Distúrbios durante manifestação em Madri deixam pelo menos 39 feridos

Por Agência Brasil — As manifestações dessa terça-feira (7) à noite em Madri contra a anistia a separatistas catalães terminaram com 39 feridos, 29 deles policiais, e com a detenção de seis pessoas, informaram as autoridades espanholas.

Milhares de pessoas voltaram ontem a protestar em Madri e outras cidades espanholas contra a anistia para envolvidos na tentativa de independência da Catalunha em 2017. O protesto na capital terminou com nova intervenção policial para dispersar a multidão.

As concentrações no início da noite, em frente às sedes do Partido Socialista Espanhol (PSOE), atualmente no poder na Espanha, estão sendo convocadas diariamente nas redes sociais por grupos de extrema-direita e têm sido apoiadas pelo Vox, a terceira força política no Parlamento.

Entre gritos e cartazes com palavras de ordem contra o PSOE e o líder do partido, o primeiro-ministro Pedro Sánchez, os manifestantes têm também dado vivas ao ditador Francisco Franco e exibido bandeiras espanholas do período da ditadura.

Segundo os serviços de emergência médica, 39 pessoas com ferimentos, 29 delas policiais, foram atendidas nessa terça-feira nas imediações da sede nacional do PSOE, em Madri.

Quatro dos feridos – policiais atingidos pelo lançamento de objetos – foram levados para o hospital. Seis pessoas foram detidas por desordem pública.

Nas imediações da sede nacional do PSOE, em Madri, concentraram-se cerca de 7 mil pessoas, depois de, na segunda-feira (6), terem se reunido no mesmo local mais de 3 mil, segundo números das autoridades.

Ontem, um grupo de mais de 500 pessoas deslocou-se para as imediações do Parlamento espanhol, passando pela Gran Vía, uma das principais avenidas do centro de Madri. Depois de alguns minutos perto do Parlamento, o grupo regressou à concentração em frente à sede do PSOE.

A manifestação foi dispersada pela polícia, após pouco mais de duas horas de concentração. Parte dos manifestantes já tinha abandonado o local e um grupo começou a atirar objetos nas forças de segurança e a tentar forçar as barreiras que haviam sido colocadas na rua e os cordões policiais.

Na segunda-feira, a polícia já tinha reprimido uma manifestação em Madri e três pessoas foram detidas. 

O PSOE suspendeu as atividades nas sedes que tem no país, por causa da possibilidade de concentrações violentas em frente aos edifícios.

O presidente do Vox (extrema-direita), Santiago Abascal, que esteve na concentração de Madri na segunda-feira, disse que o governo determinou a ação policial diante uma manifestação “pacífica e legal”. Ele pediu à polícia para “não cumprir ordens ilegais caso manifestações voltem a se repetir”. Abascal prometeu que as “mobilizações contra o golpe vão ser constantes e crescentes”.

Além do Vox, também na segunda-feira, o presidente do Partido Popular espanhol (PP, direita), Alberto Núñez Feijóo, disse que vai contestar os acordos do PSOE com os separatistas catalães “com todos os recursos, em todas as instâncias e em todos os âmbitos”, incluindo as ruas, e convocou manifestações em 52 cidades no próximo domingo (12).

O PP realçou que não está por trás das manifestações convocadas para as imediações das sedes do PSOE e Feijóo, apesar de culpar Sánchez pelo “mal-estar social”, pediu protestos “com respeito”.

Na sequência das eleições espanholas de 23 de julho, o PSOE está fechando acordos com partidos nacionalistas e separatistas catalães, bascos e galegos, que incluem anistia para independentistas da Catalunha que protagonizaram a tentativa de autodeterminação da região em 2017.

Se todos os acordos se confirmarem, Pedro Sánchez poderá ser reconduzido como líder do governo da Espanha.

Se até 27 de novembro não houver novo primeiro-ministro investido pelo Parlamento, a Espanha terá de repetir as eleições.

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