Por Carolina Wolf e Bibiana Dionísio, RPC e G1 PR — Curitiba
Allana Brittes, de 18 anos, suspeita de envolvimento da morte de Daniel, trocou mensagens via WhatsApp com a mãe e com a tia do jogador de futebol um dia depois do crime. As mensagens fazem parte do inquérito que apura a morte do atleta.
Daniel e outras pessoas participaram da festa de aniversário de Allana em uma boate em Curitiba na noite de sexta-feira (26). Na madrugada de sábado (27), o grupo foi para a casa da família Brittes em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana da capital.
Lá, de acordo com a polícia, Daniel foi espancado e depois levado por Edison Brittes, pai de Allana, para o matagal, onde foi encontrado morto.
De acordo com o Instituto Médico-Legal (IML), inicialmente, a causa da morte foi ferimento por arma branca. A polícia afirma que o órgão genital do jogador foi cortado.
Questionada pela família onde estaria Daniel, Allana respondeu que não sabia dele, que não houve briga na casa dela e que o jogador foi embora, sozinho, por volta das 8h da manhã de sábado.
“Ele só deu tchau, levantou e foi embora”, diz a mensagem.
Allana Brittes, de 18 anos, o pai dela Edison Júnior, de 38 anos, e a mãe Cristiana Brittes, de 35 anos, foram presos temporariamente. A família é suspeita de envolvimento na morte do atleta.
Edison confessou ter matado o jogador. Disse que cometeu o crime porque Daniel tentou estuprar a esposa dele.
Em um vídeo gravado pela defesa da Allana, antes de ser presa, a jovem diz que conhecia Daniel há menos de um ano. Segundo a jovem, ela nunca teve relacionamento com Daniel e ele não foi convidado para ir à casa dela.
Ela relata que após uma gritaria, viu Daniel em cima da mãe dela tentando estuprá-la e que “todo mundo queria fazer alguma coisa contra ele”.
As mensagens
Durante a conversa, no domingo (28), Allana diz que está indo ao Instituto Médico-Legal (IML) com os pais e diz para a mãe de Daniel ficar tranquila. “Se Deus quiser não vai ser ele. Vamos ter fé. Vai dar tudo certo”.
Em seguida, a mãe manda uma mensagem de áudio dizendo que Daniel está morto. Allana escreve que não acredita. ”Não acredito nisso. Me diz que é mentira”.
Na segunda-feira (29), Allana pede informações sobre o velório de Daniel.
Então, quem passa a responder as mensagens é a tia de Daniel. Ela faz perguntas sobre quem estava na casa da Allana, que horas Daniel havia saído, quem era a menina com quem Daniel estava, se essa menina era solteira e se havia ocorrido alguma briga.
Allana responde que Daniel foi embora sozinho, umas “8h e pouco”, dá o nome de quem seria a menina, fala que essa menina estava dormindo com ela quando Daniel foi embora e que não havia ocorrido nenhuma briga na casa dela.
“Claro que não, imagina! Era a minha casa! Ele só deu tchau, levantou e foi embora”.
O promotor responsável pelo caso, João Milton Sales, considera que que Allana demonstrou frieza na troca de mensagens.
“Isso demonstra a frieza com que essa menina com tenra idade se comportou nesta situação. Ela sabia que o Daniel já tinha sido mutilado, ela sabia que ele já estava morto e ainda estava conversando com a mãe do rapaz”, diz o promotor.
Segundo o promotor, houve uma tentativa de encobrir o crime “hediondo, brutal, grotesco que cometeram”.