RN tem falta de testes e de inseticida contra a dengue

Kits de testes estão em falta a nível nacional, segundo a Secretaria Estadual de Saúde — Foto: Alex Régis

Por Tribuna do Norte — O Rio Grande do Norte tem sido afetado, em meio ao atual quadro de epidemia de dengue, pelo desabastecimento de testes sorológicos para a detecção da doença e do inseticida Cielo ULV, utilizado para ações de combate ao mosquito Aedes aegypti durante a circulação de carros fumacê. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), a indisponibilidade de insumos no Ministério da Saúde (MS) é o que está provocando o desabastecimento no RN e em outras unidades federativas do País.

A Sesap esclareceu que o Estado conta com testes para detecção de dengue e chikungunya por meio de biologia molecular, além de teste sorológico de dengue NS1. No entanto, estão em falta testes sorológicos para Dengue IgM e Chikungunya IgG e IgM. “Isso decorre das dificuldades enfrentadas pela Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública do Ministério da Saúde na importação desses kits, que estão em falta. Assim que o estoque for regularizado, haverá encaminhamento dos kits aos Laboratórios Centrais de Saúde de todos os estados”, explicou a pasta.

A TRIBUNA DO NORTE apurou que, por falta de testes os exames sorológicos para detecção da dengue estão suspensos em Caicó, no Seridó potiguar, sem prazo para a retomada da testagem. O Município também não recebe, há semanas, a visita de um carro fumacê. Moradores da cidade reclamaram da falta de um inseticida utilizado nas aplicações de combate ao mosquito.

De acordo com a Sesap, o inseticida utilizado no Rio Grande do Norte é o Cielo ULV, empregado no controle do Aedes aegypti para situações emergenciais com elevada transmissão das arboviroses dengue, chikungunya e Zika vírus, em aplicações com equipamento costal motorizado e também por meio de carros fumacê. A pasta explicou que há o desabastecimento desse insumo nos estoques do Ministério da Saúde e que tem atuado para tentar minimizar os impactos da falta do inseticida. Hoje, apenas Natal, Mossoró e Currais Novos utilizam carro fumacê, em razão da escassez do inseticida, bem como da situação epidemiológica dessas regiões.

No entanto, conforme a Secretaria, o insumo deverá acabar no próximo final de semana e não há prazo, por parte do Ministério da Saúde, para o envio do inseticida. “Inteiramos que a Sesap vem trabalhando insistentemente na tentativa de minimizar os problemas causados pela falta do Cielo ULV. Foram realizadas tentativas de empréstimo a alguns Estados vizinhos, mas não houve êxito devido à indisponibilidade do produto nos outros estados também”, afirmou a pasta.

A Sesap reforçou que, em razão do desabastecimento, é necessário intensificar as ações de rotina, “visando diminuir a transmissão de casos, com a realização de visita casa a casa, resgate de imóveis pendentes, mobilização da população e mutirões de limpeza”. Segundo a Secretaria, as ações de controle vetorial devem ser planejadas para serem executadas de forma permanente, promovendo a articulação sistemática com todos os setores dos municípios (educação, saneamento, limpeza urbana).

Conforme garantiu a Secretaria, tem sido realizada ampla mobilização com propagandas na imprensa e distribuição de panfletos junto às secretarias de Saúde e Educação, além de qualificação das equipes municipais.

“Realizamos oficina com agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias, e vamos atender os municípios com o carro fumacê até o final dessa semana, que é quando infelizmente acaba o insumo. O MS não sinalizou previsão de envio do Cielo para nenhum estado do país”, sublinhou a Sesap. A TRIBUNA DO NORTE procurou o Ministério da Saúde, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.

O Rio Grande do Norte vive, em 2022, uma explosão de casos de dengue – foram 4.006 confirmações, de acordo com o último Boletim Epidemiológico da Sesap sobre arboviroses, divulgado no dia 14 deste mês. Os casos prováveis eram 23.240. Dois óbitos haviam sido confirmados até o dia 4 de junho. Já os casos confirmados de chickungunya eram 1.349; os prováveis somavam 7.609. Não havia registro de óbitos.

Em relação à Zika, os números apontavam para 183 confirmações e 2.129 casos prováveis. Também não foram contabilizados óbitos. Um novo boletim será divulgado nesta quarta-feira (29), segundo a Sesap. Os números expressivos, especialmente em relação à dengue, fizeram com que o Governo do Estado oficializasse, via decreto, epidemia no Rio Grande do Norte. O decreto deveria, em tese, facilitar ações conjuntas para agilizar o acesso a insumos, como testes, larvicidas e inseticidas, vitais para a estratégia de combate à dengue.

O cenário de epidemia foi oficializado poucos dias depois de o MPRN cobrar do Governo do Estado o conserto de carros fumacê da Sesap. A informação, publicada no Diário Oficial, indicava que 11 dos 15 veículos da Secretaria estavam quebrados.

De acordo com a Sesap, 10 dos 11 veículos quebrados foram consertados. A pasta disse que aguarda a chegada de uma peça do exterior para o conserto do veículo que ainda aguarda por reparos.