Lula foca discurso na fome e preço dos combustíveis em evento em Natal

O ex-presidente prometeu “abrasileirar” o preço dos combustíveis se voltar a ser presidente — Foto: Alexandre Lago

Por Novo Notícia — No fim da tarde e início da noite desta quinta-feira (16), milhares de pessoas participaram de um ato público organizado pelo Partido dos Trabalhadores e que contou com a presença do ex-presidente Lula, que fez a primeira visita ao Rio Grande do Norte na condição de pré-candidato à presidência da República. Entre outros assuntos, o líder petista deu destaque especial do seu discurso a problemas enfrentados hoje no Brasil, como a fome e o constante aumento dos combustíveis.

Lula chegou ao local do evento por volta das 19h, ao lado de aliados como o seu pré-candidato a vice-presidente, ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, a presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, os senadores Humberto Costa, do Pernambuco, e Jean Paul Prates, do RN, além das governadoras petistas Regina Sousa, do Piauí e Fátima Bezerra do RN.

Em seu discurso, Lula revelou que a sua motivação para vir a Natal neste feriado de Corpus Christi foi o convite feito pela governadora Fátima Bezerra para que ele participasse da 1ª Feira Nordestina da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Fenafes), realizada no Centro de Convenções de Natal. O ex-presidente disse que se interessou para participar e o assunto o levou a falar sobre a situação da fome, lembrando que quando assumiu a presidência pela primeira vez, em janeiro de 2003, teve como meta combater esse inimigo do brasileiro, que segundo Lula, é o mesmo desde quando ele deixou sua casa no interior nordestino.

“Como é que pode um país, que é o terceiro produtor de alimento do mundo, um país que é o primeiro produtor de proteína animal do planeta terra, como é que pode nesse país ter 30 milhões de pessoas passando fome? E como é que pode as pessoas irem no açougue para ficar na fila do osso, e como é que pode as pessoas ficarem pegando carcaça de frango para comer? Eu não consigo entender”, disse Lula, ao falar indignado sobre a situação da fome no Brasil.

Outro assunto que o petista colocou em pauta foi a situação da Petrobras e dos constantes aumentos dos preços de combustíveis no país, que comercializa o petróleo e seus derivados considerando o valor comercializado no mercado internacional, ou seja, em dólar. Ao falar sobre o assunto, Lula citou o senador Jean Paul, dizendo que ele é especialista em energias, e criticou a política de preços em prática na estatal brasileira, atribuindo a ela os altos preços nas bombas. Como sugestão para sanar esse problema, o ex-presidente prometeu “abrasileirar” os preços dos combustíveis caso volte à presidência, uma indicação de que pretende comercializar o combustível na moeda nacional.

Quem também teve oportunidade para falar aos presentes foi a presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann, que durante seu discurso ouviu dos presentes uma vaia quando ela citou a presença do ex-senador Garibaldi Alves Filho (MDB). De imediato a líder petista interviu e defendeu o ex-colega de Senado Federal, justificando que todos os que estavam no palanque tinham um objetivo em comum.

Fátima é contundente ao falar de alianças

A segunda a discursar foi a governadora do RN, Fátima Bezerra, que começou falando sobre a representatividade de Lula para o povo local. Em sua fala, a governadora também não deixou que os aliados que não são membros do PT, fossem desmerecidos, e foi contundente ao explicar porque estava caminhando junto a eles.

“Com o senso de reponsabilidade política, inspirada no que o presidente Lula fez – aliar-se a Geraldo Alckmin -, nós estamos fazendo aqui um movimento mais amplo. E trouxemos sim o MDB do deputado Walter para ser o nosso vice, trouxemos sim o ex-prefeito do PDT para ser o candidato ao Senado. É assim que se faz política. Para que a gente possa avançar, do ponto de vista que melhore a vida do povo, a gente primeiro precisa ganhar a eleição, para a gente tirar o Brasil das garras do fascismo, do autoritarismo que ele vive hoje sob a liderança do desastre que é o governo Bolsonaro, nós precisamos eleger Luís Inácio Lula da Silva presidente desse país”, disse a governadora Fátima Bezerra.

Alckmin explica o porquê de se aliar a Lula: o Brasil precisa

O pré-candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin também teve oportunidade para falar ao povo do RN, e aproveitou para iniciar suas palavras contando sobre sua visita à Feira da Agricultura Familiar, e citando um ilustre potiguar que ele lembrou ao ver a organização da Fenafes.

“Hoje eu fui à Feira Nordestina e constatei lá com convicção o que disse um grande conterrâneo de vocês, um grande potiguar: Câmara Cascudo. Ele dizia: ‘o melhor do Brasil é o brasileiro’. E nós vimos lá, presidente Lula, um povo trabalhador, criativo, alegre, unido através do associativismo, do cooperativismo, produzindo alimento, riqueza, artesanato”, disse o ex-governador Geraldo Alckmin, que aproveitou para completar: “esse é o Brasil que nós queremos, não o da ditadura, dos que têm saudade da tortura, que não acreditam no povo. O Bolsonaro quando diz que desconfia da urna eletrônica, ele não confia é no voto popular, porque sabe que não tem merecimento de um segundo mandato”.

Alckmin falou ainda sobre a sua união com Lula. Historicamente os dois praticaram uma política, até certo ponto antagônica, sendo inclusive adversários diretos, como nas eleições presidenciais de 2006, quando Lula foi reeleito enfrentando Alckmin no segundo turno. O ex-governador de São Paulo, deixou no início deste ano o PSDB, partido que ajudou a fundar, e deixou de lado a velha rivalidade para se aliar ao antigo adversário.

“Nós estamos juntos, presidente. Porque o Brasil precisa. O Brasil precisa do Lula para salvar a democracia. O Brasil precisa do Lula para voltar a crescer”, disse Geraldo Alckmin, companheiro de chapa de Lula.