‘Tijolão’ de 1,4 kg deu início à era do telefone celular, há 50 anos

O engenheiro Martin Cooper segura com sua mão esquerda um aparelho celular contemporâneo e com sua mão direita o primeiro protótipo DynaTAC, usado para ligar para o concorrente da AT&T, então conhecida como Bell Labs. - Valerie Macon/AFP

Por Pedro S. Teixeira, Folha de S.Paulo — A história dos mais de 15 bilhões de telefones celulares no mundo começou 50 anos atrás, em 3 de abril de 1973.

Martin Cooper, engenheiro eletrotécnico da então empresa de rádio automotivo Motorola, ligou para um rival que trabalhava no Bell Labs, da AT&T, para informar que havia vencido a corrida da telefonia móvel.

“Estou ligando para você de um celular, mas um celular de verdade, pessoal, que cabe na mão”, disse Cooper para o engenheiro concorrente Joel Angel. Antes da reviravolta, a AT&T liderava essa disputa com seu sistema de transmissão de ondas celulares.

A noção de um celular que cabia na mão era diferente da atual. O primeiro DynaTAC pesava 1,4 kg e tinha 25 cm de comprimento. Um tijolo vazado de 19 cm de comprimento pesa em média 2,2 kg. O próprio Cooper, hoje com 94 anos, disse em entrevista à AFP na quinta-feira (30) que era impossível segurar o aparelho por mais de 25 minutos —o tempo que durava a bateria do dispositivo.

Ainda assim, Cooper liberou os telefones dos carros. Os aparelhos da AT&T ficavam acoplados a automóveis.

Para colocar o primeiro celular no mercado, a Motorola levou mais dez anos. Apenas em 1983, começou a vender o DynaTAC 8000x, por US$ 5.000 (US$ 15,4 mil em valores atuais, ou R$ 78 mil). Isso porque precisou desenvolver, com US$ 100 milhões, um sistema analógico de transmissão de rádio capaz de suportar a nova clientela, também chamado de DynaTAC.