Enquanto 9 milhões têm salário cortado, deputados e senadores recebem antecipação de metade do 13º

Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, chegou a se dizer aberto a um diálogo sobre redução de salários — Foto: FDR

Por Folha — Enquanto 9,3 milhões de trabalhadores da iniciativa privada tiveram salários suspensos ou reduzidos em até 75%, os deputados e senadores não têm do que reclamar. A divulgação da folha de pagamento de junho mostra que cada um deles recebeu R$ 50 mil bruto. Trata-se da soma da remuneração mensal mais a antecipação de metade da gratificação natalina, prática exercida pelo Congresso todos os anos. Nenhum benefício dos parlamentares sofreu alteração durante a pandemia.

Entre as mordomias mantidas estão a verba mensal de gabinete, de R$ 111 mil, e o cotão, que vai de R$ 30,7 mil a R$ 45,6 mil, para gastos com alimentação, transporte etc.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chegou a se dizer aberto a um diálogo sobre redução de salários e verbas do funcionalismo que atingisse os três Poderes, mas acabou recuando após Paulo Guedes (Economia) se manifestar contrário ao corte nos vencimentos dos servidores públicos.

No mês passado, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o Executivo não pode reduzir o repasse de verbas aos poderes Legislativo e Judiciário em tempos de crise financeira.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) começou há duas semanas a recolher assinaturas para a PEC que altera a composição do Conselho Nacional do Ministério Público. Como mostrou o Painel, o texto dá mais uma cadeira para indicação do Legislativo e coloca pressão no órgão para punir Deltan Dallagnol. A proposta tem 41 assinaturas até agora e precisa de 171.

Orlando Silva (PC do B-SP) se irritou com o levantamento do Ranking dos Políticos, que apontou que os parlamentares da sua legenda foram os que mais usaram, proporcionalmente, a cota de gastos e o Novo, o que menos usou. “Essa bancada, criticada, teve 6 dos 9 entre as cabeças do Congresso. E o Novo? Quantos? Nós trabalhamos muito!”, disse.