Geleiras do Peru foram dizimadas por mudanças climáticas

Lago formado pela água derretida da geleira Pastoruri, em Huaraz
19/9/2013 REUTERS/Mariana Bazo/Arquivo
© Reuters/Mariana Bazo

Por Agência Brasil — O Peru perdeu 56% de suas geleiras tropicais nas últimas seis décadas devido às mudanças climáticas, de acordo com novo levantamento do governo.

O Peru detém 68% das geleiras tropicais do mundo, e o aumento das temperaturas levou ao derretimento e à criação de novas lagoas de montanha, que correm o risco de transbordar e provocar inundações, disse o Instituto Nacional de Pesquisa de Geleiras e Ecossistemas de Montanha.

O relatório utiliza imagens de satélite feitas até 2020 e mostra que 2.084 glaciares cobrem 1.050 quilômetros quadrados (km²) no Peru, em comparação com os 2.399 km² de gelo e neve em 1962.

“Em quatro anos, de 2016 a 2020, perdemos quase 6% dessas geleiras de alta montanha”, disse Beatriz Fuentealba, diretora do instituto, da região de Ancash, onde muitas geleiras desapareceram.

Segundo o estudo, 164 lagoas foram formadas ou estão em processo de formação nos últimos quatro anos, elevando o número de glaciais para 8.466, cobrindo cerca de 1.081 km².

“As novas lagoas poderão ser, no futuro, reservas de água, mas estando em grandes altitudes provocam o perigo de transbordamentos e inundações”, disse Jesus Gomez, diretor de pesquisa sobre geleiras do Ministério do Meio Ambiente.

Quase todas as geleiras tropicais do Peru estão a mais de 6 mil metros acima do nível do mar, enquanto as novas lagoas estão à altitude entre 4 mil e 5 mil metros, diz o relatório.

Quase 20 milhões de peruanos se beneficiam direta ou indiretamente da água que desce das geleiras.

“Isto significa que perdemos mais da metade das nossas reservas de água”, disse a ministra do Ambiente, Albina Ruiz, observando que o recuo glaciar está afetando o ecossistema natural das montanhas.

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