a crise de Gaza.

“Estou ciente dos esforços que [Israel] tem desenvolvido há vários anos para criar melhores ligações e integração no Oriente Médio. Penso que existem oportunidades reais neste domínio”, declarou Blinken.

“Mas temos de ultrapassar este momento muito difícil e garantir que o 7 de outubro nunca mais aconteça e trabalhar para construir um futuro diferente e muito melhor”, disse Blinken.

No início da manhã, Blinken esteve reunido com o presidente de Israel. Isaac Herzog disse que as acusações de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça contra Israel são “atrozes e absurdas”.

Por sua vez, o secretário de Estado dos EUA reiterou o apoio norte-americano ao direito de Israel de garantir que os ataques do Hamas “não possam ser repetidos” e enfatizou a necessidade de tomar todas as precauções possíveis para “minimizar os danos aos civis”.

Antony Blinken desloa-se nesta quarta-feira (10) à Cisjordânia onde vai encontrar-se com as autoridades palestinas, incluindo o presidente Mahmoud Abbas.

Mais de 23 mil palestinas foram mortos e quase 60 mil ficaram feridos em ataques israelenses em Gaza desde que o grupo Hamas lançou uma ofensiva contra Israel a 7 de outubro, segundo o último balanço do Ministério da Saúde de Gaza.

Só nas últimas 24 horas, cerca de 126 palestinos foram mortos e 241 ficaram feridos, acrescenta o Ministério.

* É proibida a reprodução deste conteúdo