Por g1 RN — O potiguar Edvaldo Baracho da Silva, de 57 anos, foi um dos quatro sobreviventes resgatados do naufrágio de um navio de carga em Pernambuco, ocorrido na noite de domingo (15), que deixou pelo menos quatro mortos, além de uma pessoa desaparecida (veja reportagem acima).
O marinheiro auxiliar contou que os tripulantes notaram problemas com a embarcação antes dela naufragar, decidiram retornar e chamar um navio rebocador. Foi nesse momento que a embarcação afundou de vez.
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“A gente chamou o rebocador, que estava aproximando, o PHS [modelo de embarcação de resgate], e ele encostou. Passamos o cabo e na hora começou a arrastar, ai ele adernou [inclinou]. Quando ele adernou, o comandante chamou no rádio. E desacelerou. Foi muito rápido, muito rápido”, contou.
Segundo o marinheiro auxiliar Edvaldo da Silva, os tripulantes já voltavam com a embarcação, quando o leme apresentou o problema.
Além de Edvaldo, outros dois potiguares estavam na embarcação: o cozinheiro Antônio Rafael Bezerra, de 64 anos, e o comandante da embarcação Edriano Gomes, de 48. Eles não estão entre os sobreviventes, segundo a Marinha do Brasil (veja mais detalhes abaixo).
A Marinha, no entanto, não havia divulgado até o início da tarde desta terça-feira (17) o nome dos tripulantes que morreram e do que está desaparecido. A família do cozinheiro Antônio Bezerra confirmou à Inter TV Cabugi que reconheceu o corpo dele no Instituto Médico Legal (IML) em Pernambuco.
O marinheiro auxiliar Edvaldo da Silva explicou ainda que o movimento de manobra do navio rebocador demorou cerca de um hora, por conta do tamanho da embarcação, o que exigiu que os tripulantes resistissem algum tempo na água.
“Na hora que a embarcação virou, o rebocador cortou o cabo e nós pulamos na água. O rebocador manobrou para pegar a gente, mas, como ele é muito grande, passou mais ou menos uma hora pra ele resgatar. Eu nadei muito para chegar no rebocador”, disse.
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O marinheiro auxiliar contou que esse é o segundo naufrágio que sofre. Da outra vez em que isso aconteceu, ele ficou cerca de dois anos sem trabalhar na área a pedido da família.
“Eu trabalhei seis anos e dei uma parada, fiquei em casa com minha irmã, que tem uma granja. Fiquei cuidando da granja. Foram dois anos parado, sem navegar. A família pediu para eu não navegar mais, porque eu tinha sofrido um naufrágio há quatro anos”, contou.
O marinheiro auxiliar disse que pensa em mudar de área após o novo susto. “Eu estou perto de me aposentar, eu quero sair dessa área”, disse.
“Eu quero uma [carteira] mais fraca, pra me aposentar. Eu quero sair dessa área. Faltam só dois anos pra eu me aposentar”, completou.
Edvaldo contou ainda que, logo após o acidente, o marinheiro do navio rebocador emprestou o celular para ele avisar à família que estava bem.
Em nota no fim da tarde desta quinta-feira (16), a Marinha do Brasil confirmou que quatro tripulantes foram resgatados com vida e atualizou quequatro dos cinco tripulantes que estavam desaparecidos morreram. Um outro seguia desaparecido.
Os potiguares que estavam entre os desaparecidos são:
A Marinha do Brasil confirmou que os dois potiguares não estavam entre as pessoas resgatadas com vida, mas não informou se eles morreram ou se algum deles é tido como desaparecido. A família de Antônio informou que confirmou a morte dele no IML em Pernambuco.
Edriano Gomes de Miranda é natural de Rio do Fogo, no litoral Norte potiguar, e era o comandante da embarcação que saiu de Recife em direção à Fernando de Noronha.
Antônio Rafael Bezerra, natural de Ceará-Mirim, na Grande Natal, trabalha há pelo menos três anos como cozinheiro da embarcação e costumava fazer esse trajeto pelo menos duas vezes por mês, segundo a família.
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O navio de carga Concórdia naufragou a caminho de Fernando de Noronha na noite do domingo (15). Segundo o dono da embarcação, Antônio Gonçalves, o navio afundou nas proximidades da Ilha de Itamaracá, no Grande Recife.
A tripulação era formada por nove pessoas e as primeiras informações divulgadas pela Marinha do Brasil são de que quatro pessoas foram resgatadas com vida e cinco permaneciam desaparecidas.
Um alerta foi emitido nos grupos de navegadores para facilitar a busca dos tripulantes. A embarcação partiu do Recife no sábado (14).
Antônio Gonçalves disse que o navio transportava material de construção e alimentos. “Os porões estavam com materiais para abastecer os mercados da ilha, além de material de construção. O movimento em Noronha melhorou, o prejuízo é grande”, declarou Antônio.
A rota entre o Recife e Fernando de Noronha tem 545 quilômetros. Os navios que abastecem a ilha levam cerca de 48 horas no percurso.
O g1 entrou em contato com a Marinha do Brasil, que informou que o navio saiu do Porto do Recife e que tomou conhecimento do naufrágio na noite de domingo (15).
Segundo a autoridade marítima, o Concórdia estava a aproximadamente 8,5 milhas náuticas (cerca de 15 quilômetros) da praia de Ponta de Pedras, no município de Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco.
“Quatro tripulantes que se encontravam a bordo foram resgatados pelo Navio Rebocador de Alto Mar ‘Cormoran’ e estão em bom estado de saúde. Outros cinco tripulantes seguem desaparecidos”, diz o comunicado da Marinha divulgado nesta segunda.
Ainda segundo a Marinha, foi acionada a estrutura do Salvamar Nordeste, que está coordenando a operação de busca e salvamento no litoral pernambucano, com o Navio-Patrulha (NPa) Macau, subordinado ao Comando do Grupamento de Patrulha Naval do Nordeste, e com a Aeronave H36 da Força Aérea Brasileira.
A Marinha também emitiu um comunicado de “Aviso aos Navegantes” para a comunidade marítima, para “ampliar a divulgação sobre o ocorrido e alertar as embarcações que estejam navegando em áreas próximas do ocorrido para apoiar nas buscas”.