Nobel da Paz é condenado à prisão acusado de violar lei trabalhista

Brasília (DF), 19/10/2023, O economista Muhammad Yunus, durante a primeira reunião do Comitê da Estratégia Nacional de Economia de Impacto (Enimpacto), no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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Por Agência Brasil — Um tribunal em Bangladesh condenou nesta segunda-feira (1º) o vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2006, Muhammad Yunus, a seis meses de prisão por violar a legislação trabalhista, afirmaram os promotores. O laureado nega que tenha cometido o crime. 

Yunus, um economista de 83 anos, e três funcionários da Grameen Telecom, empresa que ele fundou, foram condenados por não terem criado um fundo de assistência social para os seus funcionários.

Ele e seu banco, o Banco Grameen, ganharam o Prêmio Nobel da Paz em 2006 por seu trabalho de retirar milhões de pessoas da pobreza ao conceder pequenos empréstimos de menos de 100 dólares à população pobre rural de Bangladesh, pioneiro de um movimento global agora conhecido como microcrédito.

A primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, contudo, o acusou de “sugar o sangue dos pobres”. Seus apoiadores afirmam que o governo está tentando desacreditá-lo porque ele já considerou criar um partido político para rivalizar com a Liga Awami, de Hasina.

“Este veredito contra mim é contrário a todos os precedentes legais e à lógica. Faço um apelo ao povo de Bangladesh para se manifestar em uma só voz contra a injustiça e a favor da democracia e dos direitos humanos para cada um de nossos cidadãos”, disse Yunus em um comunicado.

“O tribunal concedeu fiança a eles, dando-lhes um mês para apresentar recurso contra o veredito do tribunal”, disse Khurshid Alam Khan, da promotoria.

Abdullah Al Mamun, advogado de Yunus, afirmou que os acusados recorrerão da decisão, descrevendo o caso como politicamente motivado e com o objetivo de intimidar Yunus.

O vencedor do Nobel da Paz de 2006 enfrenta mais de 100 acusações por violações da lei trabalhista e suposta corrupção.

Grupos de direitos humanos acusaram o governo de Hasina de buscar a dissidência política.

Hasina tenta um quinto mandato — e o quarto consecutivo — nas eleições de 7 de janeiro, as quais o principal partido de oposição tem boicotado.

(Reportagem adicional de Nilutpal Timsina)

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