Covid avança: funerárias são orientadas a triplicar estoque de caixões

Associação que representa o setor funerário elaborou plano de emergência para evitar colapso à medida que país bate recordes de mortes — Foto: Reprodução

Por Metrópoles — A Covid-19 avança de forma atroz pelo Brasil, levando o país a bater recordes no números de casos e de mortes e pressionando, além do sistema de saúde, toda a infraestrutura funerária. Buscando evitar cenas dramáticas como filas de carros funerários na porta de cemitérios e enterros em valas coletivas, além da falta de itens como os próprios caixões, a Associação de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif) emitiu um alerta a filiados de todo o Brasil para a adoção de um plano de emergência.

“É angustiante a situação, porque há uma linha crescente de mortes. O sistema até tem capacidade para aguentar, mas não queremos testar nosso limite, porque ele é a porta do fim do mundo”, afirmou Lourival Panhozzi, presidente da entidade, em entrevista ao Metrópoles por telefone.

Com mais 2.648 óbitos registrados na quarta-feira (17/3), a média móvel de mortes causadas pela Covid-19 no Brasil bateu mais um recorde, chegando a 2.017 a cada 24 horas. O indicador, em comparação com o verificado há 14 dias, subiu 49%.

O plano de emergência enviado às funerárias prevê orientações como preparar um estoque de no mínimo três vezes o volume médio mensal de itens como urnas funerárias, máscaras e luvas. As empresas também foram orientadas a suspender férias de funcionários e até a convocar de volta quem estiver de férias.

“Pedi ainda para fazer um estudo sobre a capacidade dos cemitérios da região e também num raio de 50 km, para gerir a situação e evitar o uso de valas comuns, que são uma agressão”, afirma Panhozzi, explicando que enterros poderão ser realizados em cidades vizinhas às do morto para garantir um atendimento a todos.

“O objetivo é evitar muitos sepultamentos simultâneos em uma localidade, porque é isso que sobrecarrega”, completa ele.

Ainda segundo o representante das funerárias, é remota, mas não descartada a chance de o Brasil viver de novo uma crise como a de Manaus ainda no começo de 2020, quando chegaram a faltar caixões.

“Manaus teve a questão da distância, o transporte de urnas demora 15 dias. Agora estamos mais preparados, mas esperamos que essa bolha não continue a encher, senão pode estourar em alguns lugares. Esse vírus é muito malicioso, o aumento dos casos e mortes acontece muito rapidamente, não dá para prever, apenas para se preparar”, explica Lourival Panhozzi, que defende os esforços do plano de emergência como uma maneira de manter a dignidade na despedida.