Quem é Lauremília Lucena, primeira-dama de João Pessoa presa pela Polícia Federal

Lauremília Lucena, primeira-dama de João Pessoa — Foto: Instagram/Reprodução
Lauremília Lucena, primeira-dama de João Pessoa — Foto: Instagram/ReproduçãoLauremília Lucena, esposa de Cícero Lucena, foi presa pela Polícia Federal em operação contra o aliciamento violento de eleitores. — Foto: Reprodução/TV Cabo BrancoLauremília Lucena e Tereza Cristina, presas pela Polícia Federal na Paraíba — Foto: Reprodução/TV Cabo BrancoCentro comunitário do bairro São José foi um dos alvos da operação da PF — Foto: Antônio Vieira/ TV Cabo BrancoMandado de prisão foi cumprido no apartamento de Lauremília Lucena — Foto: Zuíla David/TV Cabo Branco

Por g1 PB — A primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, foi presa pela Polícia Federal na manhã deste sábado (28), em uma operação para combater o crime de aliciamento violento de eleitores. Na mesma ocasião, a sua secretária pessoal, Tereza Cristina Barbosa, também foi presa. Confira abaixo mais informações sobre quem são as duas mulheres.

Natural de Sousa, no Sertão da Paraíba, Maria Lauremília Assis de Lucena é casada com Cícero Lucena, atual prefeito de João Pessoa. Ela desempenhou papéis importantes na política paraibana ao longo das últimas décadas, ganhando destaque ao ser a primeira mulher a assumir o cargo de vice-governadora da Paraíba, entre 2003 e 2006, durante o governo de Cássio Cunha Lima.

Ela já havia ocupado o posto de primeira-dama tanto do Estado quanto da capital, nos mandatos de Cícero Lucena como governador em 1994 e prefeito de João Pessoa, entre 1997 e 2005.

Em 2005, as contas do gabinete do vice-governador, que estavam sob sua responsabilidade e de Cibele Maria de Oliveira Almeida, foram aprovadas com ressalvas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PB), com a aplicação de uma multa individual de R$ 1.000,00, devido a falhas na gestão de pessoal.

Lauremília também foi mencionada em uma ação de impugnação de mandato eletivo envolvendo Cássio Cunha Lima, onde seu nome aparece como agravada. A ação, que envolvia supostas fraudes em urnas eletrônicas, foi julgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que negou provimento ao agravo regimental, mantendo a decisão favorável a Lauremília.

Em 2010, foi listada como uma das servidoras da Secretaria de Administração do Estado da Paraíba que receberam abono de permanência, um benefício previsto na legislação federal para funcionários que completaram os requisitos para aposentadoria, mas optaram por continuar na ativa.

Na vida pessoal, Maria Lauremília e Cícero Lucena são pais de Maria Janine Assis de Lucena Barros, secretária executiva de saúde de João Pessoa, e Francisco Emerson Assis de Lucena, conhecido como Mersinho Lucena, atual deputado federal pela Paraíba.

Sua filha Janine Lucena também se envolveu em polêmicas na gestão municipal. Recentemente ela foi citada na Operação Mandare, que apura uma possível relação entre um grupo criminoso que teria indicado cargos para as secretarias da Prefeitura de João Pessoa.

Tereza Cristina Barbosa Albuquerque é a atual secretária de Lauremília Lucena.

Ela também tem uma ligação próxima Cícero Lucena, com quem trabalhou durante seus mandatos no Senado Federal.

Em 2013, Tereza atuou como auxiliar parlamentar intermediário no gabinete de Cícero, e no ano seguinte foi promovida a ajudante parlamentar intermediário.

Lauremília Lucena e Tereza Cristina foram presas preventivamente neste sábado (28) o âmbito da Operação Território Livre. As prisões aconteceram na terceira fase da operação que tem como objetivo investigar os crimes de aliciamento violento de eleitores e organização criminosa no pleito municipal.

As diligências que levaram à prisão da primeira-dama e de sua secretária são frutos da análise do material arrecadado nas duas fases anteriores da Operação. Elas visam complementar as provas de materialidade, autoria e circunstâncias dos crimes investigados.

Os advogados de Lauremília preferiram não comentar o caso com as equipes da TV Cabo Branco até a última atualização desta matéria.

Cícero Lucena, marido de Lauremília e atual prefeito de João Pessoa, publicou uma nota em suas redes sociais na manhã deste sábado (28), afirmando que enxerga a operação como um ataque arquitetado por seus adversários às vésperas da eleição.

“Lauremília tem uma vida limpa, é uma benfeitora na cidade e do Estado. Ela provará sua inocência, sendo mais uma vítima de injustiça, assim como Cícero também foi”, disse a nota.

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O nome de Lauremília já tinha sido citado em documentos da Polícia Federal. Em transcrições da PF, atribuídas a outras pessoas investigadas, ela era apontada como alguém que decidiria sobre a indicação de cargos na prefeitura de João Pessoa.

Os cargos, conforme as investigações, eram solicitados por pessoas ligadas a grupos que mantêm o controle sobre comunidades da cidade. Em troca essas pessoas ofereceriam facilidades de acesso às comunidades.

Nesta terceira fase, a Polícia Federal contou com o apoio do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) para realizar as prisões. Outros mandados de busca, em outros alvos, também foram cumpridos.

A operação é batizada de “Território Livre” em referência à liberdade que os eleitores devem ter de ir e vir e também de exercer o seu voto.

No dia 10 de setembro, a primeira etapa da operação foi realizada com três mandados de busca e apreensão cumpridos. A vereadora de João Pessoa Raíssa Lacerda foi alvo da operação, e um dos mandados de busca aconteceu na sua residência. No local, foram apreendidos um aparelho celular e dinheiro em espécie. Ela alegou à época que era vítima de perseguição.

Durante a 2ª fase da operação, foram cumpridos também sete mandados de busca e apreensão em diferentes bairros da cidade. Policiais federais compareceram ao centro comunitário Ateliê da Vida, localizado no São José, que foi um dos alvos dos mandados. Documentos foram levados do local para auxiliar nas investigações e para servir como provas eventuais.

Raíssa Lacerda foi presa suspeita de integrar um esquema que se utilizava de violência e de outros meios ilegais para tentar obrigar que pessoas de determinados bairros votassem nela. Além de Raíssa, outras três pessoas foram presas. Um apenado, integrante de uma facção, que está preso, foi alvo de novo mandado, e um sexto suspeito com mandado de prisão ainda está sendo procurado.

Sobre a operação, a Procuradoria-Geral da Câmara Municipal de João Pessoa informou, por meio de nota, que “vem acompanhando de perto os desdobramentos da Operação Território Livre” e que “confia no trabalho da Justiça e no devido processo legal”.

Segundo a Polícia Federal, os investigados estariam exercendo influência no pleito eleitoral através do controle do território e praticando as condutas de organização criminosa, uso de violência para coagir o voto e outros que restarem comprovados.

Na 3ª fase da operação, a Polícia Federal cumpriu dois mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva. A primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, foi presa e além dela, outro mandado de prisão também foi cumprido contra Tereza Cristina Barbosa – sua secretária.

Aliciamento de eleitor é a prática adotada por candidato, partido ou correligionário que consiste na tentativa de convencer o eleitor, utilizando-se de meios ilegais, a votar em candidato ou partido diferente daquele em que naturalmente votaria, não fosse a ação de convencimento.

O aliciamento é crime eleitoral, e é punível com detenção de seis meses a um ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de cinco mil a 15 mil UFIRs.