Por g1 PB — A música é capaz de mudar vidas e ajuda pessoas a passar por momentos difíceis no decorrer da vida. E a música do rapper Hungria fez muita diferença na vida da paraibana Maria da Guia dos Santos, de 65 anos. Aposentada e moradora de Campina Grande, há dois anos ela teve um câncer colorretal e durante o procedimento de quimioterapia para vencer o câncer as músicas do rapper fizeram parte da história de superação dela.
Segundo a aposentada, devido a agressividade do câncer, ela precisou amputar o reto e convive com uma bolsa de colostomia, que é um dispositivo utilizado para coletar fezes quando o trânsito intestinal é desviado através de uma abertura na parede abdominal.
Maria da Guia venceu o câncer e teve a oportunidade, na noite desta quinta-feira (26), de conhecer o artista que a acompanhou, através da sonoridade dos fones de ouvido, durante a superação do câncer. Segundo ela, nunca tinha ido ao Parque do Povo, mas quando soube que Hungria estava na programação do São João 2025 de Campina Grande, pediu ajuda da filha, Cláudia Santos, 31 anos, para realizar esse sonho.
E ela conseguiu encontrar Hungria. No camarim, ela teve a possibilidade de tirar fotos e abraçar o artista que a acompanhou durante o momento mais difícil da vida.
Em entrevista ao g1, Hungria comentou que ficou tocado com a história de superação de Maria da Guia, agradeceu a Deus pelo trabalho tocar e ajudar vidas e enfatizou que a música pode, sim, transformar vidas.
A noite de quinta-feira (26) foi de mistura de ritmos no palco principal do Parque do Povo, no São João 2025 de Campina Grande. A festa, que tem por tradição ter o forró como “carro-chefe”, vem abrindo espaço para outros ritmos. Dessa vez, para o rap/trap.
Matuê abriu os trabalhos da noite com o rap. Em um Parque do Povo cheio, principalmente por jovens, ele trouxe diversas músicas que são sucesso de carreira, como “Máquina do Tempo”, “Vampiro” e “777-666”.
Após o show, em entrevista ao g1, Matuê, que teve a segunda participação no São João de Campina Grande, percebeu que conquistou o público e se sentiu “abraçado” com o carinho da multidão que esteve presente no Parque do Povo.
Na arena de shows, muitos jovens. Alguns deles entre turmas, outros acompanhados dos pais, na intenção de presenciar o show de Matuê. Um desses jovens acompanhados dos responsáveis foi Aysha Vitória, de 15 anos, que estava acompanhada da mãe e do pai, bem colada a grade. Moradores de Campina Grande, chegaram duas horas antes do show de Matuê e, segundo a mãe, Fabiana, os pais vieram acompanhar a filha realizando um sonho.
Aysha estava ansiosa para ouvir a canção “Máquina do Tempo”, de Matuê. O artista realizou o sonho da adolescente, cantando a música durante o show.
A noite que começou com Matuê terminou com show do estreante Hungria. O rapper trouxe para o São João de Campina Grande uma “experiência”. Durante o show, no qual ele truxe muitos sucessos da carreira, a exemplo de “Amor e Fé”, “Insônia” e “Temporal”, ele também fez questão de se entregar à apresentação.
No decorrer do show, respeitou a cultura nordestina e, em um bloco especialmente introduzido para o público no Parque do Povo, cantou música do grupo Falamansa e depois fez uma mixagem com a música “Carolina”, originalmente interpretada por Luiz Gonzaga. Ainda no decorrer do show, cantou com uma fã de 5 anos, Alice, de Recife, e chegou a descer do palco para cantar próximo do público.
Ao g1, antes do show, Hungria celebrou a presença do gênero musical numa festa tradicionalmente do forró – e suas variações -, e fez questão de pontuar que suas músicas trazem mensagens que dão esperança e ensinamentos para todos os públicos, principalmente os jovens, como era a maior parte da arena de shows do Parque do Povo.
Muito além do ritmo marcante e das rimas envolventes, o rap se firmou como uma potente forma de expressão cultural e social. Para muitos jovens em todo o Brasil, ele se tornou mais do que entretenimento, mas virou uma forma de identidade, pertencimento e esperança.
Ao traduzir realidades vividas nas periferias e apresentar novas possibilidades de futuro, o gênero conquista espaço e exerce influência significativa sobre uma geração que, muitas vezes, carece de representatividade e oportunidades.
O rapper Hungria reconhece esse poder. Para ele, a música se torna mais que um meio artístico, mas também um instrumento de transformação pessoal e coletiva.
A consciência sobre a responsabilidade de dialogar com esse público jovem acompanha a trajetória de Hungria e de tantos outros artistas que fazem do rap um meio direto com as ruas, com os sentimentos e com as realidades muitas vezes invisibilizadas pela sociedade. Para ele, cantar é entender que cada verso pode tocar alguém que está em um momento de dúvida, de dor ou de descoberta. O artista reconhece que, ao conquistar a atenção de uma juventude que pede por referências, ele também assume o papel de formador, alguém que pode impactar comportamentos e escolhas.
A importância do rap também se revela na forma como ele se adapta e respeita as diferentes culturas regionais. Matuê, representante do trap nacional, faz questão de valorizar suas raízes nordestinas e incorpora elementos como forró e xote em suas composições.
A influência da cultura local vai além da música, moldando também seu estilo de vida. Questionado sobre artistas nordestinos que influenciam seu trabalho, Matuê pontuou que o rapper Don L, nascido em Brasília mas que viveu quase toda a vida em Fortaleza, no Ceará, é um artista que o inspira.
Nesta sexta-feira (27), no palco principal do São João 2025 de Campina Grande, se apresentam os artistas Nattan, Pablo, Vitor Fernandes e Luka Bass. Os shows têm início às 19h e seguem até as 3h da madrugada. Além do palco principal, o Parque do Povo também contará com apresentações de artistas locais e grupos de forró nas quatro Ilhas, nos dois Coretos e no Palco Cultural, cujas atrações começam a partir das 18h.