Assessor de Henrique Alves nega ter recebido R$ 7 milhões em espécie

José Geraldo (centro) durante a campanha de Henrique para o governo do Rio Grande do Norte, em 2014 (Foto: Marco Montoril)
Portal Agora RN – O assessor particular do ex-ministro Henrique Alves (PMDB), José Geraldo, disse desconhecer as situações narradas pelo ex-secretário de Obras de Natal, Fred Queiroz, ao Ministério Público do Rio Grande do Norte e à Procuradoria da República do Rio Grande do Norte, em delação que envolve seu nome e um esquema para repassar R$ 7 milhões em propina para políticos que apoiariam Henrique durante sua campanha ao governo do Rio Grande do Norte, em 2014. Em contato exclusivo com a reportagem do Portal Agora RN/Agora Jornal, José garantiu que tudo o que Fred contou em sua delação é mentira.

“Nada disso que ele falou é verdade. Nunca houve nada isso. Não procedem [as informações que constam na delação passada ao MPRN]. Está tudo totalmente errado, nada disso aconteceu. Ele é quem está dizendo isso. Não tenho a menor ideia do porquê dele falar essas coisas. Acho que ele não falou a verdade”, disse José Geraldo que, questionado acerca das investigações que recaem sobre o ex-ministro Henrique Alves, limitou-se a declarar que: “Não tem o que dizer”.

Conforme informações do Estado de S. Paulo, que teve acesso ao termo homologado entre Fred e o MPRN (possibilitando sua soltura após ser preso na Operação Manus), Geraldo teria – supostamente – ido com o motorista particular de Henrique ao Hotel Ocean Palace para se encontrar com um casal recém-chegado do Mato Grosso, e receber uma quantia de R$ 7 milhões que seria usada para comprar apoio de líderes políticos – dentre vereadores, prefeitos e deputados estaduais – a Henrique no primeiro turno das eleições de 2014 para o governo. Geraldo, em seguida, teria levado o dinheiro dentro de uma mala para a casa de sua sogra.

Ainda segundo delação de Fred, o nome do casal foi passado a José, através de um aplicativo, pelo publicitário Arturo Arruda que, em contato com a reportagem, disse que só se pronunciará através de seu advogado. A redação entrou em contato com a defesa de Arturo, o advogado Artêmio Azevedo, que afirmou que a delação de Fred “traz inverdades e sofre de carência de provas”.

O advogado do publicitário apontou que o ex-secretário de Obras de Natal sequer demonstrou maneiras de se buscarem provas para corroborar o que ele diz, e que apenas fez seu papel como delator para poder negociar sua liberdade. Questionado sobre qual será o próximo passo da defesa, Artêmio disse que vai demonstrar a licitude das ações de Arturo durante a campanha de Henrique, no prazo da contestação por meio de notas fiscais, registros de contabilidade e documentos formais para mostrar que “o que Arturo recebeu durante a campanha foi fruto de seu trabalho como publicitário”.

No dia seguinte, José Geraldo teria se encontrado com Benes Leocádio, atual presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), para receber uma lista com o nome dos beneficiados que iriam apoiar o ex-ministro em sua candidatura. A reportagem também tentou entrar em contato com Leocádio para ouvir seu lado da história, mas não obteve sucesso.

Histórico

A delação de Queiroz ainda menciona que os articuladores da campanha de Henrique ao governo disseram precisar de R$ 10 milhões a R$ 12 milhões para comprar apoio político. Conforme o ex-secretário de Natal disse, Henrique teria sinalizado que não dispunha do montante pedido, e que tentaria viabilizar com a Odebrecht e com a JBS cerca de R$ 7 milhões. O dinheiro chegou por volta do dia 28 de setembro, proveniente da pessoa de “Joesley”. Os valores não foram declarados em prestação de contas eleitorais.

Além dos R$ 7 milhões de propina distribuídos, Fred Queiroz afirmou ao MPRN que utilizou R$ 4 milhões de R$ 9 milhões, por meio de sua empresa (Prátika Locações), para angariar novos aliados a Henrique no segundo turno das eleições que ele disputava contra Robinson Faria (PSD).