Dossiê aponta impactos sociais causados por rompimento de barragem, em Brumadinho

'A ciência contribui na formulação de projetos e ações para a reconstrução', disse a pró-reitora de Extensão da UFMG, Claudia Mayorga, referindo-se aos prejuízos da tragédia — Foto: Reprodução/TV Globo

Por Alex Araújo, G1 Minas — Um dossiê com artigos sobre o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, aponta consequências, danos e reparação para as comunidades prejudicadas. A tragédia ocorrida em janeiro de 2019 deixou 270 mortos. Onze continuam desaparecidos.

O documento – que conta com sete textos, um cordel e uma entrevista – foi organizado pela professora do Departamento de Psicologia e pró-reitora de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Claudia Mayorga, e pela diretora do Centro de Pesquisas René Rachou, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Minas Gerais, Zélia Maria Profeta da Luz.

Para Claudia, a ciência contribui na formulação de projetos e ações para a reconstrução, já que houve contaminação de solos, rios, ar, impactos na saúde e rupturas nas dimensões ecológica, social, cultural e econômica.

O dossiê, finalizado em agosto deste ano, foi publicado na edição mais recente da Revista Ciência e Cultura, publicada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

“O objetivo do dossiê é apresentar perspectivas acerca dos impactos desse rompimento no âmbito social e socioambiental que marcaram um desastre desta magnitude. Foi pouco tempo entre um desastre e outro”, disse Claudia, referindo-se também ao rompimento da barragem em Mariana, em 2015.

No dia 5 de novembro de 2015, o rompimento da barragem de Fundão deixou 19 mortos e causou uma enxurrada de lama que inundou várias casas no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais.

A professora também acredita que os textos que compõem o dossiê podem contribuir para as áreas de educação, saúde e economia, por exemplo, por se tratar de um assunto que tem dimensões importantes.

Os trabalhos foram escritos com a colaboração de 20 pesquisadores, tem 57 páginas e produzido ao longo de 2019.

“A contribuição da ciência em um acontecimento como esse é na produção de informações, no conhecimento dos impactos, os danos, as perdas humanas e materiais, o monitoramento, a sistematização e análise dos inúmeros dados e informações relacionados ao acontecimento, além de colaborar com ações e políticas para a reparação desse processo”, respondeu.

O documento reúne artigos assinados por Maria Isabel Antunes Rocha, da Faculdade de Educação (FaE) da UFMG; Adriane Cristina de Melo Hunzicker, do Instituto de Geociências (IGC-UFMG); Lúcia Maria Fantinel, da FaE, membro da Frente Educação do Programa Participa UFMG; Léo Heller, professor aposentado da Escola de Engenharia da UFMG; e docentes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre outras instituições.