Miliciano suspeito da morte de Marielle diz ao MPF que ‘jogo do bicho’ pagava a polícia para não esclarecer homicídios

Jornal Nacional teve acesso, com exclusividade, a depoimento de Orlando de Curicica (Foto: Reprodução/TV Globo)

Do G1 – O Jornal Nacional teve acesso, com exclusividade, ao depoimento de um dos principais suspeitos da morte da vereadora Marielle Franco. Orlando Oliveira de Araújo falou ao Ministério Público Federal em Mossoró, no Rio Grande do Norte, e fez várias acusações contra a Polícia Civil do Rio.

Segundo o miliciano, havia um esquema financiado por contraventores do jogo do bicho para que um grupo de matadores de aluguel, conhecido como Escritório do Crime, agisse sem que a Delegacia de Homicídios desvendasse assassinatos. A Polícia Civil nega e diz que o criminoso tenta desmoralizar e desacreditar a instituição.

Orlando diz que não sabe quem mandou matar a Marielle, mas acredita que a vereadora foi assassinada por um grupo de assassinos profissionais, pela forma como o crime foi praticado.

Segundo ele, esses grupos nunca usam armas de um único disparo. Só armas de rajada. Orlando também chama a atenção para o tipo de carro usado. Normalmente são carros sedan. Brancos ou cinzas, cores mais comuns, para não serem rastreados.

Placa com homenagem a Marielle Franco foi inaugurada na tribuna da Câmara do Rio — Foto: Divulgação

Suposta propina de R$ 300 mil

A suposta corrupção na Divisão de Homicídios, segundo o miliciano, envolvia até a chefia. Ele disse o ex-titular da Homicídios, Rivaldo Barbosa, atual chefe da Polícia Civil, recebeu R$ 300 mil para não investigar a morte de um contraventor, que teria sido assassinado a mando do jogo do bicho em 2016. Orlando diz que viu o dinheiro numa bolsa verde.

Segundo Orlando, pelo menos 12 homicídios do Escritório do Crime deixaram de ser desvendados mediante pagamento da propina. Entre eles, o do então presidente da Portela, Marcos Falcon.

No depoimento, Orlando revelou que havia um esquema de distribuição de dinheiro do jogo do bicho tanto para a Secretaria de Segurança – que ficava com R$ 500 mil – quanto para as delegacias, que recebiam de R$ 6 mil a R$ 40 mil. Mas não disse com que frequência o valor era pago pelos contraventores.

Ele admitiu que ele mesmo deu dinheiro para a Divisão de Homicídios. Disse que os policiais cobraram R$ 20 mil reais para liberarem a mulher dele depois de encontrarem uma pistola na casa deles. E que o dinheiro foi para equipe então chefiada pelo delegado Rivaldo Barbosa. Ele nega.

Em outra ocasião, disse que pagou para não ser preso pelos policiais da Delegacia de Homicídios. E que morou seis anos no mesmo endereço e não o prenderam porque não quiseram.

O depoimento dado aos procuradores do Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte foi enviado à Procuradoria Geral da República, em Brasília.

Ler matéria na íntegra CLICAR AQUI.