“Querem lascar José Agripino”, diz procuradora do MPF em gravação

Senador potiguar e presidente nacional do DEM, José Agripino Maia (Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil)

Por Tiago Rebolo
Portal Agora RN

A procuradora Caroline Maciel, chefe do Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte, afirmou que o senador José Agripino Maia (DEM) está na mira da Procuradoria Geral da República em virtude da promessa de apoio do potiguar à candidatura de Raquel Dodge à sucessão de Rodrigo Janot no Ministério Público Federal (MPF). A declaração foi dada durante uma conversa telefônica com o colega procurador Ângelo Goulart, cuja gravação foi interceptada pela Polícia Federal e obtida pela revista Istoé.

A troca no comando da Procuradoria Geral da República acontecerá em 17 de setembro. Subprocuradora apontada como “inimiga” de Janot, já que faz oposição aberta, Dodge é considerada favorita para assumir o MPF. A indicação cabe ao presidente Michel Temer (PMDB). Antes disso, no dia 27 de julho, procuradores federais irão compor uma lista tríplice que será enviada ao peemedebista. Tradicionalmente, o chefe do Executivo indica o mais bem colocado. A nomeação é, a seguir, submetida a sabatina no Senado Federal.

Na gravação, Caroline diz a Goulart que “a tática de Janot é apavorar quem está do lado de Raquel”, entre os quais estaria José Agripino. Em um dos trechos, a procuradora cita a perseguição ao senador, que responde a inquérito no STF e teve seus sigilos quebrados em apuração sobre suspeita de propina paga a ele pela OAS:

“CAROLINE MACIEL: É o seguinte. O Rodrigo (Rodrigo Telles de Souza, outro procurador da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal) está muito preocupado porque ouviu (…) ele disse que se fala lá nessa história de José Agripino ter prometido apoio a Raquel. E querem de alguma forma agora querem lascar José Agripino.”

Em outros trechos da interceptação telefônica, Caroline comenta com Ângelo Goulart que o clima interno no Ministério Público Federal é tenso, motivado pela atuação de Janot em prol de interesses pessoais e políticos. No diálogo com o colega procurador, Caroline Maciel alerta sobre o risco que Goulart correria ao apoiar a rival do procurador-geral da República. A conversa, com duração de treze minutos, aconteceu em 11 de maio. Uma semana depois, Goulart teve a sua prisão decretada após pedido de Janot. Leia abaixo um trecho: