Indicado a prêmio, livro de Lula terá versão atualizada com perguntas respondidas da prisão

'A verdade vencerá' concorre na categoria 'livro brasileiro publicado no exterior' com sua versão espanhola — Foto: Isabella Lanave.

Por Época — Indicado nesta última quinta-feira ao 61º Prêmio Jabuti, na categoria Livro Brasileiro Publicado no Exterior, o título A verdade vencerá , escrito pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e editado pela Boitempo, deverá ganhar uma versão revista e ampliada. Segundo a editora, a atualização foi planejada há dois meses por conta do quase esgotamento da primeira tiragem de 30 mil exemplares. Lula deverá responder às perguntas através de cartas da prisão.

A verdade vencerá , que foi publicado em março de 2018, reúne três entrevistas que Lula concedeu em fevereiro daquele ano a Ivana Jinkings, fundadora e diretora da Boitempo, Juca Kfouri, Maria Inês Nassif e Gilberto Maringoni. A ideia dos encontros, que aconteceram no Instituto Lula, vieram de Jinkings, que conversou com ÉPOCA sobre o processo de criação do livro.

“Foi logo após o segundo julgamento [de Lula]. Achei muito arbitrário e comentei com o assessor do ex-presidente que ele deveria escrever um documento. Fui inspirada por uma carta de Fidel Castro chamada ‘A história me absolverá'”, explicou a editora.

Ela contou, também, que após conversas com outras pessoas, que consideraram que Lula não teria condições de escrever tantas páginas naquele momento, surgiu a ideia do formato de entrevista.

Os encontros duraram cerca de quatro a cinco horas cada, e foram conduzidos por Jinkings e entrevistadores que foram escolhidos pela editora. Segundo ela, o ex-presidente deixou claro que não queria intervir na criação do material.

“Foi um processo bem aberto e buscamos pessoas de perfis distintos. Ele combinou que não fosse feito nenhuma restrição aos assuntos que iríamos abordar e nem tentou mexer no processo de edição”, explicou Jinkings.

Ela descreveu também o processo de escolha de editora. Segundo ela, o fato de a Boitempo ter publicado livros anteriores que fazem crítica aos governos de Lula foi um fator determinante para que o ex-presidente aceitasse a proposta. “Ele disse que não faria se fosse por uma editora alinhada com ele, que do contrário não teria respeito.”

Sobre os encontros com Lula apenas semanas antes de sua prisão, Jinkings contou que o ex-presidente demonstrava calma. “Ele é uma pessoa surpreendente e impressionante. Estávamos mais preocupados do que ele, que estava vigoroso. Na terceira entrevista, inclusive, foi ele que trouxe e propôs diversos dos assuntos que queria abordar, o que foi muito importante.”

Além das entrevistas, A verdade vencerá também conta com textos Eric Nepomuceno, Luis Fernando Verissimo, Luis Felipe Miguel e Rafael Valim.

VERSÃO INTERNACIONAL

Lançado às vésperas da prisão do ex-presidente, que aconteceu em abril, o livro já teve diversas edições estrangeiras. Há versões na Argentina, na Itália, nos Estados unidos, na Índia e deverá sair em francês. A escolhida para o Jabuti, porém, foi a da editora espanhola El Viejo Topo.

No Jabuti, a própria editora brasileira indicou a versão estrangeira para concorrer ao prêmio. Na categoria, A verdade vencerá concorre com edições de livros de Julián Fuks, Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Starling, Mauricio Negro, Daniel Galera, José Mauro de Vasconcelos, Bernardo Carvalho e Reinaldo Domingos.

Os finalistas foram avaliados por três especialistas da categoria, que julgam as estratégias de promoção e divulgação no exterior, a contribuição para a disseminação da cultura e/ou literatura do país e a estratégia de distribuição do volume.

Segundo o próprio Jabuti, o prêmio de Livro Brasileiro Publicado no Exterior é para as editoras e não para os autores, e serve de incentivo para a internacionalização da literatura brasileira.