Parlamentares repudiam deboche de Eduardo Bolsonaro à tortura sofrida por Miriam Leitão na ditadura

Em postagem nas redes sociais, deputado fez referência irônica a um dos métodos de tortura empregado contra a jornalista durante o regime militar — Foto: Reprodução

Por Luiz Felipe Barbiéri, g1 — Parlamentares repudiaram nesta segunda-feira (4) o deboche do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com relação à tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura militar (1964-1985).

Nas redes sociais, o parlamentar publicou uma resposta a um artigo compartilhado pela jornalista, na tarde deste domingo (3).

Ela escreveu que o presidente da República Jair Bolsonaro, pai de Eduardo, é um inimigo confesso da democracia. Miriam comentava declarações recentes de ataque de Bolsonaro às instituições democráticas. O deputado então respondeu: “Ainda com pena da [e acrescentou um emoji de cobra]”.

Miriam Leitão foi presa e torturada pelo governo militar durante a ditadura. A jornalista estava grávida. Em uma das sessões de tortura foi deixada nua em uma sala escura com uma cobra.

A líder do PSOL na Câmara, Sâmia Bomfim (PSOL-SP), disse que vai entrar com uma representação no Conselho de Ética da Casa contra Eduardo Bolsonaro. O PC do B informou que também vai acionar o Conselho de Ética.

“Miriam Leitão estava grávida quando usaram uma cobra numa sala escura para torturá-la. Um homem que faz piada com essa situação é desumano, repugnante”, afirmou Sâmia. “O deputado Bolsonaro, assim como seu pai, precisa responder pelos seus atos”, completou a parlamentar.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que a Câmara não pode aceitar as declarações do deputado.

“Minha solidariedade à Miriam Leitão, pelos ataques recebidos do filho de Bolsonaro. A Câmara dos Deputados não pode aceitar que um parlamentar faça uma declaração tão absurda e se mantenha impune. Foi assim que Bolsonaro abriu a Caixa de Pandora do fascismo no Brasil. Gravíssimo”, escreveu.

Veja mais manifestações de parlamentares e políticos:

Alessandro Vieira, senador (PSDB-SE)

“A estratégia dos Bolsonaros é clara: usar falas polêmicas para desviar a atenção da fome, da miséria e dos casos de corrupção que vêm surgindo no noticiário. A última foi um ataque grosseiro e inaceitável contra a jornalista Miriam Leitão, profissional com histórico impecável.”

João Amoêdo, fundador do partido Novo

“Esse tuíte deveria servir de alerta para todos os eleitores paulistas. Não seremos uma nação decente e próspera elegendo pessoas que fazem declarações inaceitáveis como essa. O respeito ao cidadão está acima de qualquer ideologia e é o mínimo que se espera de um parlamentar.”

Bohn Gass, deputado (PT-RS)

“Presa na ditadura, Miriam Leitão foi posta numa cela escura onde havia uma jiboia. Tortura! Terror! Mas Eduardo Bolsonaro fez um post inacreditável dizendo ter pena da cobra. O rapaz é tão monstruoso quanto o papai. Muitas vezes discordo da Miriam, mas ela tem a minha solidariedade.”

Reginaldo Lopes, deputado (PT-MG)

“A jornalista Miriam Leitão tem minha total solidariedade. O tweet de Eduardo Bolsonaro, lembrando da tortura que ela sofreu pela ditadura, é inaceitável e monstruoso. O Brasil é muito melhor que o bolsonarismo, que precisa ser derrotado em nome da nossa civilização.”

Professor Israel, deputado (PV-DF)

“O deboche de Eduardo Bolsonaro sobre a violência sofrida por Míriam Leitão mostra que tipo de gente chegou ao poder, em 2018. O Brasil precisa derrotar este pensamento no primeiro turno das eleições.”

Orlando Silva, deputado (PC do B-SP)

“Consultei o @PCdoB_Oficial e faremos representação contra Eduardo Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara pelo deboche afrontoso e desumano à tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão. Esse canalha sórdido não ficará impune!”

Alice Portugal, deputada (PC do B-BA)

“Repugnante, asquerosa e cruel a fala de Eduardo Bolsonaro sobre Miriam Leitão, que foi torturada grávida na ditadura. É inaceitável debochar das agressões sofridas pela jornalista no regime militar. Meu total repúdio e minha integral solidariedade à Miriam Leitão.”

Ivan Valente, deputado (PSOL-SP)

“Na mesma semana em que o partido do presidente filiou um estuprador, o filho do presidente fez referência covarde à ditadura. É civilizatório varrer essa gente do poder!”

Paulo Teixeira, deputado (PT-SP)

“Tenho nojo do que falou o Eduardo Bolsonaro sobre a Miriam Leitão. Fala de delinquente, de miliciano, de covarde!”

Alessandro Molon, deputado (PSB-RJ)

“Que tipo de monstro é capaz de debochar da tortura de uma mulher grávida?”

Randolfe Rodrigues, senador (Rede-AP)

“Miriam Leitão foi torturada grávida pela ditadura que a família Bolsonaro apoia. Esse comentário é nojento, covarde e asqueroso, o que reflete o que é essa família. Está chegando a hora de mandar esses bichos escrotos de volta para o esgoto. Minha solidariedade à Miriam Leitão.”