Funpec identifica problemas em jazida utilizada na obra da engorda de Ponta Negra

Draga deve ser usada em obra de engorda da praia de Ponta Negra, em Natal — Foto: Kleber Teixeira/Inter TV Cabugi
Draga deve ser usada em obra de engorda da praia de Ponta Negra, em Natal — Foto: Kleber Teixeira/Inter TV CabugiObra de engorda na sexta-feira passada, quando foi iniciada na praia de Ponta Negra, em Natal — Foto: Pedro Trindade/Inter TV Cabugi/ARQUIVO

Por g1 RN — A Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (Funpec) identificou problemas nos sedimentos retirados da jazida utilizada na obra da engorda da Praia de Ponta Negra. O banco de areia fica a cerca de 7 quilômetros da costa de Natal, em frente ao Farol de Mãe Luiza.

A obra da engorda foi interrompida nesta segunda-feira (3), quatro dias após o início da execução, para que os sedimentos pudessem ser analisados de forma mais profunda em relação à quantidade e à qualidade.

A paralisação para o estudo do material deve durar pelo menos sete dias, segundo a Funpec, que foi contratada pela Prefeitura de Natal para auxiliar nos estudos da obra.

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“Nós identificamos alguns problemas com relação à jazida, que o material que estava chegando à praia, e pela coleta que nós fizemos, não é adequado para ser jogada na praia”, explicou o diretor da Funpec, Aldo Dantas, coordenador do estudo da engorda.

Segundo o diretor, os pesquisadores encontraram o que eles popularmente chamam de “cascalhos” nos primeiros sedimentos retirados.

“O que nós percebemos principalmente que no local específico onde a draga estava trazendo veio muito cascalho. E esse cascalho não é apropriado pra fazer a engorda”, disse Aldo Dantas.

O diretor explicou que a Funpec solicitou uma pausa para fazer uma análise de se a jazida é adequada para fazer a obra da engorda. O estudo vai analisar a qualidade e a quantidade do material. Segundo Aldo Dantas, caso seja um problema em algum ponto da jazida, o trabalho deve seguir utilizando sedimentos de outra parte dela.

“Se a jazida for ideal, a gente vai ver qual é a parte que está prejudicada, vamos dizer assim, que não é adequada. E se tiver uma parte que seja ideal, a gente continua nessa parte que seja a ideal, do material ideal”, explicou.

O diretor não descarta, no entanto, que outra jazida precise ser encontrada. “Se não for [ideal, essa jazida], a gente vai recomendar a prefeitura que faça uma prospecção para uma outra jazida”, completou o diretor da Funpec.

“Se a gente não tivesse preocupado com isso, a gente não faria esse estudo mais aprofundado. Existe, sim, essa possibilidade”.

O diretor-geral do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema), Werner Farkatt, disse que o órgão não foi comunicado da paralisação, nem do problema identificado.

“Lembrando que todos os pontos colocados pelo Idema estão nas condicionantes e, muitos desses estudos, que fazem parte das condicionantes, terão prazos para ser entregues. Na condição atual da licença não existe nenhum impedimento que faça com que a obra seja paralisada, não por parte do Idema”, explicou.

A Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal (Semurb) informou que não vai se manifestar sobre o posicionamnto da Funpec e vai aguardar a análise dos sedimentos.

A obra para a engorda da Praia de Ponta Negra, em Natal, teve uma suspensão nas atividades nesta terça-feira (3). A promessa da empresa DTA Engenharia e do Município era de que a obra ocorresse praticamente 24 horas por dia durante cerca de 3 meses, até a conclusão.

O secretário da Semurb, Thiago Mesquita, explicou na terça-feira (3) que a Funpec sugeriu a pausa para concluir a análise dos sedimentos que estão sendo retirados.

“Para que eles possam avaliar tanto o aspecto volumétrico quanto o aspecto relacionado à qualidade do material que será colocado na praia”, disse.

“Então, é um procedimento normal, faz parte do cumprimento das condicionantes do Idema e faz parte também da responsabilidade ambiental que o Município vai ter em colocar o material que tenha quantidade suficiente”, completou.

Em nota, a prefeitura de Natal explicou que isso não vai interferir no cronongrama de execução.

“A suspensão faz parte de um processo preparatório inerente ao projeto e não vai provocar retardamentos ao cronograma geral do aterro hidráulico”, informou o Município.

A DTA Engenharia informou que não vai, neste primeiro momento, se pronunciar sobre o assunto, mas garantiu que não houve nenhum problema com a draga.

O investimento inicial para a obra da engorda é de R$ 73 milhões, com previsão de duração de 94 dias.

A engorda prevê criar um aterro de cerca de 4 km entre a Via Costeira e o Morro do Careca. A previsão é de que a faixa de areia da praia fique com até 100 metros, na maré baixa, e com 50 metros na maré cheia, após o fim da obra.

A obra iniciou na semana passada após mais de um mês de impasse para a liberação da licença ambiental do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema), que foi reemitido no dia 13 de agosto.

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