Para a polícia, prisão na operação do MP é estratégica para investigação do caso Marielle

Ronald Paulo Alves Pereira, major da PM, chega preso à Cidade da Polícia — Foto: Reprodução/GloboNews

Por Henrique Coelho, G1 Rio — Agentes da Polícia Civil que trabalham no caso Marielle Franco consideraram a prisão do major Ronald Paulo Alves Pereira estratégica para a investigação. Eles suspeitam da participação dele no crime, mas não especificam qual seria o nível de envolvimento.

O major foi um dos cinco presos na Operação Intocáveis, do Ministério Público e da Polícia Civil, nesta terça-feira (22). Ele é suspeito de chefiar uma milícia que age em grilagem de terras na zona Oeste do Rio.

“Todos esses presos serão ouvidos, na expectativa de que possam colaborar em outras investigações. A gente não descarta a participação no crime de Marielle Franco, mas não podemos afirmar isso neste momento”, disse a promotora Simone Sibilio.

De acordo com o Ministério Público, o major Ronald era um dos principais envolvidos com o ramo imobiliário ilegal na região de Rio das Pedras, construindo casas na região.

“Ele exercia liderança até pela sua própria condição também, e tem forte influência no ramo imobiliário ilegal. Há farta documentação comprovando isso”.

“Algumas pessoas que foram presas hoje também integram o escritório do crime, mas a investigação Teve como objetivo combater essa organização em Muzema e Rio das Pedras presos”, acrescentou Simone, sobre o grupo paramilitar investigado por execuções no Rio.

Ronald Paulo Alves Pereira, quando era lotado no 16º BPM, foi homenageado pelo senador eleito Flávio Bolsonaro, em seu mandato de . A condecoração aconteceu meses depois de ele ser apontado como um dos autores da Chacina da Via Show, que deixou cinco jovens mortos após a saída de uma casa de festas em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Até hoje o major – agora apontado como chefe da milícia da Favela da Muzema – não foi julgado pelo crime.

“Sobre as homenagens prestadas a militares, sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens. Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos”, escreveu Flávio Bolsonaro nesta terça, em suas redes sociais.

O grupo preso hoje é suspeito de comprar e vender imóveis construídos ilegalmente na Zona Oeste do Rio, além de crimes relacionados à ação da milícia nas comunidades de Rio das Pedras, Muzema e adjacências, como agiotagem, extorsão de moradores e comerciantes, pagamento de propina e utilização de ligações clandestinas de água e energia.