Levantamento aponta que o RN é um dos maiores polos do PCC em todo Nordeste

RN, Ceará e Alagoas concentram 73% das atividades do PCC no Nordeste (Andressa Anholete / AFP)
Uma das possíveis motivações para que os índices de criminalidade continuem crescendo de maneira assustadora no Rio Grande do Norte foi descoberta em levantamento inédito feito pelo UOL e divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo. Segundo os dados analisados pela reportagem, que foram colhidos pelos profissionais junto as Secretarias de Justiça dos nove estados nordestinos, o RN é, ao lado do Ceará e de Alagoas, um dos principais pontos de concentração de membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa fundada em São Paulo e que atualmente está presente em todo país.

Juntos, Rio Grande do Norte, Ceará e Alagoas concentram nada menos do que 73% das atividades do PCC em solo nordestino. Ao todo, a região abriga quase 4 mil membros, sendo 970 somente em Alagoas. No relatório divulgado, os pesquisadores não especificaram os números detalhados de membros do RN e do Ceará, mas afirmaram que o estado cearense é o segundo do país e o primeiro do Nordeste que mais tem integrantes da facção criminosa. A fixação de membros da organização em período anterior à atual crise é uma das razões para o alto número de integrantes na região.

De acordo com Lincoln Gakiya, membro do GAECO (Grupo de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de São Paulo, outra razão para, tanto o RN quanto AL e CE concentrarem o maior número de membros na região é a grande quantidade de integrantes ‘originais’ do PCC que foram transferidos para presídios dos referidos estados, fazendo com que os mesmos passassem a influenciar e recrutar detentos locais para fazerem parte do grupo paulista. “Esses Estados têm mais membros ‘batizados’ do PCC porque são os que, originalmente, detinham em seus sistemas prisionais o maior número de detentos paulistas, que já eram do PCC e passaram a cooptar criminosos locais”, frisou.

Coincidentemente – ou não -, os três estados nordestinos citados pela reportagem da Folha de S. Paulo como principais polos do PCC na região registraram, em 2017, aumentos significativos em sua taxa de homicídios. Em Alagoas, o aumento detectado até o momento é de 11%; no Ceará, por sua vez, o número é 25% maior do que no ano passado, enquanto que no Rio Grande do Norte chega a ser 22%. A Folha de S. Paulo afirma ainda, em seu texto, que caso continue neste ritmo, o RN chegará em 31 de dezembro deste ano com uma taxa de homicídios de 77 para cada 100 mil habitantes, situação nunca registrada na história do país.