Custos da construção civil no RN recuam em fevereiro

Queda na demanda preocupa mercado da construção, fato que ajudou a reduzir custos em fevereiro. — Foto: Adriano Abreu

Os custos para a construção civil no Rio Grande do Norte, que haviam fechado em R$ 1.548,15 em janeiro deste ano, passou para R$ 1.547,96 no mês seguinte, o que corresponde a uma variação de -0,01%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao chamado Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi). Em janeiro passado, a variação registrada foi de 0,36% e de 0,60% em dezembro (os dados são resultado do comparativo com o mês anterior). Já em fevereiro do ano passado, o índice havia sido de 1,05%.

A variação nacional para fevereiro deste ano ficou em 0,08%, acima, portanto, do desempenho registrado no Rio Grande do Norte. No acumulado de 12 meses (fevereiro de 2022 a fevereiro de 2023), o índice foi para 14,51% no Estado (e para 9,92% no Brasil), abaixo dos 15,72% acumulados nos 12 meses imediatamente anteriores. De acordo com Sérgio Azevedo, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do RN (Sinduscon-RN), os dados apontam para um cenário de “quase estabilidade”, ao mesmo tempo em que indicam, também, para um desaquecimento do setor.

“Se a gente falar em estabilização de preços, pegando o viés inflacionário que a gente tinha, acho que a variação é positiva, ou seja, não estamos com aumento significativo de custos. Por outro lado, nós não temos esse aumento porque a demanda recuou. E nesse sentido, significa que estamos vivendo um desaquecimento no mercado”, explica Sérgio Azevedo. Segundo o IBGE, dos R$ 1.547,96 (custo do metro quadrado no RN no último mês de fevereiro), R$ 965,37 foram relativos a materiais (queda de R$ 0,19 frente a janeiro) e R$ 582,59 à mão de obra (estabilidade em relação ao mês anterior).

Sérgio Azevedo, do Sinduscon-RN, diz que a tendência, em relação ao quadro inflacionário que atingiu o setor, é de que a “situação se normalize”. O fator irá impactar diretamente no índice, algo esperado, segundo Azevedo. A preocupação, aponta, é com a falta de demanda. “O custo pode continuar caindo por uma questão de ajuste para reequilibrar os preços que foram inflacionados ao longo dos últimos meses ou por falta de demanda e achatamento de margem, o que não é esperado”, diz o presidente do Sinduscon.

“Nesse momento, é preciso aguardar para ver o que vai acontecer. Estamos nos três primeiros meses de um Governo novo, que tomou medidas, até certo ponto, entendidas como prejudiciais para a Economia. Então, nós precisamos entender quais são os impactos efetivos daqui para a frente, a depender dos ajustes na política econômica”, esclarece Sérgio Azevedo.

Segundo ele, na capital, o cenário se divide entre otimismo (para o segmento imobiliário) e preocupação (para a construção civil) para os próximos meses. “Noto um mercado extremamente otimista com as oportunidades que vão surgir em razão das modernização do Plano Diretor de Natal. Temos um mercado imobiliário otimista com as perspectivas de venda de produtos aliados ao PDN e que deverá restabelecer o protagonismo da cidade no mercado”, avalia.

“Por outro lado, observo o setor construção civil extremamente preocupado com a demanda de obras públicas. Nós não acreditamos na capacidade de investimentos por parte do Estado, que é o maior contratante desse segmento. Não sabemos se o Governo vai licitar tudo o que precisa ser licitado, se será um grande contratante e se vai ser adimplente. A gente precisa desses dois segmentos em pleno funcionamento, porque, além de gerar riqueza e distribuição de renda, eles empregam muita gente”, complementa Azevedo.

Ainda que com a variação de -0,01% registrada em fevereiro, se consideradas todas as unidades da federação e o Distrito Federal, o RN teve a quarta maior alta acumulada no preço do metro quadrado em 12 meses, atrás apenas de Mato Grosso (19,54%), Amazonas (16,37%) e Rondônia (15,62%). No ranking dos maiores custos da construção entre os estados, o RN aparece na 23ª posição, à frente apenas de Pernambuco, Espírito Santo, Alagoas e Sergipe, este último com o menor custo: R$ 1.485,95. Santa Catarina apresenta o custo mais elevado: R$ 1.906,26.

A variação é calculada pelo Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Senapi) em uma produção conjunta do IBGE e da Caixa Econômica Federal. As principais variáveis pesquisadas são os preços dos insumos e os salários da mão de obra utilizados na construção civil.

Tribuna do Norte