Saiba como evitar acidentes ao visitar falésias na praia de Pipa, no RN

Quadriciclo caiu de cima de falésia na praia de Pipa, no RN — Foto: Cedida
Quadriciclo caiu de cima de falésia na praia de Pipa, no RN — Foto: CedidaO Chapadão é uma conhecida falésia da Praia de Pipa, no litoral Sul potiguar — Foto: DivulgaçãoTurista de 19 anos cai de falésia da praia de Pipa durante passeio de quadricicloJovem de 19 anos foi socorrido com vida pela equipe da Unidade Mista de Saúde de Tibau do Sul, RN — Foto: CedidaStella Souza, de 33 anos, Hugo Pereira, de 32, e o filho deles, Sol de Souza, de 7 meses, morreram no local — Foto: Redes SociaisÁrea de falésia que desabou chegou a ser isolada em Pipa, em novembro de 2020 — Foto: Emmily Virgílio/Inter TV Cabugi

Por g1 RN — A queda de um turista de uma falésia com cerca de 30 metros de altura durante um passeio de quadriciclo na praia de Pipa, no Rio Grande do Norte, reacendeu o alerta sobre perigos de acidentes envolvendo essas atrações turísticas presentes no litoral potiguar e em outras partes do mundo.

A queda do turista ocorreu nesta segunda-feira (15), no Chapadão de Pipa. Um ano atrás, no dia 17 de novembro, uma família morreu após um bloco de falésia cair sobre o casal e o filho deles de 7 meses de idade.

Procurados pelo g1 RN, autoridades e especialistas em falésias ressaltaram que o turismo nesses locais é seguro, porém alertam que é preciso estar atento para evitar acidentes:

De acordo com o geógrafo e professor Rodrigo Freitas, coordenador do Projeto Falésias, da UFRN, as bordas da maioria das falésias no Rio Grande do Norte são sinalizadas com placas, que orientam os turistas a permanecerem a uma distância segura da borda. Ele ressalta que o litoral tem muito vento, o que pode facilitar o desequilíbrio.

A orientação também está presente em um manual sobre falésias publicado pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) em junho deste ano. Em caso de chuva, o manual orienta a aumentar ainda mais a distância da borda.

Outra orientação é evitar ficar próximo à base da falésia. Muitos turistas e banhistas locais costumam ficar perto dessas estruturas litorâneas para aproveitar a sombra que elas produzem.

Porém, há risco de desmoronamento de blocos de terra – foi um acidente como esse que matou a família em novembro de 2020 em Pipa. Os desmoronamentos são efeitos da forte erosão sofrido por essas estruturas, por causa das marés e ventos, por exemplo.

O professor orienta inclusive a evitar parar para tirar fotos nas placas de aviso sobre o perigo. “É uma cena comum ver as pessoas posando para foto ao lado da placa que avisa do risco de desmoronamento”, diz.

O manual do Idema orienta a observar sinais de que já houve deslizamento de terra na área próxima a falésia. Outros sinais observáveis são rachaduras e a presença de vegetação inclinada.

O Idema informou que o município de Tibau do Sul instala placas com orientação sobre risco de queda e desmoronamento nas falésias. A recomendação do órgão é que os turistas e moradores locais sempre obedeçam a sinalização e também os fiscais locais.

Coordenador do Projeto Falésias, criado neste ano na Universidade Federal do Rio Grande do Norte para fazer um estudo sobre as estruturas, o geógrafo e professor Rodrigo Freitas diz que o relatório final deverá indicar a retirada gradual de construções feitas sobre falésias em Pipa.

Por outro lado, ele ressalta que as estruturas geológicas têm importância turística, econômica e social que devem ser aproveitadas. O estudo deve ser concluído até o fim de novembro.

Pela legislação, a área de 100 metros entre a borda e o restante do continente são de motiroramento especial e nenhuma edificação deve ser feita pelo menos nos primeiros 33 metros da faixa, segundo o manual do Idema.

O Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente ainda informou por meio de sua assessoria de imprensa que as atividades de off road, como passeio de carros e quadriciclos no litoral potiguar são autorizadas por uma lei recentemente aprovada no RN, porém, que ainda está em fase de regulamentação.

O acidente envolvendo o turista de 19 anos aconteceu por volta das 16h de segunda-feira (15) nas falésias da região conhecida como Chapadão – um dos principais pontos turísticos da região. O resgate aconteceu na praia das Minas.

“Foi um milagre ele ter sobrevivido. A queda foi de cerca de 30 metros”, contou o assistente social da unidade mista de Tibau do Sul, Rosemberg Ferreira, que estava de plantão na segunda-feira (15).

Ele foi resgatado e recebeu os primeiros atendimentos na unidade do município e foi transferido para o Hospital Walfredo Gurgel, em Natal, onde passou por cirurgias. Ele teve fraturas no fêmur e na coluna, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, mas está com o quadro estável.

O acidente aconteceu praticamente um ano após parte de uma falésia desabar e matar uma família em Pipa, em Tibau do Sul. O caso aconteceu no dia 17 de novembro de 2020,.

As vítimas foram Hugo Pereira, de 32 anos, que era gerente de hotel, a esposa dele, Stella Souza, o filho de 7 meses, Sol, e o cachorro da família. Eles descansavam à sombra da falésia, quando parte dela caiu.

Após o acidente, estudos foram realizados na área para buscar soluções em relação à proteção das falésias. Em outubro, um estudo propôs a retirada planejada de construções nas falésias de Pipa.