RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Era outra pessoa. O sorridente e esfuziante (dentro do possível) Roberto Carlos que se apresentou na noite desta quarta-feira (20), na casa de espetáculos Qualistage, no Rio, em nada lembrava o que passou por aquele mesmo palco há exatamente uma semana. O cantor que mandou um fã calar a boca, irritou-se com os gritos da plateia e distribuiu as rosas ao fim do show com evidente má vontade -esse cara não era ele, quis explicar o Rei nesta nova apresentação.
“Quero falar um negócio… Depois do que aconteceu semana passada, para quem vier pegar as rosas, espera acabar a canção “Jesus Cristo”. É que se não, eu posso estar nervoso né. E quando eu fico nervoso, porra… (risos). Saiu sem querer, viu?! Meu negócio não é falar, é cantar. Quero cantar falando tudo o que sinto”, disse, dando aquelas risadas meio tortas que fazem a alegria de seus imitadores.
Além de ter ficado incomodado com o fato de o show anterior ter sido num dia 13 , Roberto teria se estressado ainda mais naquele dia com a aglomeração dos fãs antes da hora à beira do palco. Ávidos pelas rosas que ele joga ao fim do show, acabaram se antecipando e formando um bolinho de gente quase histérica aos pés do “Rei”.
É sempre assim: Roberto joga as flores depois de “Jesus Cristo”, que vem logo na sequência de “Como é Grande o Meu Amor por Você”. Nunca muda. Mas neste dia 13, uma outra música (“Cavalgada”) foi incluída de surpresa na sequência e seus fãs perderam a referência. Resultado: foram para a frente do palco antes da hora, o que tirou do prumo o sistemático Roberto.
“Isso é um sinal claríssimo de que está na hora de mudar alguma coisa”, diz o escritor e pesquisador Paulo Cesar de Araújo, autor da biografia não autorizada de Roberto. “Os fãs sabem exatamente o que vai acontecer, que músicas ele vai cantar, e em que ordem”, afirma. “Então todo mundo se sente à vontade para gritar quando chega perto da hora de pegar as rosas”. Para Araújo, se o cantor mudasse o setlist, a plateia assistiria ao show com mais atenção e menos histeria. “Ele deveria até pensar em parar de jogar as flores, o gesto já está muito mecânico”, sugere.