Em áudio vazado, Queiroz afirma que Ministério Público tem ‘cometa para enterrar’ nele

Fabrício Queiroz movimentou mais de R$ 1,2 mi de 2016 a 2017, enquanto estava lotado no gabinete de Flávio Bolsonaro — Foto: Reprodução/Instagram.

Por Poder 360 — Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), Fabrício Queiroz disse que o MP (Ministério Público) “tem 1 cometa para enterrar na gente”, em referência a ele próprio e ao filho do presidente Jair Bolsonaro. A afirmação foi feita em áudio obtido e divulgado pela Folha de S.Paulo neste domingo (27.out.2019).

“É o que eu falo, po. O cara lá está hiperprotegido. Eu não vejo ninguém mover nada para tentar me ajudar aí, entendeu? Ver e tal… É só porrada, cara. O MP [Ministério Público] tá com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente e não vi ninguém agir”, disse em julho deste ano.

Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro são investigados por 1 suposto esquema de “rachadinha” instalado no gabinete do senador, quando este exercia mandato como deputado estadual na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) detectou movimentações atípicas de Queiroz na ordem de R$ 1,2 milhão de janeiro de 2016 a janeiro de 2017. O MP do Rio de Janeiro abriu investigação, que foi suspensa no último dia 30 pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

ÁUDIOS VAZADOS

Em outras gravações obtidas pela Folha de S.Paulo, Queiroz disse que tem vontade de voltar para o PSL e “lapidar a bagunça” pela qual passa o partido. A fonte que passou o material foi mantida sob sigilo.

“Resolvendo essa pica que está vindo na minha direção, que se Deus quiser vai resolver, vamos ver se a gente assume esse partido aí, cara. Eu e você de frente aí. Lapidar essa porra”, afirmou a 1 interlocutor não identificado.

Queiroz acrescentou ao interlocutor para ficarem os 2 “de frente” e “blindar” os problemas partidários. Atualmente, Flávio Bolsonaro é quem comanda o diretório do PSL no Rio. O irmão e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) está à frente do diretório em São Paulo.

“Então, cara, eu politicamente, só posso ir para partido. Trabalha isso aí com o chefe aí. Passando essa ventania aí, ficamos eu e você de frente. A gente nunca vai trair o cara. Ele sabe disso. E a gente blinda, a gente blinda legal essa porra aí. Espertalhão não vai se criar com a gente”, afirmou.

O ex-assessor disse que o governo está sendo feito de “chacota” e que está “pegando mal” a atividade do presidente Jair Bolsonaro no Twitter. Afirmou que Bolsonaro deveria “dar porrada” no presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e que o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) deveria ir “no calço” de Maia.

“Estão fazendo chacota do governo dele. Rodrigo Maia está esculachando. Rodrigo Maia… As declarações dele humilha [sic] o Jair. Jair tinha que dar uma porrada nesse filha da puta. Botar o [ministro da Justiça] Sergio Moro para ir no calço [sic] dele. Tem pica na bunda dele aí, antiga”, falou em março.

Numa outra gravação, Queiroz dá a entender que Bolsonaro comunicou a ele que demitiria a funcionária-fantasma do gabinete de 1 de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). O ex-assessor fala sobre Cileide Barbosa Mendes, de 43 anos, doméstica da família.

“Na época, o Jair falou para mim que ele ia exonerar a Cileide porque a reportagem estava indo direto lá na rua e para não vincular ela ao gabinete. Aí ele falou: ‘Vou ter que exonerar ela assim mesmo’. Ele exonerou e depois não arrumou nada para ela não? Ela continua na casa em Bento Ribeiro?”, perguntou.

Na última 4ª feira (24.out), o jornal O Globo publicou numa reportagem que Queiroz supostamente continuava ativo em indicações para gabinetes. O ex-assessor afirmou que seria possível ser escolhido para cargos sem que houvesse vinculação direta à família Bolsonaro:

“Tem mais de 500 cargos lá, cara, na Câmara, no Senado… Pode indicar para qualquer comissão, alguma coisa, sem vincular a eles [família Bolsonaro] em nada. Vinte continho pra gente caía bem, pra caralho, caía bem pra caralho. Não precisa vincular a um nome.”