Três Poderes gastaram R$ 2 bilhões com passagens e diárias em 2017

Executivo, Legislativo e Judiciário atingiram marca bilionária. Exemplo mais recente é viagem de chanceler pela Ásia, com hotéis de luxo (Foto: Divulgação)

luxuosa viagem à Ásia do ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, com uma comitiva de 11 pessoas gerou críticas entre especialistas em gastos públicos. Em reportagem publicada nesse domingo (10/6), o Metrópoles mostrou que a excursão da equipe custou R$ 279,7 mil, com estadia e passagens aéreas.

Só com hospedagem, a missão gerou gastos de US$ 54.057,89 (aproximadamente R$ 210 mil). Entre os hotéis da lista, havia um de sete estrelas, o Wanda Reign Xangai (foto em destaque).

“No momento em que o país vive um deficit fiscal de R$ 159 bilhões, qualquer contenção de gastos é desejável. Cabe às autoridades darem o exemplo aos servidores”, afirma o especialista em gastos públicos Gil Castello Branco, secretário-geral da organização Contas Abertas.

Em 2017, os três Poderes brasileiros gastaram mais de R$ 2 bilhões com bilhetes aéreos, locomoção e diárias. As informações estão no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do Tesouro Nacional, ao qual a Contas Abertas tem acesso. “Esse é um gasto nada desprezível que se forma com pequenas viagens”, diz Castello Branco.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) justificou a expedição. “O périplo por sete países da Ásia (China, Coreia do Sul, Indonésia, Japão, Singapura, Tailândia e Vietnã) visou explorar o enorme potencial inexplorado nas relações do Brasil com a região”, ressaltou o órgão.

Ainda segundo o Itamaraty, a missão “buscou recuperar o tempo perdido, colocando a Ásia no centro da política externa brasileira”. Para executar a tarefa oficial, a equipe ficou acomodada em estabelecimentos de cinco estrelas e no sete estrelas Wanda Reign Xangai, o primeiro da categoria na região. “Os hotéis são compatíveis com o nível de representação de uma visita ministerial”, justificou.

Avião à disposição
O grupo também dispôs de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) por 23 dias, apesar de ter comprado passagens em linhas comerciais. Entre os passageiros da aeronave, estava a mulher do ministro, a jornalista Gisele Sayeg. “A participação da senhora Gisele Sayeg na viagem não gerou custo para o erário, e não há impedimento legal à sua participação neste caso”, afirmou o MRE em nota oficial.

“O limite entre o que é essencial e o que é supérfluo é o bom senso. Analisar se uma viagem como essa dá resultados à altura do investimento é muito complicado”. Gil Castello Branco

Do Metrópoles