Carnaval: metade das escolas de samba do Rio é contra desfile antes de vacina

A imunização é a grande esperança para a realização do evento em 2021 — Foto: Divulgação/Riotur

Por CNN Brasil — Pelo menos seis das 12 escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro defendem que o carnaval só seja realizado após o desenvolvimento de uma vacina para contra a Covid-19. De acordo com os comandos de Mangueira, Imperatriz Leopoldinense, Vila Isabel, Beija-Flor, São Clemente e Grande Rio, a imunização é a grande esperança para a realização do evento em 2021.

A Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (LIESA) vai se reunir, na noite desta terça-feira (14), com todos os presidentes das escolas do grupo especial, para tratar sobre o futuro da festa. A transferência de data ou até mesmo o cancelamento dos desfiles são pautas da reunião.

O presidente da São Clemente, Renato Almeida Gomes, disse à CNN que, haja o que houver na reunião de logo mais, a escola não desfilará enquanto não existir uma vacina contra a Covid-19. O dirigente da escola de Botafogo, a única da Zona Sul do Rio no Grupo Especial, diz que a decisão é para preservar os componentes da agremiação e os esforços feitos pela comunidade para produzir máscaras para profissionais de saúde e capotes impermeáveis.

Fernando Fernandes, presidente da Unidos da Vila Isabel, diz não acreditar no carnaval tão cedo. De acordo com ele, os desfiles só serão possíveis depois da elaboração da vacina. “Não tem como fazer Carnaval enquanto milhares de pessoas morrem ao mesmo tempo. É uma insanidade”.

Outro que faz coro é Marquinhos Fernandes, diretor geral de carnaval da Imperatriz Leopoldinense – campeã da Série A, que volta em 2020 ao Grupo Especial –, que confirmou que a verde e branco de Ramos é contrária à realização do Carnaval enquanto não houver vacina.

“A Imperatriz ama o Carnaval e quer desfilar, mas desde que haja vacina. Eu preciso de aglomeração no barracão, na quadra, no desfile, e não tem como produzir carnaval assim. Então, se tiver uma vacina, nós vamos”, afirmou.

A Grande Rio, de Duque de Caxias, se posicionou sobre o assunto por meio de uma nota: “A Grande Rio entende que somente há condições de realização do Carnaval se houver imunização da população, para que possamos trabalhar de forma segura. Estamos dispostos a seguir rigorosamente as orientações das autoridades de saúde”.

Outras seis escolas não quiseram confirmar a posição sobre o Carnaval 2021: a atual campeã Viradouro, de Niterói, a Portela, o Salgueiro, a Unidos da Tijuca, o Paraíso do Tuiuti e a Mocidade Independente de Padre Miguel.

Adiamento

O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), afirmou que irá propor um adiamento conjunto do Carnaval 2021 para São Paulo, Rio de Janeiro e outras grandes cidades que recebem a festa caso a pandemia do novo coronavírus ainda impacte a livre circulação de pessoas nas ruas. Ele sinalizou que uma possibilidade é realizar o Carnaval entre maio e junho do ano que vem para que a festa não seja cancelada por completo.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), disse que também começou as discussões para o adiamento da festa. “Eu falei com o prefeito ACM Neto, liguei assim que ele fez essa declaração. A cidade de São paulo também quer discutir conjuntamente o adiamento do Carnaval. Ele [prefeito de Salvador] precisa de 3 a 4 meses para preparar o carnaval, nós precisamos de mais por causa dos desfiles das escolas de samba. As escolas realizam vários ensaios que juntam 2 mil, 3 mil pessoas em seus barracões. Começamos a debater com as escolas de samba, e esperamos poder anunciar um adiamento em conjunto, seja Salvador, Rio de Janeiro, pensar com alguma cidade”, afirmou em entrevista à rádio Band News