Relatório do clima diz que meta de 1,5ºC pode ser superada em 7 anos

Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – COP28. – Meio Ambiente; mudanças climáticas; poluição do ar; fumaça fábricas; chaminés; CO2. Foto: Ralf Vetterle/Pixabay
© Ralf Vetterle/Pixabay

Por Agência Brasil — Novo relatório anual de referência, apresentado nesta terça-feira (5) na conferência da ONU sobre o clima (COP28), diz que o limite do aquecimento global estabelecido pelos líderes mundiais no Acordo de Paris em 2015 poderá ser ultrapassado em apenas sete anos.

Cientistas do Global Carbon Projet alertaram para o fato de ser inevitável que o limiar de 1,5ºC para o aquecimento global seja ultrapassado “de forma consistente ao longo de vários anos” e para a possibilidade de que isso aconteça dentro de apenas sete anos. O cenário é mais pessimista do que o traçado no ano passado, que estimava que esse limite seria atingido em nove anos. “Parece inevitável que ultrapassemos a meta de 1,5°C do Acordo de Paris”, alertou Pierre Friedlingstein, diretor do relatório.

Segundo o estudo de referência, as emissões de CO2 na atmosfera, resultantes da utilização de carvão, gás e petróleo em todo o mundo para aquecimento, iluminação e transportes, deverão atingir novo recorde em 2023, com 40,9 mil milhões de toneladas (GtCO2).”Se toda a gente começar a emitir tanto quanto um americano, não vamos conseguir sair dessa situação” e caminharemos “para um aquecimento de 4°C”, alertou o físico francês Philippe Ciais.

Apesar dos esforços feitos por 26 países para reduzir as emissões de combustíveis fósseis, que representam 28% das emissões globais, principalmente a União Europeia (- 7,4%) e os Estados Unidos (-3%), isso não é suficiente, de acordo com o estudo. Uma vez que as emissões de CO2 deverão aumentar em nível mundial, especialmente na Índia (+ 8,2%) e na China (+ 4%). 

“Os líderes reunidos na COP28 terão de chegar a acordo sobre uma redução rápida das emissões de combustíveis fósseis, mesmo para manter o objetivo de 2°C”, defendeu o professor e climatologista britânico Pierre Friedlingste. 

Segundo ele, “as medidas para reduzir as emissões de carbono provenientes de combustíveis fósseis continuam a ser dolorosamente lentas” e “o tempo que nos resta até ao limiar de +1,5°C está diminuindo rapidamente, por isso temos de agir agora”.

No momento em que se discute precisamente o futuro dos combustíveis fósseis na 28ª Conferência do Clima da ONU, foi publicada nesta terça-feira a última versão do projeto de texto final que deixa diversas opções em cima da mesa, mostrando a divergência de opiniões sobre o assunto e as negociações intensas entre os países. 

Desde a “eliminação gradual, ordenada e justa dos combustíveis”, todas as opções estão em aberto no sexto dia da COP28. Esse texto-chave, em que figuram em 24 páginas as diferentes opções dos cerca de 200 países que negociam em Dubai, será a base de discussão com vistas à adoção de um documento final em 12 de dezembro. Ele pode ser a primeira “revisão global” do Acordo de Paris de 2015, em que poderá ficar decidido um afastamento dos combustíveis fósseis ou ser evitada mais uma vez a questão.

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