Sete escolas de samba do Grupo Especial abrem o Carnaval de São Paulo

Ana Paula Minerato, musa da Gaviões da Fiel, na concentração do Anhembi antes do desfile da escola (Foto: Flavio Moraes/G1)

DO ZERO HORA – A primeira noite de desfiles do Grupo Especial de São Paulo trouxe ao Sambódromo do Anhembi, na Zona Norte da capital paulista, sete escolas de samba nessa sexta-feira e manhã de sábado.

Os enredos das escolas trataram de assuntos variados, com destaques para Unidos de Vila Maria, Acadêmicos do Tatuapé e Gaviões da Fiel, que trataram de religião, povo africano e migrantes.

TOM MAIOR

Foto: Nelson Almeida / AFP

A primeira escola a desfilar, Tom Maior rendeu homenagens à cantora Elba Ramalho. O samba-enredo de 2017 apresentado foi “Elba Ramalho canta em oração o folclore do Nordeste. Toque sanfoneiro forró, frevo e xaxado”.

Mesmo com problemas em seu segundo carro alegórico, a vice-campeã do Grupo de Acesso em 2016 fechou sua apresentação em 64 minutos — um minuto a menos que o máximo permitido.

Na avenida, a escola destacou referências aos gêneros musicais que fazem parte da carreira da cantora paraibana, como o frevo, o forró e o xaxado.

Como tributo ao cantor Luiz Gonzaga, mestre de Elba, a carro abre-alas da Tom Maior chamou a atenção apresentando uma “Asa Branca”. O cantor ainda foi lembrado em outros dois momentos no desfile — nas alas “Luar do Sertão” e “Fole da Sanfona”.

A Tom Maior passou pelo Anhembi com 2,5 mil componentes em 19 alas.

Destaques do desfile:
— Elba Ramalho apareceu no final do desfile em cadeira trazida por integrantes da escola, em meio a uma chuva de confetes

— A rainha de bateria Pâmela Gomes sambou com bota ortopédica. A passista quebrou um dedo quatro dias antes do desfile.

MOCIDADE ALEGRE

Foto: Nelson Almeida / AFP

Segunda a desfilar no Anhembi na madrugada deste sábado, a Mocidade comemorou seus 50 anos de carnaval com o samba-enredo: “A vitória vem da luta. A luta vem da força. E a força… da união”.

A escola completou o desfile com tranquilidade e sem contratempos, fechando o cronometro com 60 minutos — cinco minutos a menos do limite de tempo. Ao todo, 3,5 mil componentes e cinco alegorias representaram a comunidade na avenida.

Com guerreiros, personagens históricos e seres mitológicos, a Mocidade Alegre contou sua história de lutas e vitórias. A escola também abusou do dourado nas fantasias e alegorias.

Um dos pontos emblemáticos do desfile foi a participação do lutador de MMA Minotauro, no segundo carro alegórico, que representava o Coliseu. Já a terceira alegoria, com uma enorme Fênix, retratou o incêndio no barracão da escola em 2012.

Destaques do desfile:
— Comissão de frente teve um bailarino mirim: Thiago Modesto, de 7 anos, representou um malandro do samba.

— O lutador de MMA Minotauro foi destaque do segundo carro, “Do Coliseu ao Octógono”.

UNIDOS DE VILA MARIA

Foto: Nelson Almeida / AFP

A religião no Carnaval paulista foi apresentada pela Unidos Vila Maria no Sambódromo do Anhembi. A escola homenageou Nossa Senhora Aparecida com o samba-enredo “Aparecida – A rainha do Brasil. 300 anos de amor de fé no coração do povo brasileiro”. A comunidade foi a terceira escola a desfilar no Grupo Especial.

Na avenida, Vila Maria lembrou os 300 anos da aparição da imagem da padroeira. Para isso, contaram com a ajuda da Igreja Católica para desenvolver o enredo.

De acordo com a escola, a Igreja pediu para que se evitasse a nudez perto da imagem da santa. A rainha de bateria Dani Bolina, por exemplo, desfilou com um figurino nada ousado.

A comissão de frente encenou a história da aparição da imagem em 1717, diante de três pescadores. Durante o desfile, Vila Maria mostrou os milagres e a devoção de seus seguidores.

Em uma apresentação tranquila, 3,5 mil componentes e cinco carros alegóricos completaram sua passagem em 60 minutos.

Destaques do desfile:
— O cantor Daniel, devoto de Nossa Senhora, desfilou no último carro.

— A atriz Isabel Fillardis representou Nossa Senhora no carro abre-alas.

ACADÊMICOS DO TATUAPÉ

Foto: Nelson Almeida / AFP

Atual vice-campeã do carnaval de São Paulo, a Acadêmicos do Tatuapé foi a quarta escola a se apresentar no Anhembi na madrugada deste sábado. Com samba-enredo “Mãe África conta sua história: do berço sagrado da humanidade ao abençoado Menino da Terra de Ouro”, a comunidade da zona leste paulista exaltou o povo africano, sua cultura e seus deuses.

Com muitas cores, as fantasias representavam os diferentes grandes reinos da história do continente e seus países atuais, além das religiões africanas: o candomblé, o cristianismo e o islamismo.

Um dos destaques da apresentação, Leci Brandão, aos 72 anos, foi responsável por abrir o desfile, sambando e cantando à frente da comissão de frente. Ao final, a bateria fez um paradão com a escola cantando sem os instrumentos.

Com seus 3,2 mil componentes e cinco carros alegóricos, Tatuapé completou seu desfile em 61 minutos.

Destaques do desfile:
— Leci Brandão, madrinha da escola, abriu o desfile com sua mãe, Dona Lecy, destaque do carro abre-alas.

— O educador físico Daniel Manzioni é o único rei de bateria do carnaval paulista.

GAVIÕES DA FIEL

Foto: Nelson Almeida / AFP

Para a avenida, a Gaviões da Fiel decidiu contar a história dos migrantes que foram fazer a vida em São Paulo, com o samba-enredo “Com as mãos e a guerra de um povo sonhador, surge o contraste de uma nova metrópole – Sampa, lugar de sonhos, oportunidades e esperança”.

O desfile trouxe costumes, tradições e até sabores de outros estados que hoje também fazem parte de São Paulo. Ao todo, a Gaviões veio com 22 alas, 3 mil componentes e cinco carros alegóricos.

Na bateria, a rainha Tati Minerato, a musa Thainara Primo, a imperatriz Renatta Teruel e a madrinha Sabrina Sato sambaram com 230 ritmistas. Em homenagem aos nordestinos, a bateria se caracterizou com fantasias de “vaqueiros do Nordeste”.

Outro destaque foi a penúltima ala, que mostrou membros da escola com guarda-chuvas. Em alusão ao rótulo de “Terra da Garoa”.

Destaques do desfile:
— Sabrina Sato, madrinha de bateria, incorporou a cangaceira, em homenagem aos migrantes nordestinos.

— As alas deram bastante destaque ao povo nordestino.

ACADÊMICOS DO TUCURUVI

Foto: Nelson Almeida / AFP

O enredo da Acadêmicos do Tucuruvi caiu como uma luva frente a uma polêmica vivida atualmente na cidade de São Paulo. “Eu Sou a Arte: Meu Palco é a Rua” homenageou artistas de rua e a arte urbana no mesmo momento em que o novo prefeito da capital paulista, João Doria, trava uma batalha contra os grafites e grafiteiros da maior cidade brasileira. Coincidência ou não, a bateria da escola recebeu o nome de “50 mil tons de cinza” e seus membros vieram fantasiados de grafiteiros.

Penúltima escola a entrar na avenida na madrugada deste sábado, a Acadêmicos quase estourou o tempo limite de desfile, e saiu do sambódromo após 65 minutos. O tema é de autoria do carnavalesco Wagner Santos, e contou a história do grafite desde o surgimento das manifestações artísticas, como a pintura rupestre, passando pelo circo até três dos pilares da cultura hip hop: o grafite, o rap e o street dance.

Os 3 mil componentes desfilaram personagens como malabaristas de semáforo, mímicos, cantores de calçada e grafiteiros.

Destaques do desfile:
— O carro abre-alas trouxe 16 modelos masculinos semi-nus representando o artista rupestre, o primeiro a pintar em paredes.

— A escola trouxe o casal mais jovem de mestre-sala e porta-bandeira: Waleska Gomes, de 24 anos e Kawan Alcides, de 20, dançam desde a infância.

ÁGUIAS DE OURO

Foto: Nelson Almeida / AFP

Com enredo “Amor com amor se paga. Uma história animal”, sobre cachorros e proteção aos animais, a Águias de Ouro encerrou o primeiro dia de desfiles do carnaval de São Paulo já sob a luz do dia.

O enredo, idealizado pelo carnavalesco Amarildo de Mello, presta uma homenagem à amizade entre cães e humanos. Nas fantasias e carros, o desfile tentou mostrar o papel dos cães na cultura popular, e trouxe representações de cachorros famosos em filmes e desenhos tais como “Charlie Brown¿, ¿Simpsons¿, ¿Flintstones¿, ¿Turma da Mônica¿ , ¿101 Dálmatas¿ e ¿Marley e Eu¿, entre outros. A comissão de frente da escola representou a amizade entre cães e moradores de rua.

Luísa Mell, homenageada pela escola, veio como destaque no carro alegórico com uma fantasia sem penas. Atitude repetida pela apresentadora e modelo Fernada Tavares, que veio com uma fantasia de “águia consciente”, à frente do carro “Laboratório de Animais Invertido”. A escola desfilou com 3 mil componentes distribuídos entre cinco alegorias e 20 alas,

Destaques do desfile:
— Nenhuma das fantasias da escola utilizou penas ou outros materiais de animais.
— Bateria homenageou os detetives gêmeos do desenho “Rin Tin Tin”, Dupond e Dupont.

*ZERO HORA