Rogério, sobre aumento de R$ 1 mi de seu patrimônio: ‘Fake news’

Rogério: “A diferença entre valores se dá pela evolução no pagamento do financiamento e atualização dos valores dos bens” — Foto: Tânia rego / Agência Brasil

Por Agora RN — Envolvido em escândalos de corrupção e alvo em, pelo menos, cinco ações por crimes como lavagem de dinheiro, peculato e falsidade ideológica, o ex-ministro do Desenvolvimento Regional (MDR) e candidato ao Senado Federal Rogério Marinho (PL) teve um aumento de mais de R$ 1 milhão em seu patrimônio nos últimos quatro anos. Marinho declarou à Justiça Eleitoral ter R$ 1,984 milhão em bens, entre eles, um apartamento no valor de R$ 1,2 milhão.

Em reportagem publicada nesta quarta-feira 3, o Metrópoles apontou as declarações de bens apresentadas por Rogério Marinho ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entre as eleições de 2018 e de 2022. E mesmo se o ex-ministro não tivesse qualquer despesa e não gastasse nada neste período, o valor acumulado é maior do que a soma de todos os salários que ele recebeu durante os últimos quatro anos, quando ocupou os cargos de secretário especial da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia e ministro do Desenvolvimento Regional.

Há quatro anos, quando tentou reeleição à Câmara dos Deputados, sendo derrotado nas urnas, Rogério declarou ter um patrimônio de R$ 983,2 mil, dos quais R$ 437 mil eram referentes a um imóvel. Agora, quando pretende disputar uma vaga ao Senado, Rogério Marinho revelou possuir um patrimônio de R$ 1.984.482,76.

Depois de sair derrotado do pleito eleitoral de 2018, o candidato recebeu o convite do presidente da República Jair Bolsonaro (PL) para ser secretário especial da Previdência e Trabalho, dentro do Ministério da Economia. Marinho permaneceu à frente do cargo de janeiro de 2019 a fevereiro de 2020 e, à época, recebia remuneração mensal de R$ 17,3 mil brutos, conforme o levantamento do Metrópoles.

Já em fevereiro de 2020, Rogério assumiu o Ministério do Desenvolvimento Regional, onde permaneceu no comando da pasta até março de 2022, com um salário bruto de R$ 30.934,70. Porém, esse valor desce para R$ 22.696,45 quando são descontados o Imposto de Renda e a contribuição para o INSS.

Dessa forma, sem descontos, ele recebeu como ministro, aproximadamente o valor de R$ 866.171,60, somando-se também o décimo terceiro salário equivalente aos dois anos em que ocupou a pasta. Entretanto, quando são abatidos o INSS e o Imposto de Renda, a soma de dois anos de salário como ministro do Desenvolvimento Regional passa para cerca de R$ 635.500,60, contando com o décimo terceiro salário do período.

De acordo com o Metrópoles, “antes disso, o agora ex-ministro atuou como secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, com salário de R$ 17,3 mil. Enquanto esteve no governo, Marinho recebeu por um tempo um extra de R$ 21 mil para atuar como conselheiro do SESC. O ministro da Economia, Paulo Guedes, porém, cortou a regalia em outubro de 2020”, diz.

Levando- se em consideração os valores recebidos por Rogério como secretário especial e ministro do Desenvolvimento Regional, com os devidos abatimentos, o crescimento de seu patrimônio declarado ao TSE já é maior do que a remuneração recebida no período. No final das contas, é como se Rogério Marinho tivesse adquirido mais bens do que seria possível comprar com os salários que ganhou.

Ex-ministro é envolvido em diversas denúncias de corrupção

Rogério Marinho está envolvido em inúmeras denúncias de corrupção. Em 2012, quando foi candidato a prefeito de Natal e, de acordo com investigação da Polícia Federal, há indícios que na campanha, Marinho teria cometido crimes de falsidade ideológica eleitoral, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A Operação Manus apreendeu provas em uma produtora em Natal envolvendo o ex-ministro. As evidências indicam crime de Caixa 2.

Conforme denúncias publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, Rogério Marinho é acusado de envolvimento no escândalo do Orçamento Secreto, enquanto ministro do Desenvolvimento Regional, liberou dinheiro para a construção de um mirante turístico próximo a um terreno de sua propriedade na cidade de Monte Gameleiras, no Rio Grande do Norte.

O candidato também é ligado às acusações em torno do tratoraço, esquema cuja a pasta gerida por Marinho recebeu a maior fatia de recursos das emendas do relator, que destinou dinheiro do orçamento secreto para que deputados e senadores da base de apoio do presidente Jair Bolsonaro recebessem recursos públicos para a compra de equipamentos e máquinas agrícolas por preços acima dos valores da tabela fixada pelo próprio governo.

Segundo a Folha, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), estatal ligada ao MDR, que foi comandado pelo candidato, é palco de novo escândalo. A reportagem apontou que a estatal lançou, em 2020, licitação para aquisição de centenas de tubos de PVC voltada para desovar emendas parlamentares sem apontar a necessidade das compras, sem planejamento e superfaturada, conforme relatório da Controladoria-Geral da União (CGU).

Pesa também contra o currículo de Rogério o fato de ele ter, em 2016, votado a favor da PEC dos Gastos Públicos (EC 95), que congela os gastos com Saúde e Educação. E ainda tentou enquadrar os movimentos sociais na Lei Antiterrorismo, sendo defensor da reforma do Ensino Médio e do projeto Escola Sem Partido. Ele também foi relator da reforma trabalhista que alterou mais de cem artigos da CLT.

‘Basta analisar a lista de bens apresentados para perceber que a quantidade diminuiu’, rebate

Por meio da assessoria, Rogério Marinho negou as acusações de possível ilegalidade sobre o aumento de seu patrimônio e disse, “fake news! Meu patrimônio não aumentou nos últimos quatro anos, pelo contrário. O ex-ministro tinha dois imóveis a mais que se desfez nos últimos quatro anos”.

Disse que o aumento do valor se deve apenas ao fato de que seu apartamento em Natal passou por valorização, inclusive porque teve os pagamentos do financiamento realizados no período.

“Basta analisar a lista de bens apresentados para perceber que a quantidade diminuiu. Em 2018, eu tinha duas casas que não possuo mais, restam um terreno transformado em cotas e um apartamento financiado em 30 anos na Caixa Econômica, faltando 18 anos para quitá-lo. Além da dívida deste financiamento, possuo ainda algumas aplicações compatíveis com a minha renda. A diferença entre valores declarados entre 2018 e agora se dá unicamente pela evolução no pagamento do financiamento e pela atualização dos valores dos bens que eu já possuía”, diz a nota.