Novo êxodo atinge região central de Gaza

Palestino Ibrahim Al-Haj Youssef, que perdeu quatro de seus filhos e sua esposa em um ataque aéreo israelense, está entre os escombros, no campo de Maghazi
25/12/2023
REUTERS/Doaa Ruqaa
© 25/12/2023 REUTERS/Doaa Ruqaa

Por Agência Brasil — Dezenas de milhares de famílias palestinas já desalojadas voltaram a fugir, nesta quinta-feira (28), em um novo êxodo em massa no centro de Gaza, onde as forças israelenses, que estão montando um grande avanço, bombardearam áreas repletas de pessoas expulsas do norte.

Mais ao sul, as forças israelenses atingiram a área em torno de um hospital no coração de Khan Younis, a principal cidade do sul da Faixa de Gaza, onde os moradores temiam um novo avanço terrestre em território lotado de famílias que ficaram desabrigadas em 12 semanas de guerra.

Israel intensificou sua guerra terrestre em Gaza de forma acentuada desde pouco antes do Natal, apesar dos apelos públicos de seu aliado mais próximo, os Estados Unidos, para que a campanha fosse reduzida nas últimas semanas do ano.

O foco principal dos combates está agora nas áreas centrais ao sul dos pântanos que dividem a Faixa, onde as forças israelenses ordenaram que os civis saíssem enquanto seus tanques avançavam.

Dezenas de milhares de pessoas que fugiram dos enormes distritos de Nusseirat, Bureij e Maghazi, na região central de Gaza, estavam indo para o sul ou para oeste na quinta-feira, para a já sobrecarregada cidade de Deir al-Balah, ao longo da costa do Mediterrâneo, aglomerando-se em acampamentos de tendas improvisadas construídas às pressas.

“Mais de 150.000 pessoas – crianças pequenas, mulheres carregando bebês, pessoas com deficiência e idosos – não têm para onde ir”, disse a principal organização da ONU que opera em Gaza, a UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente), em uma postagem na mídia social, condenando o que chamou de “deslocamento forçado” sob as ordens de retirada israelenses.

A parte oriental de Bureij foi palco de combates pesados na manhã desta quinta-feira, com tanques israelenses avançando pelo norte e pelo leste, disseram moradores e militantes.

“Esse momento chegou, eu queria que isso nunca acontecesse, mas parece que o deslocamento é obrigatório”, afirmou Omar, de 60 anos de idade, contando ter sido forçado a se mudar com pelo menos 35 membros da família.

“Estamos agora em uma tenda em Deir al-Balah por causa dessa brutal guerra israelense”, disse à Reuters por telefone, recusando-se a dar um segundo nome por medo de represálias. “Israel está matando médicos, influenciadores de mídia social, jornalistas e civis”, denunciou.

Yamen Hamad, que vive em uma escola em Deir al-Balah desde que fugiu do norte, disse que os novos refugiados que chegavam de Bureij e Nusseirat estavam montando barracas onde quer que houvesse terreno aberto. Alguns fugiram de áreas para as quais Israel os havia alertado, outros vieram sem esperar por um aviso.

Com a comida acabando, ele disse que fez uma viagem perigosa até Rafah, perto da fronteira egípcia, para comprar um saco de 25 kg de farinha para sua família.

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