Doze presos fogem da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, diz SEAP

Penitenciária de Alcaçuz em Nísia Floresta, Grande Natal, RN, Rio Grande do Norte — Foto: Anna Alyne Cunha/Inter TV Cabugi

Por Anna Alyne Cunha e Leonardo Erys, Inter TV Cabugi e G1 RN — A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio Grande do Norte (SEAP) confirmou que pelo menos 12 presos fugiram na madrugada deste sábado (17) da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, o maior complexo penal do estado.

Esse é o primeiro registro de fuga na unidade prisional em três anos. As polícias Militar e Penal foram acionadas para buscas na região e para a recontagem das pessoas presas na unidade.

Segundo a SEAP, os presos fugiram pelo sistema de ventilação da cela, que fica no banheiro. Eles aumentaram o tamanho da abertura com um vergalhão da cama.

Já do lado de fora da cela, os presos usaram uma teresa (corda feita de lençóis amarrados) para passar pela muralha da penitenciária.

Presos fugiram utilizando uma teresa da Penitenciária de Alcaçuz — Foto: Divulgação

De acordo com a secretaria, os fugitivos são todos da cela 9 da ala A do Pavilhão 4. Ao todo, a cela tinha 22 detentos – 10 deles não fugiram. A cela 9 é a mais próxima da muralha por onde os homens escaparam.

A SEAP informou que o Pavilhão 4 abrigava 738 presos antes da fuga e que, no total, a Penitenciária de Alcaçuz tinha 1.649 presos.

Os fugitivos

A Secretaria de Administração Penitenciária divulgou os nomes e as fotografias dos 12 fugitivos:

1 – Alziro Tony da Silva
2 – Antônio Marcos Sena da Silva
3 – Cleyton Marques de Mendonça
4 – Francisco Alef Guedes de Lima
5 – Francisco Damião Virgínio de Oliveira
6 – Francisco Eliomar Faustino Junior
7 – Francisco Ray Pereira da Costa
8 – Genilson Silva de Andrade
9 – Henrique de Oliveira Souza
10 – Ivanaldo Sales da Silva
11 – Max Soares da Silva
12 – Osvanildo Maria da Silva

Presos que fugiram de Alcaçuz — Foto: Divulgação/Seap
Presos que fugiram de Alcaçuz — Foto: Divulgação/Seap

O número de telefone do disque-denúncia da Seap é (84) 9 8105-1532.

Falha foi alertada, diz sindicato

A presidente do Sindicato dos Policiais Penais do RN, Vilma Batista, disse que a falha na estrutura de ventilação do banheiro, por onde os presos fugiram, já havia sido informada por policiais penais da unidade.

Vilma afirma também que a guarita 2 da unidade prisional está desativada, o que também pode ter facilitado a fuga. “A guarita 2 está desativada há muito tempo. A visualização não tem como ter, até porque não há iluminação nesse local [onde fugiram]. É um ponto cego”.

“Infelizmente havia uma falha na estrutura do banheiro, na ventilação, que já tinha sido alertada pelos policiais penais, pela direção, à secretaria [Seap], que era pra ter mandado a [equipe de] infraestrutura resolver esse problema, como também a preocupação com a guarita desativada”, disse.

Vilma disse ainda que uma vistoria que deveria ser feita diariamente nas celas não estava sendo possível por um problema estrutural, que impedia a entrada dos policiais penais com segurança no trecho.

Última fuga

A última fuga no presídio havia sido em fevereiro de 2018, quando Francisco Carlos dos Santos, de 34 anos, que era considerado um preso de “confiança”, escapou. Ele era qualificado para trabalhar na cozinha e como auxiliar de serviços gerais e foi recapturado no mesmo dia em Parnamirim, a cerca de 15 km.

Antes do caso de 2018, a última fuga havia sido em janeiro de 2017 durante a rebelião que culminou com a morte de 26 detentos. Daquela vez, o governo confirmou que 56 pessoas fugiram de Alcaçuz.

Penitenciária Estadual de Alcaçuz — Foto: Pedro Vitorino

Penitenciária Estadual de Alcaçuz

Em maio deste ano, o Governo do RN anunciou um investimento de R$ 7,6 milhões para a implantação de um sistema eletrônico de segurança inteligente que atua de forma integrada em todos os presídios do estado, sendo Alcaçuz uma das primeiras unidades programadas para receber a tecnologia.

Criada em 1998, a Penitenciária de Alcaçuz seria a solução para acabar com os problemas gerados pela Penitenciária Central Doutor João Chaves, conhecida por “Caldeirão do Diabo”, na Zona Norte de Natal.

Em 2017, a unidade passou pela sua pior crise em uma rebelião que terminou com a morte de 26 presos e a fuga de outros 56.