Focos de queimadas na Amazônia são quase 5 mil em setembro, segundo o Inpe

Dado mais recente do Programa Queimadas é do domingo (8). Informações são obtidas por meio de satélites. — Foto: Amanda Perobelli/Reuters.

Por G1 — O mês de setembro registra 4.935 focos de queimadas no bioma Amazônia, de acordo com o sistema de monitoramento de focos ativos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O dado mais recente do Programa Queimadas é do domingo (8). O sistema tem atualização diária.

Do início de janeiro até o dia 8 de setembro de 2019, o bioma Amazônia acumula 51.760 focos de queimadas. No mesmo período do ano anterior, foram 34.995 focos. O aumento neste ano é, portanto, de 48%.

Considerando todo o território nacional, o mês de setembro de 2019 começou com menos focos ativos do que setembro de 2018. Até o dia 8, são 12.285 focos de queimadas em setembro deste ano, ante 17.705 nos mesmos dias do ano passado.

No bioma Amazônia, setembro deste ano também registrou menos queimadas nos primeiros dias. Foram 12.831 focos nos primeiros 8 dias de setembro do ano passado, contra 4.935 focos no mesmo período neste ano.

No acumulado do ano, de janeiro até 8 de setembro de 2019, o sistema registra 102.786 focos no Brasil, o que representa um aumento de 45% ante os 70.631 focos observados no mesmo período de 2018.

Média de setembro na Amazônia

A média mensal dos últimos anos para setembro no bioma Amazônia é 33.426 focos. O recorde para o mês foi atingido em 2007, quando o índice chegou a 73.141 focos.

Desde o início da série de monitoramento, em 1998, em quase todos os anos o número total de focos no mês de setembro é maior do que o de agosto – dos últimos 21 anos, somente em 5 deles o mês de setembro teve menos focos do que agosto.

A temporada de queimadas na Amazônia geralmente se estende durante todo o período de clima mais seco na região, que costuma ir de julho a outubro, mas pode variar de estado para estado.

Maior número em 9 anos

O mês de agosto deste ano terminou com o maior número de focos desde 2010 e registrou índice 19% acima da média dos últimos 21 anos. As queimadas no bioma Amazônia aumentaram 196% em agosto, chegando a 30.901 focos ativos, ante 10.421 no mesmo mês do ano passado.

A média de focos do mês de agosto foi ultrapassada no dia 25, quando o site do Inpe indicava 25.934 focos de incêndio no bioma.

Se considerarmos todo o território do país, as queimadas também tiveram alta: foram 51.936 focos em agosto, aumento de 128% em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando foram identificados 22.774 focos. Estes são os maiores números registrados para agosto desde 2010, ainda de acordo com dados do Inpe.

Entre janeiro e agosto foram 90.501 focos em todo o país, ante 52.926 no mesmo período do ano passado – um crescimento de 71%. Trata-se do maior índice em nove anos.

Mesmo com chuva, Amazônia tem mais queimadas

A Amazônia teve mais chuvas, mais queimadas e mais alertas de desmatamento entre janeiro e agosto em 2019 do que o registrado no bioma nos mesmos períodos desde 2016. De janeiro a agosto, choveu 11% a mais e houve 34% mais focos de queimadas do que a média de 2016 a 2019.

Os dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e do Inpe foram compilados pelo G1. O período de análise não pôde ser anterior a 2016 porque o sistema de monitoramento de desmate mudou e não permite comparações mais antigas.

Em 23 de agosto, durante pronunciamento em rede nacional, Bolsonaro afirmou que a alta de queimadas estava relacionada à falta de chuvas.

“Estamos numa estação tradicionalmente quente, seca e de ventos fortes em que todos os anos, infelizmente, ocorrem queimadas na região amazônica. Nos anos mais chuvosos, as queimadas são menos intensas. Em anos mais quentes, como neste, 2019, elas ocorrem com maior frequência”, afirmou o presidente da República.

Especialistas afirmam que o fogo na Amazônia é causado principalmente pela ação humana.

“Quando é mais seco, a gente pode esperar um aumento grande de queimadas. Mas não dá para dizer que isso está acontecendo este ano. Todas as evidências são de incêndios em áreas desmatadas”, diz Carlos Nobre, cientista e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados de São Paulo.

Francisco de Assis Diniz, chefe da previsão do tempo do Inmet, afirmou que “não é um ano mais seco, não tem nenhum local na Amazônia que passou mais de 40 dias sem chuva”.