Caso Braiscompany: um ano após prisões, vítima diz que dano psicológico ‘foi o maior prejuízo’

Antônio Inácio da Silva Neto, conhecido como Antônio Neto Ais, e Fabricia Ais, fundadores da Braiscompany — Foto: Reprodução/Braiscompany
Antônio Inácio da Silva Neto, conhecido como Antônio Neto Ais, e Fabricia Ais, fundadores da Braiscompany — Foto: Reprodução/Braiscompany

Por g1 PB — Um ano depois da prisão de Antônio e Fabrícia Ais, réus do caso Braiscompany, as vítimas ainda enfrentam traumas que vão além dos prejuízos financeiros. Segundo a Polícia Federal, o casal desviou cerca de R$ 1,11 bilhão e fez mais de 20 mil clientes como vítimas na captação de investimentos para a empresa que tinha sede em Campina Grande.

O homem investiu R$ 600 mil reais na Braiscompany, empresas de criptoativos, motivado pela crise no comércio durante a pandemia do coronavírus.

“Isso aí para mim uma pessoa leiga que eu não conhecia o mercado, eu nunca tinha participado de nada disso, nem nada parecido, nem aplicação porque eu acredito muito no comércio, mas como era aquela crise da pandemia e tinha desacelerado tudo, tinha parado tudo”.

Agora, as vítimas esperam pela extradição do casal para que Antônio Neto, condenado a 88 de prisão, e Fabrícia Farias, condenada há 61 anos, cumpram as penas no Brasil. Os dois foram presos em 29 de fevereiro de 2024 na Argentina, onde cumprem pena domiciliar.

A segunda vítima que conversou com a TV Paraíba, teve um prejuízo de R$ 50 mil. A mulher diz desabafou sobre o trauma psicológico que a situação gerou. “O problema psicológico ficou porque fica. Entendeu? Porque mexe com a com o seu brilho. Você lutou sua vida todinha para ter algo melhor e de repente é arrancada assim”.

A TV Paraíba procurou o Ministério da Justiça para questionar sobre a extradição do casal. O órgão respondeu que não se manifesta sobre casos específicos e mantém o sigilo sobre possíveis processos em andamento para garantir a segurança das operações.

Os donos da Braiscompany estavam foragidos na Argentina desde que escaparam do Brasil ainda em 2023. De acordo com o delegado Guilherme Torres, Antônio e Fabrícia fugiram pela fronteira terrestre, diretamente para a Argentina. Para isso, usaram uma identidade falsa, a partir de documentos de parentes, que consentiram o uso da documentação pelo casal.

Eles foram presos a partir de uma colaboração entre a Polícia Federal e representantes da Interpol na Argentina. A prisão foi gravada. O vídeo do momento exato em que os condenados são presos foi divulgado pela ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, nas redes sociais.

Na postagem, a ministra escreveu que a “Argentina não é mais refúgio de delinquentes”, se referindo ao casal que estava foragido há 1 ano no país que faz fronteira ao Brasil.

A Braiscompany foi alvo de uma operação da Polícia Federal no dia 16 de fevereiro de 2023, que teve como objetivo combater crimes contra o sistema financeiro e o mercado de capitais. As ações da PF aconteceram na sede da empresa do ‘casal Braiscompany’ e em um condomínio fechado, em Campina Grande, e em João Pessoa e em São Paulo. A operação foi nomeada de Halving.

A empresa, idealizada pelo casal Antônio Ais e Fabrícia Ais, era especializada em gestão de ativos digitais e soluções em tecnologia blockchain. Os investidores convertiam seu dinheiro em ativos digitais, que eram “alugados” para a companhia e ficavam sob a gestão dela pelo período de um ano. Os rendimentos dos clientes representavam o pagamento pela locação dessas criptomoedas.

Além do ‘casal Braiscompany’, o caso teve outros 9 réus e um montante a ser reparado de R$ 277 milhões em danos patrimoniais e R$ 100 milhões em dano coletivo.